A leitura abre portas à reflexão e também às discussões. Nos permite a construção de diferentes olhares e acima de tudo, permite-nos a ler e observar o mundo pelo olho dos outros. Hoje no Listas Literárias selecionamos algumas de nossas leituras que mostraram-se importante na discussão e reflexões acerca da existência negra numa sociedade ainda - e tragicamente - estruturada num racismo persistente. Confira 10 livros bacanas para se ler durante a Semana da Consciência Negra:
1 - O Avesso da Pele, de Jeferson Tenório: Uma das narrativas mais tocantes no tratar do racismo estrutural tão presente no Brasil. Numa prosa marcada pelo lirismo e pelo não cair em simplificações. Uma leitura impactante que certamente te fará ver as coisas de uma perspectiva conscientizadora. Você será atravessado pela leitura. Você não saíra igual depois de sair dela. Você entrará na leitura por diferentes razões ou buscas, e por um bom tempo você será a própria leitura. Você será no que você puder ser, Henrique. Você fechará o livro com a certeza de que algo precisa feito... + na Resenha
2 - Marrom e Amarelo, de Paulo Scott: Diz-se dos grandes romances que são capazes de propiciar diferentes entradas, leituras e interpretações ao texto. Temos estes ingredientes neste romance de Paulo Scott, que você pode observar pela abordagem lúcida, talvez por isso tão amarga, do racismo introjetado numa sociedade que teima em mascará-lo + na Resenha
3 - O pássaro do bom senhor, de James McBride: O livro busca tratar a sua maneira e com seu olhar a figura de John Brown, um radical e controverso líder abolicionista que lutou com armas contra a escravidão no país e realizou um fato divisor de águas para a campanha ao invadir e tomar um depósito de armas e munição em Harpers Ferry, evento que para muitos historiadores colaborou fortemente para a guerra civil que veio depois... + na Resenha
4 - A invenção das asas, de Sue Monk Kidd:O livro se passa num importante período da histórica americana, quando a luta pela abolição da escravatura além de chocar a elite sulista, também motivou grandes líderes daqueles tempos, como as irmãs Grinké, que neste trabalho de Sue Monk Kidd se apresenta na voz de Sarah, onde através do uso de passagens reais e a inserção da ficção proposta pela autora por meio da narrativa em primeira pessoa acaba dando vida para aquele período, como se jogasse o leitor numa máquina do tempo e o levasse até os anos 1805 a 1840... + na Resenha
5 - 12 Anos de escravidão, de Solomon Northup:o relato do negro liberto que se torna escravo, Solomon Northup, é arrebatador a tal ponto que impede que o leitor se desgrude de suas páginas; com uma lucidez impressionante o autor nos leva a acontecimentos inexplicáveis e que tanto envergonha a história da humanidade, expondo os fatos com clareza e esmiuçando os verdadeiros sentimentos dos escravos americanos... + na Resenha
6 - As cores do entardecer, de Julie Kublier: No livro somos apresentados a duas personagens muito fortes, a idosa Isabelle McAllister, branca e com um passado a ser revelado e Dorie, uma cabeleireira negra em que o presente cobra decisões e atitudes as quais serão influenciadas pela amizade e pela história de Isabelle. Uma narrativa tocante e denunciadora do racismo norte-americano... + na Resenha
7 - Aimó, de Reginaldo Prandi: Didático e bem elaborado, em Aimó Reginaldo Prandi pela síntese da ficção retoma seu trabalho de A Mitologia dos Orixás, apresentando a um público mais amplo, de de forma atrativa a riqueza cultural de matriz africana e sua contribuição para o Brasil... + na Resenha
8 - Fique comigo, de Ayòbámi Adébáyò: É destas narrativas que retratam não só as vidas que contam, mas também a cultura e os dramas de uma nação, suas contradições, incongruências e tragédias, e tudo isso construído pelos "pequenos" dramas humanos que a constituem. No caso de Akin e Yejide o drama e a tragédia são tão intensos quanto os da nação que rui ao pano de fundo de suas histórias... + na Resenha
9 - Tudo e todas as coisas, de Nikola Yoon: Nesse caso incluímos a obra pela relevância que é termos narrativas com protagonistas negras e negros. É um romance infanto-juvenil como qualquer outro, mas ao dar visibilidade e protagonismo a uma menina negra acaba sendo resistência. Além disso, é bastante divertido... + na Resenha
10 - Cidade de Deus, de Paulo Lins: Baseado em histórias reais e parte do material utilizado extraído de entrevistas feitas para o projeto "crime e criminalidade nas classes populares", Cidade de Deus de Paulo Lins deveria ser leitura obrigatória no ensino médio brasileiro, em nossas universidades, por sua atroz, bruta e realista perspectiva de uma realidade alarmante do país, numa obra que sem dúvida alguma deve estar entre as mais importantes e relevantes da literatura recente do país, um clássico contemporâneo e amargo de uma nação que existe em paralelo ao Estado, um ambiente em que a existência dá-se ainda pelas regras primitivas da humanidade e abandonada pelo restante de uma sociedade que desconhece o inferno da existência marginal e marginalizada e o qual não pode ser lido sem considerar o racismo estrutural que constitui as forças de poder nesse país... + na Resenha