10 Considerações sobre Com Sangue, de Stephen King o sobre a popularidade do mal

O Blog Listas Literárias leu Com Sangue, de Stephen King publicado pela editora Suma; neste post as 10 considerações de Douglas Eralldo sobre o livro, confira:


1 - Com quatro contos reunidos no livro, Com Sangue enfia os pés no sobrenatural e concentra-se em dois temas que mais ou menos centralizam as angústias nesta obra, a morte, mas, acima de tudo, também a popularidade do mal, especialmente no caso do conto que dá título ao livro. Em suma, é um livro de terror com os assuntos e pautas do mais tradicional horror;

2 - O livro abre com o conto (diga-se aqui que são contos mais extensos) O Telefone do Sr. Harrigan. Nele uma espécie de Conto de Natal, já que há algo de Scrooge em Sr. Harrigan (mas não muito). O exótico endinheirado acaba estreitando amizade com o jovem Craig, que no conto narra a estranha jornada em primeira pessoa. Conta de sua relação profissional com Harrigan, descreve o perfil do homem que ao morrer mais que uma herança, lhe concederá certos desejos. O conto, para além das questões éticas, ou primitivos conceitos de justiça parte de uma premissa do contato inicial das pessoas com os smartphones;

3 - É um Iphone que garante a Craig a desconfiança de talvez poder se comunicar com o velho amigo do outro lado de lá. De se exclamar das injustiças de vida e crer na força e poder de Harrigan, em vida conhecido por ser um tanto perigoso com os quebravam sua compreensão de ética. Era um homem justo. Neste sentido, o horror constrói-se, então, a partir da premissa do quão fundo podemos ir na busca por aplacar essa dor da injustiça? É o que Craig viverá em sua insólita relação com seu fantasma particular;

4 - Já em A vida de Chuck temos talvez a mais complexa das narrativas no interior da publicação. A morte em seu processo de degradação e apagamento, nosso apocalipse particular é trazido por King de uma forma imagética bastante forte; Aliás, o forte deste conto é justamente o poder de suas imagens e a forma como o autor observa a morte;

5 - No caso, o conto parece-nos tentar trazer esta morte de dentro pra fora, entretanto, a partir da ideia que cada um de nós é um mundo, um do completo e complexo. Não pra depreciar, mas para termos noção do que King faz no conto, é meio que um Divertidamente no que se refere à perspectiva e ambientação do conto, e de que modo esse ambiente começa a apresentar suas falhas (falhas na matrix) até o desplugamento da tomada. É um conto que tem seu poder, sem dúvidas;


6 - Em Com Sangue, Stephen King constrói história própria para Holly Gibney, personagem de Mr. Mercedes. O conto parte do olhar do autor sobre a natureza um tanto rapineira do comportamento humano; ele inclusive cita uma velha máxima do jornalismo de que qualquer coisa com sangue vende. É a partir dessa popularidade da tragédia que ele ergue a narrativa;

7 - Pode-se dizer que é um conto bastante característico de King, aqui já mais afastado da narrativa policial, para notadamente ser uma história de horror. Contudo, o que talvez se precise discutir esteja na implicação de transferir a maldade humana para uma entidade sobrenatural a sobreviver da dor alheia. A metáfora nesse caso parece abrandar a monstruosidade de quem explode uma escola, que comete assassinatos em massa, etc. Todavia, é com o que Holly lida, e aqui o reforço de algo presente em O telefone do Sr. Harrigan, o justiçamento pelas próprias mãos;

8 - O conto que encerra o livro talvez seja o mais tradicional das histórias de horror - aliás, inclusive na estética fortemente calcada numa literatura fantástica por Todorov. No conto, Drew é um professor que teve contos publicados, mas com uma relação um tanto conturbada com os romances quando uma nova ideia chega e ele se retira a uma caba erma para escrever. A partir daí temos um mergulho nas tradicionais tramas do bom e velho pacto com o Diabo, o que não é aleatório pois as referências pululam durante o conto. No final das contas, o que Drew estaria disposto para conseguir concluir a porra de um romance?

9 - Como dito, o sobrenatural é clássico neste conto [e ficamos até curiosos por ler o faroeste escrito por Drew], com toda aquela pegada da suspensão do que é real ou não; mas, acima de tudo, é também um conto metaliterário, pois traz um bocado das concepções de escrita e os desafios da escrita de um romance, de uma narrativa longa, o que amplia as possibilidades de interesse no conto;

10 - Enfim, ler Stephen King é mais ou menos como ouvir novas canções do AC/DC. Quanto mais elas se repetem e quanto mais se parecem uma música do AC/DC, mais o público [eu, incluso] deseja ouvir. É um pouco do que ocorre com King, esse prolífico arauto do horror e do medo. Os contos de Com Sangue repetem muitas cenas e temas que não cessam em sua obra, dos tantos acidentes rodoviários aos contatos com o além, mesmo assim é justamente o que esperamos quando o lemos. Assim, temos contos bem interessantes pra nos entreter nesta obra.

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