O Blog Listas Literárias leu Lutar - A Ruptura dos Reinos, dos irmãos The J's publicado pela editora autografia; nestes post as 10 considerações de Douglas Eralldo sobre o livro, confira:
1 - Lutar - A Ruptura dos Reinos mistura diferentes ideologias numa nova saga de literatura de fantasia nacional e que tem em seus personagens e no seu enredo elementos característicos do gênero, com sua trama marcada pela imbricações políticas e pelas lutas pelo poder. Entretanto, há detalhes na obra que demandam observações mais críticas;
2 - No universo de Lutar, diferentes reinos como dos vikings, cavaleiros, mulaicas, anões, entre outros, vivem com certa estabilidade e por meio de acordos que até então têm conseguido manter certa harmonia entre eles, de modo que este primeiro livro irá justamente tratar de eventos que levarão à ruptura entre aliados e a ascensão de novos poderes;
3 - Neste sentido, vale dizer que a obra dividi-se com certo equilíbrio entre ação e desenvolvimento de sua trama política, o que é um dos valores positivos do trabalho dos irmãos J's, contudo, talvez não suficiente para avançar para além de seus determinados problemas, ou então visões um tanto questionáveis do interior desta ficção;
4 - Quero dizer com isso que talvez fruto destes novos tempos, notas xenófobas constroem toda quase toda a estrutura social, o que não seria problema em virtude da própria ambientação da obra, porém, sua narrativa em terceira pessoa parece convergir para o ambiente, e isso causa estranha sensação no leitor de concordância para com todos os problemas morais no universo ficcional. Logicamente aqui pode-se cometer engano por virtude de ser a primeira obra de uma série e talvez essa aparente concordância com os elementos xenófobos venham a ser superados na sequência dos livros;
5 - Aliás, talvez esteja no narrador do romance o principal problema da publicação. Ao se diferir da grande maioria dos narradores de fantasia, o contraste torna-se ainda menos favorável. Acontece que o narrador está em tempo presente aos acontecimentos, narra com os verbos neste tempo, no tempo das histórias ainda não vividas. Leitores assíduos do gênero provavelmente concordam que para a fantasia, a narração realizada com os fatos já vividos dá força épica às histórias e tenho a impressão que valorizam o grande feito do herói. Isso se perde nesta obra, além de deixar um tanto truncada a leitura;
6 - Além disso, o estilo estético escolhido pelos autores quebra um bocado a literalidade do texto, pois caminha por muitos momentos pelos terrenos do descritivo, especialmente para falar da história ou das características físicas dos personagens, de modo que o poder conotativo do texto acaba parecendo tênue demais perante às necessidades literárias;
7 - Do mesmo modo a tentativa de trazer diferentes mitologias para dentro de seu respectivo universo funciona com certa harmonia até o momento em que o cristianismo católico avança entre vikings e elfos. Por que penso que isso é um problema? Simples, a partir do cristianismo dá-se a morte de tantos e diversos deuses que fica complicado observá-los numa mesma relação, como ocorre na obra, e pior sem que hajam grandiosos conflitos entre as diferentes filosofias. A questão é tão arriscada que dificilmente veremos Cristo nas obras fantásticas, sendo que as melhores metáforas evangelizadoras (ainda que possamos não concordar com a escolha) surgem, por exemplo, nas Crônicas de Nárnia, cujo cristianismo vem por meio da alegoria;
8 - Todavia, feitas tais críticas junto com alguns escorregões em termos que talvez não fizessem muito sentido numa fantasia medieval, Lutar é contudo um projeto esmerado e de bom domínio de escrita por parte de seus autores, que em termos de teia dramática conseguem desenvolver um projeto razoável;
9 - Ademais, a narrativa imbrica-se pelas manhas e artimanhas dos grandes poderes, nas lutas, nas vinganças, elementos presentes no gênero, além de partir para os elementos fantásticos, como dragões e elfos, que se não nos trazem novidades, o surgem de forma peculiar e com a originalidade necessária;
10 - Enfim, Lutar - A Ruptura dos Reinos possui certas fragilidades que podem saltar às vistas de seus leitores, especialmente aqueles habituados a diferentes e vastos universos fantásticos. Talvez seu pecado maior seja sua literalidade um tanto suave em demasia, mas ao final, seu conjunto apresenta elementos que possam avançar nas próximas sequências.
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