10 Escritores suspeitos de realizarem pacto com o Diabo

Muito comum quanto os astros atingem os mais altos graus da galáxia, especialmente as feras do rock and roll, é o povo desconfiar que ali tem, tem trato com o timba, com o bode-preto, com o tinhoso, o coisa-ruim, que-não-diga, o demo, o Diabo. No post de hoje selecionamos 10 escritores que volta e meia são vistos como suspeitos de ter tratado como Próprio, com o Cujo. Confira 10 escritores suspeitos de realizarem pacto com o Diabo:

1 - Johann Wolfgang von Goethe: É impossível começar com outro nome. Goethe escreveu a obra definitiva sobre o tema, Fausto, a história do erudito que vende a alma ao demônio Mefistófeles em troca de conhecimento e prazeres. A obra é tão profunda e psicologicamente precisa que a lenda diz que Goethe não a inventou, mas sim a transcreveu de fontes muito, muito obscuras. Biografias como "Goethe: The Poet and the Age" de Nicholas Boyle detalham sua participação em círculos esotéricos, incluindo o Rosacrucianismo e os Illuminati da Baviera. Críticos da época, como os do movimento "Sturm und Drang", viam em Goethe um gênio "Titânico" ou "Prometeico", que ousava roubar o fogo dos deuses (ou do inferno). A suspeita nasceu de seu gigantismo intelectual;

2 - Christopher Marlowe: Antes de Goethe, o dramaturgo inglês Christopher Marlowe chocou a Londres elisabetana com sua peça A História Trágica do Doutor Fausto. Marlowe era uma figura rebelde, acusado de ateísmo e heresia. Sua morte prematura e violenta só alimentou os rumores de que sua alma havia sido cobrada pelo próprio Diabo, assim como a de seu personagem. Neste caso, as acusações são históricas e bem documentadas. A biografia investigativa "The Reckoning: The Murder of Christopher Marlowe" de Charles Nicholl explora as evidências de que Marlowe não era apenas um dramaturgo, mas também um espião do governo. Mais importante, ele foi formalmente acusado de "ateísmo" e de propagar ideias heréticas por um informante. O chamado "Baines Note", um documento que listava suas blasfêmias, foi entregue às autoridades pouco antes de sua morte. A lenda do pacto é uma dramatização de uma perseguição política e religiosa bem real;

3 - João Guimarães Rosa: Vejamos que até aqui temos trazidos autores que de certo modo tratam do tema, o que, diante de uma sociedade que não raro tem até medo de falar no Coisa Ruim, o fato de os destemidos adentrarem esta seara, não raro podem ser vistos como pactários. No caso desse grande nome da nossa literatura, em Grande Sertão: Veredas, o protagonista Riobaldo narra sua jornada até uma encruzilhada para fazer um pacto com o "Cujo" e ganhar a coragem de que precisa. Ele passa o resto do livro obcecado pela dúvida: o pacto realmente aconteceu? Mas seria o próprio Rosa um pactário. Talvez a principal acusação de Rosa ser um pactário venha neste romance de Diogo Rosas G. em que de certa forma vê Grande Sertão como um manual ocultista para invocação do demônio;

4 - Salman Rushdie: Não estamos dizendo que há acusações de que ele tenha pactuado, mas essa talvez seja a menor das questões, pois seus perseguidores é como se fosse o mesmo. Acusado de blasfêmia por seu Versos Satânicos, o autor, na contemporaneidade, é certamente o maior exilado da literatura, já que sua vida desde a publicação do livro corre risco após o aiatolá Khomeini (sim, o mesmo agora cheio dos cabum com os americanos) emitiu uma fatwa contra o autor. Foram décadas de mudanças e fuga, e em 2022 um extremista quase levou a cabo a fatwa golpeando Rushdie no olho;

5 -  Edgar Allan Poe: A vida trágica de Poe e sua obra obcecada pela morte, o macabro e a loucura criaram a imagem de um homem torturado por forças ocultas. O pacto, aqui, seria a explicação romântizada para sua genialidade sombria: ele teria trocado sua felicidade e sanidade por uma inspiração vinda diretamente das trevas. Biografias como "Poe: A Life Cut Short" de Peter Ackroyd exploram como a lenda de Poe como um gênio torturado e maldito foi construída pela crítica póstuma.;

6 - Dante Alighieri: Se não fez um pacto, no mínimo sua viagem pelo Inferno na Divina Comédia é tão detalhada, tão arquitetonicamente perfeita, que muitos contemporâneos e leitores posteriores se perguntaram como um mero mortal poderia conhecer a geografia do além com tanta precisão. A acusação é de que ele não imaginou o Inferno, ele o visitou. Giovanni Boccaccio, o primeiro biógrafo do autor em sua obra "Vida de Dante", relata uma anedota famosa. Conta-se que, em Verona, Dante ouviu duas mulheres cochichando ao vê-lo passar: "Olhe para aquele que vai ao Inferno e volta quando quer, e traz notícias de lá de baixo". Assim certa lenda nasceu da percepção de seus contemporâneos de que a vivacidade e o detalhe de sua descrição só poderiam vir de uma testemunha ocular;

7 - Paulo Coelho: O escritor brasileiro que mais vendeu livros em todos os tempos sempre esteve às voltas com o místico e o mistério. Em algum momento ele próprio vendeu-se como O mago (Aliás, Fausto também assim o era visto). Na biografia de Fernando de Morais há alguns relatos da relação ou aproximação do autor com o satanismo (hoje aparentemente distante). Ocorre que volta e meia ouviram-se burburinhos da relação do autor - também de seu companheiro letrista Raul Seixais - com o demo. Noves fora, noves dentro é que nenhum outro autor brasileiro chegou onde ele chegou e seus números são impressionantes;

8 - William Blake: Blake não foi acusado de um pacto; ele praticamente admitiu ter conversas regulares com anjos e demônios. Em sua obra-prima O Casamento do Céu e do Inferno, ele escreve "Provérbios do Inferno" e argumenta que a energia (associada ao Diabo) é a verdadeira força da vida. Sua familiaridade com o sobrenatural era, para ele, um fato. O livro "The Stranger from Paradise: A Biography of William Blake" de G. E. Bentley Jr. documenta extensivamente as visões de Blake e como elas eram vistas como um misto de genialidade e loucura por seus contemporâneos;

9 - Mary Shelley: Podemos perceber que a genialidade humana, de modo geral, incompreendida, muitas vezes é associada ao Diabo. Bem, talvez alguns escritores estejam corretos que seja ele o deus da criatividade e do conhecimento, já que qualquer pessoa que crie algum momunental é colocada ao seu lado. No caso de Shelley, o ensaio "A Louca no Sótão" (The Madwoman in the Attic) de Sandra Gilbert e Susan Gubar, um marco da crítica feminista, analisa como a criatividade de mulheres como Shelley era vista como monstruosa e "diabólica" por uma sociedade patriarcal incapaz de compreender as possibilidades das mulheres;

10 - Lord Byron: O poeta romântico era o rockstar de sua época: escandaloso, desafiador e irresistivelmente charmoso. Foi descrito como "louco, mau e perigoso de se conhecer". Sua aura de melancolia e rebeldia, e seus heróis "byrônicos" que flertavam com o proibido, levaram a sociedade a associá-lo a uma figura luciferiana.


Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem