10 Considerações sobre O cabeleireiro de Pelotas e os marcianos ou Scooby-Doo, meu filho, cadê você?

 Nas minhas atividades docentes tenho tido de ler um pouco mais de narrativas infantis e juvenis, obras que muitas vezes circulam quase que apenas em escolas. Resolvi começar a comentar algumas delas, começando por O cabelereiro de Pelotas e os marcianos, de Lourenço Cazarré; neste post as 10 considerações de Douglas Eralldo sobre o livro, confira:


1 - Caricato e divertido, O cabelereiro de Pelotas e os marcianos é pura aventura, especialmente para aventureiros que costuma olhar para o céu procurando por naves e coisas estranhas. Ambientado na região sul do Rio Grande do Sul, ou seja, em Pelotas e suas cercanias, é ainda uma narrativa geográfica que trata destes fundões do país;

2 - Na trama, ambientada certo tempo atrás, um jovem curioso acaba indo trabalhar no jornal da cidade e logo deparando-se com uma série de eventos estranhos e ufológicos que atiçam os medos e as curiosidades do povo local: estranhas aparições de naves alienígenas pela zona sul do estado;

3 - O jovem fã do jornalismo então começa a investigar os casos, tendo como ajuda a palavra do especialista, no caso o cabelereiro bufão cuja fala dá-se quase que unicamente por meio de ditados populares, que tudo sabe de eventos ufológicos; iniciada a aventura, tudo então se torna um grande frenesi;

4 - O livro em sua velocidade narrativa é típica aventura ao público que se destina. Ação constante e a permanência do suspense e do mistério que envolve tais casos numa jornada ao melhor estilo da turma da Máquina Mistério com Scooby-Doo e Salsicha, o que torna a leitura bastante divertida;

5 - Mas para além da aventura há pequenas insinuações ou metadiscussões que podem ampliar o interesse pelo livro, como a maneira jocosa - nisso de certo modo crítica - à própria feitura do jornalismo, vista na postura do editor O. Salvador;


6 - Aliás, O. Salvador é uma boa caricatura do editor de jornal "raiz". Algo como vemos, por exemplo, em J. J. Jameson em Homem-Aranha. Mas para além dessa caricatura, o modo como o jornal é produzido e consumido pela população não deixa de trazer interessantes reflexões;

7 - Ainda no campo da caricatura a natureza literária do personagem cabelereiro é interessante com seu uso dos ditados populares, que ao mesmo tempo o torna um tanto único, como reforça o intertexto popular havido em um bombardeio de de provérbios que de modo ou outro tratam de como a massa - nesse caso uma massa pampeana - lida com determinadas compreensões;

8 - Do mesmo modo o protagonista, o jovem repórter traz a curiosidade juvenil pincelada com certa dose de idealismo, como podemos ver em seus compromissos éticos que não raro confrontam com a postura do editor. Ainda assim é um aprendiz que entra num jogo que nem sempre compreende bem as regras, mas joga-o com sucesso, já que suas reportagens fazem sucesso;

9 - Tudo isso significa dizer que é curiosa e divertida leitura capaz ainda de retratar certa cartografia. Para quem gosta de tramas ambientadas em espaços nem sempre presentes em nossa literatura, essa é uma boa pedida para passear pela geografia do sul do sul do país;

10 - Enfim, para uma leitura descompromissada e como porta de entrada a novas aventuras, O cabelereiro de Pelotas e os marcianos é capaz de nos tirar uma boa dose de risadas e ser um momento bem relaxante. Tem o espírito da aventura e combustível da curiosidade que pode colaborar com a intimidade com a leitura para jovens leitores.

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