O Blog Listas Literárias leu Manjedoura, de Sandro J. A. Saint publicado pela editora Lexia; neste post as 10 considerações de Douglas Eralldo sobre o livro, confira:
1 - Ficção apocalíptica marcadamente influenciada pelos quadrinhos, entre seus altos e baixos, o que fica é o potencial criativo da narrativa e imagético do autor, capaz de imaginar um mundo bem interessante, caso consiga o leitor saltar por sobre alguns problemas técnicos da edição;
2 - Tratemos inicialmente dos problemas, então. A obra carece obviamente de uma revisão mais apurada. São muitos os elementos linguísticos que demandam tal revisão, como a correção da pontuação especialmente em vocativos, e elementos de concordância verbal e nominal. Tais problemas surgem demasiadamente, o interessante é que mesmo com eles, nos impulsionamos seguir a leitura; ponto para a narrativa;
3 - Em parte, possivelmente isso ocorre porque percebemos ainda aquela explosão crua da vontade de escrever uma história ante a necessidade de aprimorar um pouco mais a técnica e os estilo. Parece o caso de Sandro, cujo estilo está em construção, por isso os titubeios de estilo que se refletem especialmente na linguagem e em seus verbos, tempos e modos;
4 - De certo modo parece-nos que o autor imaginou uma HQ, contudo experimentou-a em prosa narrativa. Todavia, a narrativa em prosa tem suas peculiaridades e suas características próprias que exigem, especialmente, amplo domínio de uma escrita normativa. Sandro está no caminho e uma boa revisão teria ajudado sua publicação;
5 - Dito isto, podemos observar os elementos interessantes de sua narrativa. De todo, não há problema a tentativa de transpor a linguagem dos quadrinhos para o romance, novela ou conto. Em certa parte o autor até consegue isso, marcando sua ação de forma dinâmica, fluída e ágil, tal como nos quadrinhos. Como nos quadrinhos temos também uma estruturação um tanto episódica dos acontecimentos;
6 - Todavia, parece-nos a maior virtude da obra, seu conceito. Sua ideia. Num futuro apocalíptico pós-guerra a espécie humana está um bocado diferente. Uma elite integrante de uma cúpula lega ao restante da humanidade, os White Mouses os subsolos e as regiões inabitáveis de um Planeta Terra que agora mais se parece a algum planeta de Duna ou outras construções da ficção científica;
7 - Aliás, vale dizer que é possível encontrarmos muitas referências ao gênero neste trabalho. H. G. Wells, por exemplo. Mas certamente o cenário, os personagens e criaturas existentes na narrativa nos levarão a um Duna, ou mesmo a própria saga Star Wars. Nesse sentido é que reforço que a ideia parece-nos bem interessante, talvez até mais propícia aos próprios quadrinhos, talvez;
8 - Mas de todo modo a narrativa é bastante visual. Os cenários são um tanto convincentes e de fato nos transportamos a esse universo degradado em em vias de uma nova batalha pela sobrevivência, afinal, as guerras não parecem cessar;
9 - Outra aproximação dos quadrinhos é a constituição de seus personagens. Não apenas pelo reforço descritivo mas a própria forja destes em modelos heroicos e guerreiros, embora cada qual com seus nuances. Aliás, os personagens reafirmam a influência da banda desenhada no imaginário do autor;
10 - Enfim, entre seus altos e baixos podemos reafirmar que há potencial na criatividade do autor. Esta sua primeira publicação, Manjedoura é imaginativa e criativa, pecando pelo estado bruto de escrita e edição, de modo que com um pouco mais de orientação e aprimoramento e revisão do texto, teríamos uma narrativa das mais interessantes em nossa ficção científica.
Eu fico muito agradecido pela resenha do livro. Obrigado mesmo, vocês ajudaram bastante. Ela vai pirar quando vê.
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