10 Considerações sobre Leonardo da Vinci e Os Sete Crimes de Roma, de Guillaume Prévost, ou sobre as mil facetas de um gênio

O Blog Listas Literárias leu Leonardo da Vinci e Os Sete Crimes de Roma, de Guillaume Prévost publicado pela editora Gutenberg; neste post as 10 considerações de Douglas Eralldo sobre o livro, confira:

1 - Com o ritmo e a agilidade dos thrillers contemporâneos, mas levado ao ambiente de um renascimento um tanto já desgastado em que habita o misterioso personagem do mundo, Da Vinci, o romance alia instigantes personagens históricos a uma narrativa cheia de ação e movida, claro, por mudanças inesperadas, como espera-se do gênero;

2 - Para tanto, Prévost constrói sua narrativa ficcionalizando o período em que Da Vinci esteve morando por Roma, já nos estertores de sua carreira, e num período lembrado por intrigas e pela sua expulsão da cidade. O romance dá-se nos anos de 1514, a partir de uma série de assassinatos que agitarão as altas esferas do poder em Roma e que unirão duas figuras insólitas, Da Vinci e o jovem estudante de medicina, mas por hereditariedade com dotes para a investigação, Guido Sinibaldi que desenvolverão uma investigação paralela do que se parece um assassinato em série;

3 - Os crimes, além de bárbaros, ao avanço da investigação, insinuam deixar mensagens de ligações secretas com ou o poder ou com a religião, que àquela época, significava a mesma coisa. Guido e Da Vinci percorrerão os caminhos secretos de Roma e estarão muito próximos ao Papa Leão X, a que a resolução de tais mistérios tem de ser fundamental para sua permanência no poder;

4 - A bem da verdade, o autor acaba com sua ficção tecendo alternativas com as possibilidades históricas e as conturbações daquele período de grandes conflitos e que antecederam a Reforma. Prévost brinca com com as lacunas e instiga os ideólogos das conspirações a deleitarem-se com diferentes possibilidades, relacionadas não somente com os eventos do poder, mas relacionado à parte final da vida de Da Vinci;

5 - Aliás, o romance, aproveitando-se da gênese do thriller joga com essas alternativas e com isso tece sua cadeia de possibilidades que para a narrativa policial são relevantes. Isso significa que a leitura conseguirá de certo modo surpreender os leitores, até porque em boa parte da leitura somos levados a crer estarmos muito próximos de uma famosa obra do gênero no cinema, o que quase frustra-nos por um momento, entretanto, embora havendo tal proximidade, quando as motivações dos crimes vem à tona, levam a obra para seu próprio universo;

6 - Além disso, a narrativa assume-se como trama policial especialmente pela voz de seu protagonista e narrador Guido Sinibaldi, que rememora a trama quarenta anos após os acontecimentos, como que se necessitasse revelar uma verdade obscura. Sinibaldi encarna os detetives clássicos da literatura, mostrando-se virtuoso, curioso, e com bons pendores dedutivos, como se verificará com o desfecho da narrativa;

7 - Aliás, do contrário do que faz parecer tradução do título que aproveita-se da popularidade do nome de Da Vinci, cabe ao narrador Guido Sinibaldi o pleno protagonismo da narrativa, cabendo à figura histórica uma espécie de coadjuvante luxuoso, mas indispensável a abrir as portas à Sinibaldi, não só para a investigação, mas para as altas esferas romanas. Todavia este é um contraste que talvez fique mais em evidência pelo título traduzido, já que originalmente o nome do pintor não está presente no título em francês;

8 - Do mesmo modo, vale dizer que aqui a história é dobrada e desdobrada pela ficção, surge muito mais como fundo de uma ambientação alternativa, mas em que podemos reconhecer importantes figuras e caminhar pelas lacunas que os tempos nos deixam, sendo entretanto em sua plenitude, narrativa policial em que por acaso temos pintores famosos, papas e cardeais mergulhados em eventos alternativos (ao menos não comprováveis) da história;

9 - Assim, o ambiente sempre imaginativo do período permite que a narrativa desenvolva-se com o dinamismo esperado pelo gênero, que de modo geral apresenta-se bem articulado, com as devidas amarrações, e debalde lança suspeitas às esferas poderosas de Roma, que como palco da narrativa funciona também com grandes resultados;

10 - Enfim, Leonardo Da Vinci e Os Sete Crime de Roma é bom entretenimento, é leitura divertida e descontraída unindo literatura policial e uma atmosfera perfeita para um mergulho no crime e nas perturbações sociais.



Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem