10 Considerações sobre O Mosaico, de Nikolai Streisky ou como dar uma olhada no futuro

O Blog Listas Literárias leu O Mosaico, de Nikolai Streisky publicado pela editora Chiado; neste post as 10 considerações de Douglas Eralldo sobre o livro, confira:

1 - O Mosaico é uma interessante reunião de contos que nos apresenta a um promissor autor do gênero que sabe o que está fazendo e o faz com boa qualidade, especialmente para leitores exigentes e carentes de ficção científica de qualidade, que é o que se encontra na maioria dos contos do livro, especialmente em sua primeira parte;

2 - O livro é na verdade material raro a encontrarmos entre auto publicações pois revela-se complexo e inteligente, do tipo de obra que a cada nova leitura ampliará nossas percepções a respeito de suas narrativas onde habitam personagens peculiares e de identidade própria sem que não se percam as referências às quais o próprio autor confessa e anuncia;

3 - É por assim dizer uma obra inteligente que remete a grandes nomes do gênero, como Asimov, por exemplo, ou o próprio Lovecraft porque guardadas logicamente as proporções, Streisky cria um universo bastante autoral e de trama intrincadas e complexas que mexem com as percepções sensoriais e temporais de seus leitores;

4 - Além disso, vale ressaltar a característica acadêmica dos seus melhores contos, que são narrados coma presença de citações, referências e intertextos que surgem de forma muito natural e que dão o ar peculiar e original aos contos, sem falar que reforçam o caráter inteligente e intelectual dos contos;

5 - E isso não quer dizer que não encontremos elementos populares nas narrativas, pois ali estão a adrenalina da aventura, o suspense e os mistérios do gênero e a ambientação que exala perigo, elementos que completam a leitura aliando intelectualidade diversão num mesmo texto;

6 - Diante disso, poderia dizer que certamente entre os melhores contos da seleção estão O Mosaico e O Lógico, duas histórias que inclusive se intercalam e que refletem as principais qualidades do autor numa escrita segura e com personagens e ambiente que se destacam aliando distopia às clássicas histórias de detetive que de certo modo fez-me lembrar a antologia editada por George R. R. Martin, Ruas Estranhas. Sem exagero algum estes contos poderiam estar lá.

7 - Ainda na primeira parte o conto O Imperador Rubro e o Signo Amarelo é outro conto a ser lido com atenção e dedicação pois trata-se de uma excelente narrativa que brinca com o tempo e o cosmos de forma muito original e inteligente como o fazem os grandes contos do gênero;

8 - Dividido em duas partes, a segunda metade de livro é dedicada a textos da juventude do autor (que aliás ainda é um jovem), ali textos mais dispersos e que versam por uma variedade maior de temas, e ainda que percebamos a natureza principiante dos trabalhos ali já vemos uma escrita bem feita; 

9 - Além disso, os textos da segunda parte são também um pouco mais fluidos quanto ao gênero sendo que muitos estão mais perto da crônica do que dos contos e que acima de tudo expressam a a vontade de uma juventude que quer se expressar, colocar no papel seus sentimentos;

10 - Enfim, O Mosaico é uma grata surpresa e que vai agradar tanto a leitores exigentes como quem procura tão somente por uma aventura cósmica permeada de mistérios e horrores. É portanto uma estreia promissora e um nome da ficção científica a ficarmos de olho.



Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem