10 Perguntas Inéditas para Affonso Solano


















Autor de um dos recentes sucessos do mercado editorial brasileiro, cujas seções de lançamento estavam sempre lotadas, hoje Affonso Solano, autor de O Espadachim de Carvão (avaliação aqui), participa da seção 10 Perguntas Inéditas, onde ele fala de seu livro, e também do ofício de escritor. Espero que curtam! Ah, talvez possa haver spoilers nas perguntas e suas respostas, portanto siga sua leitura por conta e risco.

1 - O Espadachim de Carvão traz um protagonista um tanto raro na literatura, pois é um negro, que aliás acaba passando a mensagem de ser a união de todas as espécies de Kurgala. Dá pra falar um pouco mais sobre isso, e essa interessante escolha?

Eu precisava criar um personagem que - dentre a pluralidade de espécies de Kurgala - se destacasse, para que o tema "preconceito" ficasse evidente. Apesar dele não ser de fato "afro descendente", a cor de pele absolutamente negra faz a alusão ao preconceito, é claro, mas também serve como forma de transformá-lo em algo misterioso e - para alguns - falsamente ameaçador de alguma forma.

2 - Aliás, por Adapak ser negro, e acabar ganhando a alcunha de "carvão" você não chegou a temer a repercussão entre os que surfam na onda do politicamente correto?

Não me preocupei com isso exatamente porque o Adapak não é sequer humano (e há humanos negros em Kurgala, um dos personagens principais do livro inclusive). Fora que a metáfora do carvão é utilizada com orgulho dentro da comunidade negra, principalmente na música. Se alguém implicar com isso, só vai estar evidenciando o próprio racismo, acredito.

3 - Um pouco de curiosidade sobre a vida de autor. O quê faz você se levantar da frente do computador e interromper a escrita de um capítulo que estava ficando "show de bola"?

Quando estou escrevendo uma cena bacana, só consigo parar depois de terminá-la, como se estivesse assistindo um filme! Ou então quando o sono chega... Não consigo escrever cansado! :)

4 - Na minha concepção vi Kurgala como uma espécie de "Star Wars" com "Senhor dos Anéis" banhado com elementos de romances de espada e magia, num casamento que criou algo bastante original. Como foi seu encontro com a criação dos monstros e criaturas de O Espadachim de Carvão?

É uma boa analogia, concordo. Kurgala possui essa pluralidade por uma razão, e ter certeza de que cada espécie funcionasse dentro da dinâmica do mundo era uma das prioridades. Tenho uma pasta para cada espécie, com desenhos e textos sobre as características físicas e culturais que pretendo publicar no próximo volume do livro - é algo que os leitores estão pedindo MUITO.

5 - Mudando um pouco de assunto, diz aí como é participar de sessões de autógrafos absolutamente lotadas?

Quem já participou dos eventos (tanto do MRG quanto do livro) sabe que fazemos questão de conversar um pouco e tirar foto com cada pessoa - não que seja simplesmente uma forma de agradecer, mas a sensação que temos é a mesma do ouvinte/leitor: a de que estamos falando com um amigo de longa data. Sei que a comunicação do podcast/livro é 90% unilateral, mas acho que colocamos tanto de nós no material que produzimos que o público cria um vínculo muito natural conosco e este reflete de alguma forma. É difícil de explicar.

6 - Aliás, diga alguma coisa engraçada ou diferente que já aconteceu em alguma dessas sessões?

Ah, várias! Já me pediram para tirar foto beijando meu bíceps, filmar recado para ex-namorada pedindo para ela voltar com o cara, já conheci famílias inteiras que ouvem o MRG (do filho de 11 anos até a avó de quase 70)... :)

7 - O que você poderia nos dizer sobre os leitores brasileiros, e o atual momento da literatura nacional?

Acho q os leitores brasileiros aos poucos estão vendo que 1) não é obrigatório falar do saci ou ambientar a história em São Paulo para que o livro tenha identidade nacional; 2) criatividade não tem nacionalidade.

8 - Tem muitos leitores do blog que aspiram a escrever um livro. O que um aspirante a escritor pode fazer, que é certo que vai dar M*?

Acho que o mais próximo de "fórmula" que existe seria dizer para que a pessoa escreva sobre o que ela domina. Se tudo que você conhece de Nova York está restrito aos filmes de Hollywood, talvez não seja uma boa ideia ambientar seu livro lá, por exemplo. Outra coisa essencial é ler muito, claro, e praticar até que sua escrita mude de cópia dos seus autores favoritos (o que é normal no início) para seu estilo próprio.

9 - O livro demonstra que Kurgala é uma ideia antiga em seu pensamento, mas quanto ao livro especificamente, quantos dias foram necessários para sua escrita?

O mundo (e suas diversas histórias e personagens) foi moldado aos poucos nos últimos 10 anos, mas esse primeiro volume levou cerca de 9 meses para ser escrito.

10 - Para fechar, de onde vem a imaginação para nomes tão difíceis de se pronunciar?

Sugiro aos leitores pesquisar sobre a civilização Suméria após terminarem o livro. ;)

2 Comentários

  1. Ótima entrevista.
    Solano sempre de uma simpatia ímpar,assim como os outros caras do MRG.

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  2. Ainda conheço muito pouco do autor, entretanto a entrevista conseguiu me cativar a ler logo esse livro.

    Att.,
    R.S.Merces

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