10 Perguntas Inéditas para Luiz Cesar Pimentel

O blog Listas Literárias teve a oportunidade de entrevistar o jornalista e escritor Luiz Cesar Pimentel, que recentemente lançou Jesus: Uma Reportagem, obra que aborda a vida de Jesus Cristo. Nesta entrevista falamo com o autor sobre seu recente trabalho, confira:

LL: 1 - Para iniciarmos nossa conversa, Jesus: Uma Reportagem procura dedicar-se a investigar uma das personalidades mais complexas e misteriosas da história humana. Nesse sentido, podemos presumir ter sido o desafio gigantesco, não?

LCP: Já me perguntaram e citaram bastante referência ao tamanho do desafio de esquadrinhar a vida de Jesus e, ainda bem que, nunca enxerguei por esse ângulo, pois poderia me trazer algum bloqueio na execução. O que tinha gigantesco no início do trabalho era a curiosidade, que crescia a cada camada em que mergulhava na vida de Jesus.

LL: 2 - Aliás, seu trabalho reúne além dos textos bíblicos, outros textos que tratam da figura de Jesus. Tudo isso revela um personagem com distintas possibilidades de alcance, do Jesus que agrada mais ao pensamento filosófico e político ao Cristo que atende aos desejos espirituais. Você considera estas nuances distintas entre os textos, responsáveis pela permanência do interesse em Jesus, influenciando diferentes pensamentos?

LCP: Minha missão...ou por outra, a missão que assumi foi justamente de equalizar as diversas abordagens de Jesus em um quebra-cabeças lógico, que montasse sua história a partir dessas peças que, sim, são bastante distintas. Para chegar ao final do livro o segredo foi não me afastar em momento nenhum do propósito inicial.

LL: 3 - No livro, em muitos momentos você aborda o jogo entre razão e fé quando nos dispomos a tentar compreender e conhecer com mais profundidade a questão. Para a escrita do livro isto deve ter sindo ainda mais intenso?

LCP: Na verdade esse foi o terreno menos espinhoso na redação, pois quando você abre uma ou outra porta as “certezas” são quase inabaláveis. Quando você se coloca em posição de apontar um caminho diferente, abre-se um céu de brigadeiro à frente.

LL: 4 - Falando no processo de escrita do livro, ele demandou pesquisas e viagens. Podes comentar esses bastidores, como foi toda a logística de produção da obra?

LCP: Começou com uma pesquisa para uma viagem pré marcada. Foi quando percebi quão pouco sabíamos de fato no ensinamento cristão padrão. Mergulhei o máximo que pude na pesquisa antes de ir para Israel pois já tinha na cabeça que a viagem teria um roteiro definido mas que a pesquisa não se encerraria na própria execução da viagem. Fui para lá, constatei todas minhas impressões iniciais de necessidade de aprofundamento e continuei pesquisando, entrevistando por mais dois anos até chegar ao resultado do livro.

LL: 5 - Nesse sentido, você fala no livro do espectro diferente de Israel. Ir à cidade e mexeu ou alterou algo dentro daquilo que pensavas escrever inicialmente?

LCP: Apenas reforçou a proposta primeira.

LL: 6 - Jesus: Uma reportagem é seu sétimo livro. No que ele se diferencia dos demais?

LCP: Todo artista dirá que sua mais recente obra é a melhor. Eu não sou artista, sou apenas um jornalista e escritor, mas tenho convicção de que é minha melhor realização. Ao menos a mais importante.

LL: 7 - Seu livro talvez possa levar-nos a algumas conclusões, como por exemplo, que Jesus provavelmente não tenha sido aquele da Bíblia. Por outro lado, o que há fora dela, ou o que não encontramos em lugar algum, acabam por reforçar ainda mais o símbolo, não?

LCP: Sim, perfeita a colocação. Se for visto por um aspecto absolutamente religioso, diria que vai de frente a uns 75% ou mais do que está na Bíblia. O que poderia me categorizar por alguns como herege. Mas garanto que ao ler o livro eu não confronto o conteúdo bíblico desmerecendo-o. Mas pensando exclusivamente em Jesus. O que me trouxe sensação de sentido oposto à heresia.

LL: 8 - Você inclusive traz elementos de um Jesus apócrifo, digamos, bem sombrio e vingativo, que geralmente desconhecemos. Podes falar um pouco mais desse Jesus, do mesmo modo poderoso, mas tão distante da figura com que nos acostumamos.

LCP: Essas diversas facetas de Jesus estão nos evangelhos não escolhidos pela Igreja para compor o cânone, o Novo Testamento. Mas se foram escritos à época dos livros do testamento, também merecem ser estudados, aprecie-os ou não. O ponto é que há que apreciá-los desprovido de armaduras ou conceitos. Já aceita-los é uma decisão individual.

LL: 9 - Isso leva-me a histórica e permanente guerra narrativa estabelecida no mundo, e com isso quero dizer que seu livro e suas pesquisas revelam-nos que independentemente de quem tenha sido Cristo ou apenas Jesus, as diferentes narrativas construídas sobre ele ao longo dos séculos, no mínimo confirmam a importância daquele que, inclusive, comanda nossas próprias datas de nascimento?

LCP: Sim, você pega na essência da pergunta a razão do livro. Existem muito mais histórias de Jesus do que as que conhecemos e fomos levados a acatar como as verdadeiras. Mas nenhuma história é capaz de diminuir sua importância. A importância de Jesus é o ponto inabalável da equação. Já a crença ou não é de cada um.

LL: 10 - Para finalizar, talvez uma provocação, ou simples curiosidade. Se Jesus retornasse hoje e usasse do mesmo discurso, não teria problemas novamente? Aliás, isso não diria muito mais sobre nossa própria incapacidade de progredir humanamente?

LCP: Gosto muito da provocação e encaminho a uma conversa interessante que tive com meu sogro. Ele de maneira perspicaz levantou a questão de qual religião Jesus seguiria hoje. Acredito que tenderia ao espiritismo. E olha que não sou espírita. Mas das vertentes do cristianismo é a religião que vejo com o menor vínculo financeiro e monetário, pois o ponto em que acredito que as religiões desvirtuam é justamente quando entra dinheiro na equação. O cristianismo que acredito, por exemplo, é totalmente desvinculado de dinheiro. É pela sutileza de manipulação de energias de Jesus. Se Jesus retornasse hoje, voltando à pergunta original, ele certamente teria muitos problemas. Muito mais nesse mundo que se mostra via Facebook tão polarizado.

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