10 Formas de controle totalitário segundo a literatura

Há quem diga que vivemos hoje  as distopias imaginadas pelos autores nas décadas de 20 a 50. Pensando nisso, neste post elaboramos uma lista com 10 formas de controle totalitário segundo obras como 1984, Nós, Admirável Mundo Novo e por aí vai:

1 - Anulação do indivíduo: Não se prega aqui a não observação da coletividade social e sua importância para a constituição de uma sociedade mais humana, contudo a anulação total do indivíduo como acontece, por exemplo, em Nós do Zamiatin é uma das formas mais violentas de controle porque a partir de quando o indivíduo distinga-se mesmo que minimamente do coletivo, ele torna-se um número a ser extinto, limado do Estado Total;

3 -  Hierarquização: Ao separar a massa e dispersá-la de acordo uma hierarquia ordenada e sem mobilidade é outra forma eficiente de controlar essa mesma massa, tanto é que em todas as distopias veremos hierarquias bem definidas e montadas, como as castas de Admirável Mundo Novo;

3 - Monopólio da violência: A repressão e a violência via de regra devem servir apenas aos estados totalitários, e isto também se faz presente nas distopias e mesmo em obras como Laranja Mecânica que há essa perda do monopólio para as gangues, o estado age pera retomá-lo, inclusive com o processo de lavagem cerebral como alternativa;

4 - Hipnopedia: Aliá, o controle da mente e dos pensamentos é a intenção do poder totalitário, e assim como a lavagem cerebral e Laranja Mecânica, em Admirável Mundo Novo o condicionamento humano dá-se pela indução através da hipnopedia;

5 - Controle da Verdade: Quem detém a verdade possui certo controle, assim, se a verdade for alterável é possível utilizá-la para controlar as massas. Não, não estamos falando das redes sociais e das fake news, quer dizer, não diretamente, mas são dos exemplos reais e dos vindos da literatura que há muito tem se proclamado a elasticidade da verdade. E o curioso é que no precursor Nós, em sua ficção lógica e matemática 2+2=4, verdade que com o duplipensamento de 1984 chega ao 2+2=5;

6 - Entretenimento alienante: Lembrar da política do pão e circo é bom para vermos que tais coisas já foram postas em prática, entretanto nossas obras distópicas avançam demonstrando que a fartura de informação e entretenimento é uma excelente ferramenta para controle e alienação das massas. Isso nos vemos bem no cinema de entretenimento de Admirável Mundo Novo, na sua ode ao prazer e felicidade contínuo, inclusive através do uso da S.O.M.A, e também em Fahrenheit 451 com o empobrecimento do conhecimento e da cultura, e veja bem, realities shows;

7 - Vigilância total: Na literatura distópica independente da ferramente, o Estado será sempre um vigilante, sendo que o exemplo mais presente é sempre o conceito do Grande Irmão e sua capacidade de estar sempre de olho, nesse caso apoiado pelas tecnologias. Contudo, vigilância pode ser mais amplo que isso, e se dá também pela limitação da mobilidade do indivíduo, nesse caso as restrições em Nós e no brasileiro Não Verás País Nenhum são bons exemplos;

8 - O uso das tecnologias para vigilância: Como dito a vigilância pode ser um conceito mais amplo, contudo, nas distopias clássicas a especulação e as tecnologias possíveis são ferramentas importantes para o controle totalitário. No caso de 1984 o Grande Irmão invadia a privacidade, entre outros mecanismos pelos "olhos" das teletelas, em Fahrenheit 451 temos câmeras portáteis e transmissões ao vivo, e no precursor Nós de 1924 alheio a tantas invenções as construções eram todas de vidro e sem cortinas, e ainda que rudimentar, o conceito permanece o mesmo;

9 - Delações: Quando o Estado Total consegue atomizar as massas é quase natural que o coletivo se disponha a denunciar os divergentes. Na verdade, essa era uma tática muito comum durante o nazismo quando pais tinham de temer os filhos, algo que também é retratado em 1984, pois as crianças são uns verdadeiros demônios com suas capacidades de detectar inotordoxia. Aliás, certamente a leitura da obra de Orwell é um dos motivos para que eu seja tão desconfiado desse negócio de delação, premiada ou não;

10 - Corrupção Endêmica: Geralmente nas distopias há em suas hierarquias o topo privilegiado do Estado, o que também se repete em Não Verás País Nenhum. Entretanto nesta distopia nacional a distopia é endêmica a todas as hierarquias e no ambiente desértico e putrefato do romance em que o Estado virou "Esquema" o fato de todos terem de agir "com jeitinho" auxilia para o controle total.


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