10 Grandes personagens transgêneros da literatura

O que têm imbecil falando que questões relacionadas a identidade de gênero é modinha, é lacração, não está no mapa. Gente obstusa, desconhecedores, no mínimo a amplitude do aspecto cultural envolvendo o tema e que para espanto desses néscios, não é nada novo, não. Por isso, hoje compartilhamos 10 transgênero na literatura, confira:

1 - Tirésias: Presente em obras como Odisséia e Édipo Rei, é vidente cego de Tebas. Segundo o mito, Tirésias foi transformado em mulher por sete anos como punição por ter ferido serpentes que acasalavam. Após esse período, ele voltou a ser homem. Tendo vivido nos dois corpos, ele era a única pessoa capaz de responder à pergunta dos deuses: quem sente mais prazer, o homem ou a mulher? Sua resposta lhe custou a visão, mas lhe deu a profecia;

2 - Orlando: Talvez personagem primeiro a vir à mente quando pensamos em trangêneros na literatura. Obra do final da década de 20 é um clássico nesta questão. No romance que tem seu próprio nome, Orlando nasce homem na Inglaterra elisabetana e, após um sono misterioso de sete dias, acorda mulher. Vivendo por mais de 300 anos, a personagem experimenta a sociedade, o amor e a arte através de diferentes corpos e papéis de gênero. Woolf usa Orlando para mostrar, de forma poética e revolucionária, que o gênero é uma construção social, uma "roupa" que vestimos;

3 - A: De dois exemplos mais antigos para uma obra mais recente, em Todo Dia, de David Levithan. Aqui a compreensão do gênero como constructo social é muito presente, já que o protagonista todo dia amanhece em uma "roupa" diferente, ou seja, em corpos diferentes e de diferentes gêneros, construindo um imenso desafio para si mesmo e um exercício de empatia e compreensão para quem lê;

4 - Estraven: No clássico da Ficção Científica, A mão esquerda da escuridão, de Ursula K. Le Guin,  os habitantes do planeta Gethen são "ambissexuais". Eles não têm um gênero fixo, entrando em um ciclo de cio (o "kemmer") onde podem assumir temporariamente características masculinas ou femininas. Estraven, o político exilado que guia o protagonista humano, personifica essa fluidez, forçando o leitor a questionar suas próprias noções de gênero e identidade;

5 - Lili: A garota dinamarquesa foi sucesso tanto nos livros como nas livrarias,  inspirado na história real do pintor dinamarquês Einar Wegener e sua esposa californiana, este delicado retrato de um casamento nos desafia a refletir o que fazer quando alguém que amamos quer mudar. Einar passa a se vestir cada vez mais como Lili – uma espécie de alter ego feminino –, por quem Greta se vê estranhamente atraída, e à medida que Einar desaparece na lembrança, eles percebem que uma escolha terá de ser feita: Lili ou Einar?

6 - Cal Stephanides: Middlesex é um livrão da porra. Vencedor do Prêmio Pulitzer, é um épico familiar narrado por Cal, um homem intersexo que foi criado como uma menina, Calliope. A história traça a jornada de sua família e do gene que o tornou quem é, culminando em sua autodescoberta e na escolha de viver como homem. É uma obra-prima sobre identidade, genética e a busca por um lugar no mundo. É um livro para você observar como a construção social que é o gênero move-se e pressiona o indivíduo;

7 - Myra Breckinridge: O romance homônimo é um dos livros mais escandalosos e importantes sobre o tema. Myron Breckinridge passa por uma cirurgia de redesignação sexual e se torna a magnífica Myra, com um plano ambicioso: dominar Hollywood e reestruturar a sociedade ocidental. O livro é uma sátira feroz sobre identidade de gênero, poder e a cultura americana;

8 - Molina: Em O Beijo da Mulher-Aranha, de Manuel Puig, Molina é um prisioneiro homossexual que se identifica com um papel feminino e escapa da dura realidade da prisão recontando filmes românticos para seu companheiro de cela, um prisioneiro político. Através das divas do cinema, Molina constrói e afirma sua própria feminilidade;

9 - Viola / Cesário: O bardo Shakespeare em Noites de Rei já demonstrava os privilégios da masculinidade, não? Após um naufrágio Viola se disfarça de homem, "Cesário", para sobreviver. Mas o disfarce se torna uma nova identidade que lhe permite acessar espaços e criar laços de uma forma que como mulher não conseguiria, inclusive se tornando o confidente do Duque por quem se apaixona. A peça  a seu modo explora a performance de gênero e a fluidez do desejo de forma brilhante;

10 - Breq: Em Justiça ancilar, de Ann Lecckie temos a construção de um ponto de vista não-binário.  Breq é a consciência de uma nave de guerra (uma "ancilar") que habitava milhares de corpos. A cultura de onde ela vem, o Império Radch, não usa pronomes de gênero. Como resultado, Breq se refere a todos como "ela". Isso força o leitor a abandonar suas suposições de gênero e experimentar uma perspectiva verdadeiramente não-binária.

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