10 Considerações sobre O Nazista e o Psiquiatra, de Jack El-Hai, ou por que precisamos ficar em alerta

O Blog Listas Literárias leu O Nazista e o Psiquiatra, de Jack El-Hai publicado pela editora Planeta; neste post as 10 considerações de Douglas Eralldo sobre o livro, confira:

1 - O Nazista e o Psiquiatra é um importante e necessário registro histórico que numa narrativa intensa como a dos thrillers busca observar os estertores do regime nazista, bem como os questionamentos mundiais numa busca pela compreensão daquele momento, um dos mais sangrentos e sombrios da história humana;

2 - E o livro se desenvolve num importante recorte do tempo e focalizando o encontro entre o Dr. Douglas Kelley que seria responsável pelo acompanhamento psiquiátrico dos prisioneiros de Nuremberg, que seriam julgados pelos crimes de guerra do Terceiro Reich, e em especial, o livro procura pautar-se pela relação entre Kelley e Herman Göring, o primeiro nome na sucessão do Reich;

3 - A partir disso, Jack El-Hai traça preliminarmente perfis de Kelley e Göring antecedendo o período do encontro no presídio, para depois ampliar a abordagem além de reconstituir o momento tenso e precursor na história com a realização do primeiro tribunal internacional, com todas as expectativas e perigos surgidos com essa espera;

4 - E o autor conta tudo isso numa narração bastante atrativa, de certo ponto, até mesmo romanceada pelo estilo e pela estrutura, mas de tal forma que fosse cuidadoso o suficiente com a veracidade, que na obra é argumentada com muita bibliografia e informações, o que faz da obra um documentário com jeito de romance, mas que não se perde na infidelidade aos fatos;

5 - Mas não fica qualquer dúvida que o protagonismo é puramente de Kelley e sua busca por compreender a mente nazista e na sua busca pelas respostas quanto como uma sociedade inteira permitiu-se chegar a tal situação. Podemos perceber através da narrativa de El-Hai com este profissional, assim como o mundo, ansiava por encontrar algum desvio que "justificasse" tais atrocidades, contudo questões que ainda hoje suscitam estudos e opiniões;

6 - Contudo, o livro ao nos trazer as dúvidas, anseios e estudos de Douglas Kelley, mais nos faz um alerta do que nos traz respostas prontas. "Atrás de grandes mesas decidindo grandes questões como homens de negócios, políticos e escroques... Oradores, escritores espertos, educados e destituídos de consciência como Goebbels vendedores ardilosos e bem sucedidos como Ribbentrop, e todos parasitas das áreas das finanças e legam podem ser encontrados entre os homens cujos rostos conhecemos da vista" dizia o psiquiatra numa afirmação que marcaria sua carreira e seus estudos em Nuremberg;

7 - É que o livro enfatiza as conclusões e a militância do psiquiatra que afirmava, talvez assustadoramente, e diferentemente do que muitos queriam ouvir, de que não havia nada psicologicamente ou patologicamente no conjunto coletivo dos nazistas estudados de que os diferenciasse ou fosse justificativas para suas crueldades. Tal percepção, conforme mostra o livro, utilizava tais conclusões para manter-se alerta e alertar os Estados Unidos, pois segundo ele, se tomando as observações dos prisioneiros de Nuremberg ele chegara à conclusão que o mesmo poderia ocorrer em qualquer outro país, uma alerta, que talvez seja ainda mais importante no momento histórico atual do país em que vemos lideranças de propostas fascistas agregarem certo apoio. Nesse sentido, a leitura do livro de El-Hai pode ser elucidadora para que nos atentemos que pessoas comuns podem criar alho tão monstruoso;

8 - Todavia, vale dizer também que o livro, embora com um olhar sobre Kelley não deixa de trazer contrapontos e questionamentos ao trabalho do médico, além de não esconder o encerramento final da carreira de Kelley, algo teatralmente real que combinou com o estilo narrativo escolhido pelo autor;

9 - Além disso, a obra ao trazer a rotina de Nuremberg, de seus prisioneiros, especialmente Göring serve como instrumento importante para construção de nossas próprias conclusões, no caso deste blogueiro, e perplexidade de sempre ao se deparar com a sede humana pelo poder ilimitado, que em síntese quase sempre é o que está por trás de todas as guerras, de todas as mortes;

10 - Enfim, O Nazistas e o Psiquiatra é um importante registro histórico e humano, e ressalvando-se o fato de o autor vez ou outra soar um tanto determinista (vide como dá importância das raízes familiares de Kelley), é um documento essencial para a história, e narrado de forma tão atrativa que pode ampliar leitores pois não fica preso a um tom academicista, embora o seja feito com muita documentação. Da mesma forma, deveria ser uma leitura de cabeceira para Brasileiros, afinal, estou entre os que defende que já deveríamos ter acionado o botão de alerta, por aqui.


1 Comentários

  1. Comprei o livro ontem e ao ler apenas o primeiro capítulo já fiquei ansioso para saber como continua...

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