10 Considerações sobre O Que Há de Estranho em Mim, de Gayle Forman ou como achar um milhão de vaga-lumes...

O Blog Listas Literárias leu O Que Há de Estranho em Mim, de Gayle Forman publicado pela editora Arqueiro; neste post as 10 considerações de Douglas Eralldo sobre o Livro, confira:

1 - O Que Há de Estranho em Mim é um romance marcado pela verborragia e intensidade de sua voz juvenil numa trama que coloca em debate para além da relação de pais e filhos questiona certos tipos de instituições de "tratamento" da sociedade americana;

2 - É que neste que foi seu trabalho de estreia na literatura, Gayle Forman constrói sua ficção a partir de um problema a ser discutido. Através da jovem narradora Brit, o leitor é colocado diante duma protagonista que é internada à força numa espécie de sanatório de linha dura e questionáveis métodos de cura;

3 - Contudo, o que o livro mais demonstra é justamente a comodidade de internar jovens nestes tipos de instituições, que nos casos narrados pelo livro se dão muito mais pela incompreensão e medo dos pais do que por uma real necessidade de saúde, ou seja, no livro, jovens que não fazem aquilo que os pais esperam acabam em locais como Red Rock;

4 - O espantoso de tudo é que o romance nasce a partir de uma artigo no qual Forman trabalhara durante sua época de jornalista, e mesmo que conforme dito por ela os que conheceu não se assemelhassem ao seu ficcional Red Rock, muitas semelhanças estavam lá, justamente uma de suas motivações para o romance;

5 - No entanto, a discussão em evidência não é o local ou suas jovens protagonistas, mas sim o comportamento de pais e de toda uma sociedade que busca reprimir condutas que não lhes agrada, visto que no livro há internas por motivações de suas sexualidades, ou como no caso de Brit pelo medo e incompreensão de um pai incapaz de ver que a filha nunca tivera problema algum, apenas atitude;

6 - Nessas questões já apresentadas é onde o livro encontra seus êxitos e méritos, sendo conduzido por uma voz convincente, de acordo com sua constituição, visto que a narrativa de Brit dá boas cores e formas à sua constituição;

7 - Porém, de certa forma há nuances e incongruências que às vezes podem chamar a atenção dos leitores. Talvez seja pelo fato de que em algum momentos somos levados pela narrativa a esquecer  quão dramática é a situação em Red Rock com passagens que pouco diferem de alunas de uma escola qualquer;

8 - Além disso, a mim pareceu-me faltar algo, uma sensação como se faltou alguma coisa, ou alguma forma de se comunicar. Isso é fruto, provavelmente, de uma narrativa que de certa forma ameniza nas dores e horrores;

9 - Todavia talvez seja uma percepção advinda da simplicidade e despretensão da obra, visto que temos um assunto de real relevância exposto de uma forma, digamos, comum e talvez sem grandes ambições, mas o que não prejudica de forma alguma o romance que é capaz de dialogar e expor com muita clareza sua problemática;

10 - Enfim, O Que Há de Estranho Em Mim é um romance interessante e de importante temática, e mesmo sendo a estreia da autora, é uma obra que a meu ver, por exemplo, é superior a seu grande sucesso, Se Eu Ficar.


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