10 Considerações sobre Uma Chama Entre as Cinzas de Sabaa Tahir ou por que onde tem vida há esperança

O Blog Listas Literárias leu Uma Chama Entre as Cinzas, de Sabaa Tahir publicado pela editora Verus; neste post as 10 considerações de Douglas Eralldo sobre o livro:

1 - Uma Chama Entre as Cinzas é perfeito para leitores que procuram por muita ação, mas que não dispensam o romance como combustível das grandes batalhas; um livro de certo vigor que acima de tudo irá tirar o ar a cada nova página;

2 - Tudo isso porque a narrativa se estrutura numa forma não muito comum à fantasia, produzindo assim uma espécie de thriller com seus capítulos curtos e principalmente com suas voltas e reviravoltas ao final de cada um deles, numa narrativa compartilhada pelas vozes e pontos de vistas de Laia e Elias, cada um deles numa posição antagônica ao outro;

3 - No entanto, essa visão antagônica rapidamente é desfeita, porque na verdade, embora Laia esteja entre o grupo oprimido e Elias entre os opressores, ambos na verdade estão em sintonia e possuem ideais mais semelhantes do que se poderia supor, e com isso, acabamos obviamente não tendo o ponto de vista do herói e dos vilões, mas sim de uma parte tão somente, em meio a um todo em que a linha entre os bons e os maus muitas vezes é tênue;

4 - Todavia, vale retomar o aspecto de thriller na obra visto que isto além de diferenciá-la de certa forma, é responsável por manter o leitor sempre atento à leitura. Com uma técnica muito comum aos seriados de televisão, cada final de capítulo é a abertura de um suspense que praticamente força o leitor seguir adiante, especialmente porque em muitos capítulos parece ser o fim de nossos protagonistas, algo muito semelhante com o que ocorria num antigo seriado do Batman nos anos 60 em que o homem-morcego e seu ajudante estavam sempre próximos da morte, embora soubéssemos que eles escapariam. É uma situação bastante semelhante com o que ocorre com Laia e Elias, e mesmo conhecendo a técnica, somos envolvidos por ela;

5 - Então, é dessa forma que somos apresentados ao ambiente opressor criado por Tahir. Um mundo que simplesmente existe e no qual Eruditos são oprimidos e escravizados por Marciais, distintos campos em que habitam Laia e Elias, respectivamente. Nessa época sangrenta e com personagens muitas vezes desumanizadas em vias da escolha de um novo imperador é que toda a ação se desenvolve, mas não sem deixar de abordar as intrigas políticas, traições, etc...

6 - No entanto, se vemos muitas virtudes na obra, por outro lado não se pode deixar de observar que é justamente a tentativa de romancear esta jornada que causa alguns ruídos à narrativa. E isso fica ainda mais presente com a voz em primeira pessoa de Elias e Laia, dois jovens em meio a um mundo tão brutal e opressor mas que em boa parte se perdem em divagações romanescas juvenis e adolescente, as quais não há problema algum existirem, desde que noutra situação que não a por qual passam e que é bastante brutal;

7 - Além disso, as marcas deterministas na publicação são bastante visíveis como a própria descendência de Laia, como que se para tornar-se uma líder a filiação fosse um fator importante; de certa forma o mesmo ocorre com Elias, e assim ambos simplesmente estão neste primeiro livro (creio que será uma série) num processo de maturação daquilo que lhes será revelado: uma causa por qual lutar, ainda que ainda estejam no campo do pessoal

8 - Fazendo os destaques anteriores, temos em mãos uma publicação interessante que mescla uma série de elementos que lhes dão vigor, ainda que a despeito das citações exageradas dos textos de orelhas, não estamos diante algo perto desse ou daquele livro, mas sim de uma obra que se sustenta autonomamente;

9 - Com muita violência, ação e sangue, mas também com espaço para a paixão e as amizades, é um livro que pode agradar portanto uma camada diversa de leitores;

10 - Enfim, Uma Chama entre as Cinzas é uma boa leitura e que consegue convencer e entreter seu leitor, que mais do que procurar semelhanças do livro com outras publicações, deve acompanhá-lo em sua própria autenticidade, pois mesmo com suas referências e influências, é um livro que se sustenta pelas próprias pernas.



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