7, dos Lobisomens marcantes da literatura...

O autor convidado deste post do "Listas Literárias Convida" é um batalhador da literatura fantástica, e gente finíssima neste meio, sempre disposto a colaborar. Sua lista como não poderia deixar de ser, trata sobre lobisomens, pois Alfer Medeiros é um dos grandes conhecedores destas criaturas sombrias, e seu livro Fúria Lupina - Brasil conquistou muitos fãs do gênero, e fora dele. Segundo ele mesmo, ao tomar sua pílula do vira-lata mesclada com a poção de Dr. Jeckyl, deixa de ser apenas o profissional de TI Alexandre J. K. Medeiros, e transforma-se em Alfer Medeiros um fiel escudeiro da literatura fantásticas, aventurando-se em diversos projetos. Seu livro mais recente, Livraria Limítrofe - O Adeus mostra toda sua diversidade, e nos revela um livro recheado de magia, capaz de encantar os fãs de literatura, já que cada um é capaz de guiar-se por suas próprias experiências na Livraria Limítrofe. Confiram abaixo, o que este autor tem a nos dizer sobre os lobisomens:


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O lobisomem está fortemente ligado ao número sete: o sétimo filho amaldiçoado; os sete cemitérios a percorrer em uma noite de transformação; a manifestação dos indícios licantrópicos a partir dos sete anos de idade; sete anos para suportar esta triste sina. Se houvesse um time de futebol formado unicamente por seres fantásticos, o lobisomem seria um meia-atacante só para reivindicar para si a camisa sete! Para mantermos a tradição do número relacionado a esta criatura fabulosa, será mostrada a vocês uma lista com sete lobisomens da literatura. Talvez não sejam os mais populares, mas são marcantes, cada um à sua maneira (pelo menos para este humilde “listador” convidado). Vale lembrar que cada item desta lista pode conter spoilers de todos os níveis, pois os lobisomens aqui citados têm suas ações mais marcantes descritas. Que comecem os uivos! 

 1- O lobisomem, de Monteiro Lobato: quando me deparei, ainda na infância, com o lobisomem citado no Sítio do Pica-Pau Amarelo, confesso que fiquei impressionado. Ele era descrito como um lobo comum, a não ser por uma pequena particularidade: os pelos eram virados para dentro do corpo, e a carne ficava do lado de fora. Somente depois de muito tempo fui saber que o "lobisomem do avesso" não era criação de Lobato, apenas uma referência a um mito já existente. De qualquer maneira, sua contribuição é importantíssima, pois acredito que, assim como eu, muitos tiveram o primeiro contato com essa variação de lobisomem no Sítio do Pica-Pau Amarelo. 

 2- O lobisomem, de Alexandre Dumas: Esta obra consta aqui mais por curiosidade do que por sua qualidade. Poucos sabem que Alexandre Dumas aventurou-se a dar sua ótica do lobisomem (apesar de muitos terem insinuado que rolou um ghost-writting aqui). Não é o ponto alto da sua carreira, mas vale ser citado. Em Le Meneur de Loups, o artesão chamado Thibauld faz um pacto com um grande lobo negro – representação do mal em toda a obra – e a partir de então o protagonista passa a controlar os lobos da floresta e a ter atendidos seus ambiciosos desejos. O resultado, ao contrário do que pode parecer, sempre é catastrófico. Além de cada desejo provocar uma mudança física exponencial em Thibauld (o que o leva a ter de “poupar” esse recurso), as novas situações criadas por ele sempre o acabam prejudicando. A história é bobinha, em muitos momentos forçando valores morais, mas vale uma conferida para conhecimento desta faceta pouco conhecida de Dumas, e também pela curiosidade de ver um condutor de lobos em ação. 

 3- Lupino: Quem ainda não conhece a série Discworld, do escritor inglês Terry Pratchett, não sabe o que está perdendo. É a fantasia mais esculhambada e divertida que já li, sem sombra de dúvida. Dentro desse universo maluco, mais precisamente no livro O Senhor da Foice, somos apresentados ao lobisomem chamado Lupino. Ele é membro de um grupo que luta pelo direito dos mortos, formado por zumbis, vampiros e afins, onde ocupa o cargo de “morto-vivo honorário”. Entre as diversas coisas absurdas e engraçadas existentes no livro, somos apresentados a uma particularidade de Lupino: ele é um lobisomem que, nas noites de lua cheia, vira homem! Temos aqui um exemplar interessante de “lobisomem ao contrário”, em inglês é chamado de wereman, uma clara brincadeira com o termo original werewolf. 

 4- Jarbas: Este é o lobisomem "caçulinha" da lista, pois é de um livro lançado em 2011, apesar de o personagem principal ter sido apresentado ao público dois anos antes, na antologia Metamorfose - A Fúria dos Lobisomens. Jarbas, quando na forma humana, tem a aparência de um garoto frágil, com cicatrizes de garras no rosto. Porém, o moleque é mau, mau mesmo. É um bicho tão ruim, que amedronta até mesmo os outros lobisomens. O livro tem trechos bem violentos, doentio em algumas passagens, ou seja, é um prato cheio para os fãs de lobisomens hardcore old school! Quem conhece o estilo do autor André Bozzetto Junior, através do seu blog Escrituras da Lua Cheia ou do seu livro Na Próxima Lua Cheia, sabe que não podemos esperar nada menos que isso dos seus trabalhos. 

 5- Draugluin: Tolkien, dentro do seu riquíssimo universo, sempre nos brindou com referências a seres fantásticos de diversas origens, e o lobisomem não poderia ter ficado de fora dessa festa. Entre os homens/lobos/lobisomens citados na obra do mestre da alta fantasia, destacarei aqui Draugluin. É frequentemente citado como uma abominação, espírito maléfico que habitava a forma de uma fera horrenda. Sua participação mais notável é no evento que envolve a busca de Beren e Lúthien por uma silmaril em poder de Morgoth, mestre de Draugluin. Encontrou seu destino final na batalha contra Huan, o cão dos Valar que acompanhava Beren e Lúthien nessa aventura. Após a morte do lobisomem, Béren usou sua pele para passar despercebido entre as criaturas maléficas de Angband, permitindo assim sua fuga. Gostei muito desta passagem, com os protagonistas escapando dos inimigos no melhor estilo versipellis. 

 6- O Coronel e o Lobisomem: Não importa se você já assistiu o filme: leia o livro homônimo de José Cândido de Carvalho! O autor brinda-nos com uma prosa deliciosa e irreverente, repleta de regionalismos, sob a narração em primeira pessoa do Coronel Ponciano de Azeredo Furtado. Rude, valente e muitas vezes ingênuo, este protagonista guia-nos pelo cenário rural de seus domínios onde causos sobrenaturais misturam-se ao dia-a-dia do povo daquelas paragens, passando por uma malfadada estadia na cidade, onde a pior criatura é realmente o bicho-homem. O lobisomem, na obra literária, é mais citado do que visto, dando à fera um ar de lenda, até o momento no qual o Coronel Ponciano precisa encará-lo de frente. Este trabalho é altamente recomendado aos amantes de uma boa leitura, independente do bicho do título ser apenas um coadjuvante na trama. 

 7- A Hora do Lobisomem: Acho que este item, dentro de toda a lista, é o que tem o pior spoiler. Digo isso porque aqui eu revelo a identidade do lobisomem nesta obra de Stephen King. Se não quiser saber quem é, pare imediatamente de ler! Em Cycle of the Werewolf (1983), King traz uma história sobre cidade pequena que é atormentada por um lobisomem a cada noite de lua cheia (o tal do ciclo citado no título original). E qual não é a nossa surpresa, ao sabermos, depois de certo tempo, que o bicho é ninguém menos que o Reverendo Lester Lowe, um homem acima de qualquer suspeita! Este livro teve uma adaptação para o cinema que obteve sucesso considerável, sendo reconhecida pelos fãs de lobisomens como uma das poucas produções bem-feitas dentro desse assunto. Caso vá procurar por alguma edição do livro, não deixe de tentar conhecer a original americana com ilustrações de Bernie Wrightson, conhecido desenhista de histórias em quadrinhos que abrilhantou ainda mais o trabalho.

3 Comentários

  1. Também há o prof. Lupin de Harry Potter!

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  2. O lobisomem de Monteiro Lobato seria de qual raça no caso ?? Eu já li o livro , só q explicam bem pouco dele e queria saber mais

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