10 Considerações sobre A Revolução dos Bichos, de George Orwell

No post de hoje compartilhamos uma #ResenhadoLeitor. O Jairan Roberto dos Santos Araújo leu A Revolução dos Bichos, de George Orwell e compartilha suas 10 considerações sobre o livro. Confira: 


1- Na obra, A Revolução dos Bichos, originalmente publicada em 1945, acompanhamos o desenrolar dos acontecimentos na Granja do Solar, onde os animais se rebelam contra seu proprietário, o Sr. Jones. Este, embora seja um indivíduo comum, tem o hábito de explorar os animais com tarefas árduas, negando-lhes qualquer forma de tratamento adequado, submetendo-os à fome e ao trabalho implacável. Contudo, inspirados pelos princípios de igualdade difundidos pelo porco Major, os animais, após sua morte, finalmente se revoltam, confrontam Jones e conseguem expulsá-lo do local;

2- A harmonia inicial dá lugar a sementes da discórdia, revelando artimanhas e desentendimentos entre os animais. A frágil aliança, fundamentada na busca por igualdade e justiça, cede espaço a dilemas e divergências, explorando as complexidades das relações na Granja do Solar. Esses desdobramentos inesperados proporcionam uma visão mais profunda das interações entre os personagens animais;

3- Após a revolução, a aparente paz é quebrada quando os porcos, líderes da revolução devido à sua astúcia, entram em conflito. A trama explora a dinâmica de exploração entre os próprios bichos, evidenciando como eles se perdem no processo de revolução, comportando-se como o antigo proprietário. Dois líderes revolucionários, Bola-de-neve e Napoleão, discordam-se constantemente, resultando na expulsão de Bola-de-neve sob acusação de traição, orquestrada por Napoleão;

4- Com a ascensão de Napoleão ao poder, a obra revela sua postura ditatorial e egoísta. Os animais são submetidos a um regime de trabalho semelhante à escravidão, enquanto a construção do moinho se torna uma farsa, desmistificando a aspiração inicial de liberdade. Afinal, todos estão presos em um regime ditatorial e longe de estarem libertos, por lutarem pelo básico e viverem para o trabalho;

5- A dinâmica muda para uma nova forma de exploração entre os próprios animais, distanciando-se da intenção inicial de se afastarem dos humanos. Napoleão estabelece relações com um intermediário humano, atuando como seu representante legal. A construção do moinho exige acordos comerciais e materiais de outras regiões, resultando em debates acalorados sobre a insatisfação dos animais explorados, que experimentam uma qualidade de vida inferior à época de Senhor Jones;

6- Com isso, ao examinar a evolução da narrativa, percebemos que as sementes da corrupção são semeadas no solo da idealização revolucionária. A ironia se desenha nas ações dos personagens, que, ao buscarem libertar-se da opressão, inadvertidamente se tornam opressores, ilustrando a universalidade do dilema humano que em muitas épocas tiveram o mesmo comportamento;

7- Como citado anteriormente, a obra aborda a exploração animal por parte dos humanos, personificada no Sr. Jones, cujas práticas cruéis geram uma justificada revolta. Entretanto, a promissora revolução conduzida pelos animais é minada por desentendimentos internos e pela ascensão de lideranças, como Napoleão, que, ao invés de libertar, replicam a opressão anterior. Essa ironia sutil destaca a fragilidade das ideologias revolucionárias diante das ambições individuais;

8- A dinâmica entre os líderes porcos, Bola-de-neve e Napoleão, são exemplos das contradições inerentes aos movimentos revolucionários. Enquanto Bola-de-neve busca melhorias coletivas, Napoleão representa a manipulação do poder para interesses próprios. A expulsão de Bola-de-neve, sob acusação de traição, revela como as disputas internas desvirtuam os ideais originais da revolução, transformando-a em um fingimento de libertação. Essa narrativa sutil aborda a fragilidade dos movimentos de emancipação quando confrontados com a tentação do poder absoluto;

9- Além disso, a representação do regime instaurado por Napoleão evidencia a crítica do autor à natureza humana e sua propensão para a tirania. A transição de uma aspiração inicial de liberdade para um sistema ditatorial revela a ironia de como os próprios animais, ao alcançarem o poder, reproduzem os vícios do regime anterior. O trabalho árduo, a escassez de recursos e a manipulação tornam-se parte integrante do novo coisas como são, demonstrando a universalidade da corrupção no exercício do poder;


10- Por fim, a trama sugere que a busca pela igualdade muitas vezes é sabotada por indivíduos dispostos a comprometer os princípios em prol de vantagens pessoais. A aliança entre os animais desmorona quando confrontada com dilemas, revelando as complexidades e as contradições inerentes às aspirações de igualdade. A obra ressalta, assim, a dificuldade de manter uma verdadeira revolução, uma vez que as ambições individuais frequentemente se sobrepõem aos objetivos coletivos, resultando na perpetuação dos ciclos de opressão.


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