10 Considerações sobre Sissi e o último brilho de uma dinastia, de Paulo Rezzutti e Cláudia Thomé Witte

O Blog Listas Literárias leu Sissi e o último brilho de uma dinastia, de Paulo Rezzutti e Cláudia Thomé Witte publicado pela editora Leya; neste post as 10 considerações de Douglas Eralldo sobre o livro:


1 - De modo geral o livro é exatamente o que se propõe, "uma breve história dos Habsburgos" centrada, obviamente na trajetória de Elisabete Amália Eugênia, imperatriz que virá a ser conhecida por Sissi, cujo desfecho trágico também acaba demarcando a princípio e queda de um império, pois "o brilho dessa família, sinônimo de poder e majestade, começaria a se apagar após a morte de Sissi";

2 - Aliás, vale destacar que a expressão "brilho", acima e no título do livro, já nos indica o tom da publicação, que opta por um olhar condescendente ao absolutismo imperial numa espécie de fetichismo cortês, pois que, no decorrer de sua página temos narrativas que de algum modo fortalecem os mitos envolvendo tais sistemas políticos do passado, tratando com certo glamour cortesão tal centralidade de poder;

3 - Convém também falar que, embora não muito extensa e de leitura simples, há no livro uma boa quantidade de informação, tanto nas trazidas pela própria narração dos autores, quanto pelos elementos de apoio e suporte à história narrada, especialmente destacando a riqueza e diversidade de imagens reunidas no decorrer do livro que complementam e por si mesmas também contam uma pouco da trajetória dos Habsburgos por meio das linguagens visuais;

4 - Com a introdução, são 26 curtos capítulos marcados pela síntese com que concentram determinados momentos que tratam da história austro-húngara, obviamente, com foco na trajetória de Sissi, desde seu inesperado casamento com Francisco José ao derradeiro dia de sua morte pelas mãos de um anarquista;

5 - Obviamente, embora percorra a história europeia e da dinastia dos Habsburgo, o interesse do livro coo anunciado é na trajetória de Sissi, em sua subjetividade marcada por contradições e batalhas pessoais que lhe acompanham durante a vida, seus dissabores na corte, suas relações com o poder e a política, o casamento marcado por peculiaridades, mas de acordo com o livro, com boa dose de amor e respeito;

6 - Nesse sentido, a narrativa realmente nos apresenta uma personagem interessantíssima. Sissi e suas ações demarcadas sempre pela originalidade de quem destaca-se de alguma forma no mundo e é capaz de despertar o imaginário das pessoas. Por isso, parece-nos plausível tal apresentação, como se fosse a imperatriz espécie de uma artista de seu tempo devido ao furor capaz de causar e agitar nas grandes massas e tal como uma estrela de Hollywood, dotada de suas excentricidades, especialmente sua relação com o tempo;

7 - Esse olhar personalista, portanto, faz com que embora esteja presente a história da Europa, essa é adjacente aos passos de Sissi e aos assuntos internos da corte, de modo que a relação da personagem para com a história do mundo e do seu próprio império acaba nesse aspecto não ganhando notoriedade, pois que os autores tornam foco as questões mais internas, subjetivas e pessoais de Sissi de modo que sua contribuição para o devir histórico parece-nos ter menor força que a do fetiche cortesão;

8 - Todavia tal escolha não impede que tenhamos uma síntese, especialmente dos últimos dois séculos, da história da Europa em suas intermináveis querelas, divisões e cisões de um espaço demarcado pela luta étnica de diferentes povos, entre eles o império dos Habsburgos que nesse período esteve ligado ao destino dos principais acontecimentos históricos do mundo;

9 - Com isso vale dizer que um dos atrativos do livro possa ser justamente o de nos demonstrar, mesmo que pela síntese, da complexidade do tema inclusive em nosso contemporâneo. As lutas  guerra internas da Europa senão entendidas, mas com a leitura do livro reforça ou apresenta aos que talvez desconheçam a tumultuosa formação do território europeu e cujas bases de certo modo foram erigidas ou sustentadas desde os tempos do absolutimo;

10 - Enfim, embora Sissi e o último brilho de uma dinastia soe mais próximo de uma biografia de uma estrela do cinema que propriamente uma narrativa histórica, trata-se de uma leitura interessante e capaz de nos dar uma breve síntese de movimentos históricos nestes últimos dois séculos. Se por um lado, a obra talvez não se dê com um olhar crítico para com a história, aos que procuram tão somente pelos conluios e dramas cortesãos que sempre inspiraram as mitologias sobre reis, imperadores e imperatrizes, trata-se de uma leitura divertida e rápida com muito material de suporte à escrita.

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