Não estamos aqui em busca de cancelamentos, julgamentos ou coisa do tipo. Muito menos numa jornada em depreciação de suas obras, ainda que alguns mereçam. Mas no post de hoje juntamos elementos, indícios, pistas fortíssimas de uma seleção de escritores brasileiros de nosso passado (afinal, todo tempo tem sua Lya Luft), integrantes do cânone, que se vivos fossem, seriam bolsominions, afinal nunca podemos subestimar a idiotice humana e o tenebroso medo dos fantasmas comunistas. Confira:
1 - José de Alencar: Bem, nada estranho que seu projeto nacionalista, excludente pra caramba, faça dele um bolsominion inquestionável. Se Monteiro Lobato era racista, bem, Alencar era no mínimo o dobro. Não bastasse seus índios fajutos, suas palmeiras e suas "heroínas" construídas ao cabo com boa dose machista, mais sintomático do bolsominismo regresso de Alencar é sua batalha incansável de discursos e cartas contra a abolição da escravidão no Brasil. Bolsominion de cepa, esse Alencar. E seus romances românticos nem eram grande coisa;
2 - Rachel de Queiroz: Tudo bem que O Quinze continua um livro importante de se ler, mas não esconde que se viva fosse em nosso tempo Rachel seria daquelas senhoras do Botox exibidos em perfis no Facebook passando o dia a postar dos perigos do comunismo no Brasil. Apoiadora do golpe (não o do Temer, o dos milico), desempenhou papel importante nos Ipês, instituição de propaganda golpista dos anos 60;
3 - Rubem Fonseca: Tá ligado naqueles bolsominion na surdina, na moita, mas que não negam o tiro? Pode ser esse o caso. Outro colaborador importante dos Ipês pré-ditadura, Fonseca mantinha linha direta com os de farda, correndo boatos de que ajudaram na carreira literária do autor, a despeito da censura que sofreria posteriormente. Era outro com medinho dos comuna e que mergulhou no silêncio evitando tocar no assunto. Só faltou dizer que votou no Amoedo;
4 - Cassiano Ricardo: Não sei se podemos chamar de bolsominion arrependido, mas no frege modernista dos embates intelectuais a figura foi responsável pelo movimento verde-amarelismo (e você achando que camiseta da CBF é novidade) que entre outras coisas lutava contra "amarras ideológicas" e semeava um nacionalismo que veio a resultar no integralismo, momento em que ele se afasta dos amigos. Talvez fosse Cassiano Ricardo desses bolsominion metido a liberal; Assim como os minions de hoje, os de antigamente não curtiam muito Freud. Freud explica;
5 - Plínio Salgado: Bem, esse foi tão, mas tão bolsominion (sim, nós sabemos que a peça é meio que guru dos toscominions de hoje) que na verdade hoje nem se concebe mais a figura como um escritor, mas sim ideólogo do fascismo tupiniquim chamado de integralismo;
6 - Carlos Drummond de Andrade: No golpe contra Dilma viu-se muita gente inteligente caindo no senso comum, entre o bolsominismo e o morismo, saca. Todos contra a corrupção, nossa que horror uma pedalada. Pedalada, que é isso, ah tá, espichar o pagamento de uma conta? mas e o PT? Parece que o poeta era desse tipo de bolsominion quando a reflexão social exigia, incapaz de fugir do senso comum, por isso, citadamente posto entre os apoiadores do golpe de 64. Se podemos nos consolar com alguma coisa é dizer que pelo menos o Fiuza daqueles tempos era ao menos um pouco mais criativo;
7 - Monteiro Lobato: A discussão sobre racismo na obra do autor não é nova e suscita polêmicas, não entraremos nela. Diferentemente de Alencar, o negro, ainda que de forma caricata (e aí temos de considerar o contexto) era uma presença. Mas como falamos, a caricatura na forma de observar as sociedades e o extremo nacionalismo de Lobato por certo que nos dias de hoje ele apareceria de óculos e bandeirinha do Brasil no Facebook;
escreve aí nos comentários que outros autores do passado seriam bolsominions.