Final de semana passamos por mais um processo eleitoral em grande parte do país. Algumas cidades ainda convivem com o período eleitoral, até o segundo turno. Aproveitamos para neste post compartilhar algumas leituras que tratam de eleições. Confira:
1 - Vila dos Confins, de Mário Palmério: A publicação de 1956 nasceu como relatório a partir das andanças e pesquisas de Palmério, um parlamentar, e acabou se tornando um romance, quiçá um romance que melhor compreenda a relação persistente dos brasileiros com as eleições. Embora retrate as eleições brasileiras em um principiar de século XX, o livro desnuda comportamentos que se verificam a cada novo pleito país afora;
2 - Não vai acontecer aqui, de Sinclair Lewis: Muito antes de Trump, Lewis imaginou uma América sob o jugo do populismo e demonstrou em sua literatura como a democracia pode ser ruída de dentro pra fora narrando a eleição de um tirano que logo instaura uma ditadura no país. No romance a ascensão de Windrip, o clima eleitoral, as mudanças e imposições de comportamentos constituem toda uma atmosfera que possibilita o totalitarismo;
3 - Babel, de Frederico Monteiro: Uma narrativa bem interessante que ao fundo está uma eleição cuja alegoria dá conta da polarização recente vista nesse país. Mais que isso, carrega o olhar cético para universo político através das eleições em Babel;
4 - A Zona Morta, de Stephen King: O mestre do horror americano também adentrou as questões eleitorais ao neste livro trazer um personagem em campanha e que por um vislumbre do futuro, sabe-se tornar-se-ia um grandíssimo tirano. Como tese subentendida no livro "o que fazer quando sabendo-se do nascimento de novos hitleres e stalins?" Um livro que também demonstra que os Estados Unidos não são imunes ao populismo;
5 - O Império do Oprimido, de Guilherme Fiuza: As eleições em alegoria à chegada da esquerda no país acaba pecando pela tosquice da própria alegoria, visto a visão e crítica empobrecida de autor incapaz de dar cabo das complexidades presentes na política nacional. Mas vale o registro porque a seu tempo também demonstra a pobreza de uma extrema-direita que ascende ao poder com uma compreensão deturpada por seu próprio radicalismo;
6 - Ensaios sobre a lucidez, de José Saramago: Num dia chuvoso que se espera alta abstenção, os eleitores vão às urnas, entretanto, a imensa maioria vota em branco, um protesto contra a política [que se de fato ocorresse no Brasil não resultaria em nada, visto que "nos" importa os votos válidos] que leva a uma série de acontecimentos e repete Ensaio sobre a cegueira [inclusive trazendo personagens do livro] colocando em discussão o poder;
7 - Decorophobia ou As eleições, de Notanio Felix: Quem aí já não pensou que eleição é coisa do capeta? Uma carnavalização? Bem, nesse poema alegórico é Satã vem mesmo auxiliar Decorofobo em sua participação nas eleições do império. Dá até pra conferir o pdf completo;
8 - Submissão, de Michel Houellebecq: O livro se tornou um fenômeno contemporâneo ao trazer uma eleição francesa vencida por radicais islâmicos numa obra marcada pela polêmica, mas reflexo de uma pauta muito presente e com os medos e alertas que resultam disso;
9 - Breve História de Sete Assassinatos, de Marlom James: O livro se passa às vésperas das eleições jamaicanas de 76, dois dias antes da morte do ícone Bob Marley;
10 - Complô contra a América, de Philip Roth: Pelo menos entre escritores americanos o medo ou a desconfiança que o país pode ser palco de algo como o nazismo está presente em grandes autores, caso de Roth, mesmo Dick com seu Homem do Castelo Alto. Neste livro de Roth Roosevelt perde as eleições americanas para um defensor do nazismo que se alia a Hitler.