7 Coisas que todo escritor precisa saber ao publicar e-books para Kindle

Quem acompanha o blog sabe que também escrevo, e recentemente meus futuros projetos literários são geralmente publicados na Amazon e disponibilizado para Kindle. Os publico desde 2015, e somada esta experiência a outros relatos que colhemos entre autores, abordaremos neste post 7 coisas que consideramos importante acerca das publicações na Amazon, confira:

1 - A boca do funil é bastante estreita: Não se pode negar que existem exemplos de autoras de "sucesso" no Kindle e que chegaram às grandes editoras, entretanto essa é uma questão a ser ponderada. A publicação em e-book pelo sistema do Kindle representou e representa uma primeira oportunidade para autores que simplesmente desejam que suas obras sejam publicadas de algum modo. Muitos desses, às vezes inspirados por cases de sucesso imaginando-se também futuros bestsellers. Mas a coisa não é bem assim. Se você analisar autores e autoras saídas das publicações na Amazon verá que este é um funil de boca bastante estreita, aliás, penso a que até mais estreita que o caso do Wattpad. Para a gigante corporativa é importante que se tenha alguns bons exemplos, pois estes sustentam a grande lucratividade da empresa ao atraírem mais e mais publicadores. Se você analisar, para ganhar algo minimamente decente com royalties demandaria vender alguns milhares de exemplares, especialmente quando anônimo cujos e-books dificilmente passam dos R$ 5,00. Por outro lado, pense num universo de 20, 30.000 autores e que cada um deles venda de 5 a 10 e-books. Para Amazon já faz diferença. Todavia, destaco neste ponto a questão do funil, de modo que por sua boca passam ainda muito poucos autores com vendas capazes de sustentar projetos literários enquanto dentro do funil permanece um multidão com poucas ou muito poucas vendas (aliás, talvez coubesse aqui um desafio, pois creio ser praticamente impossível listarmos mais de 500 autores (não famosos) que tem vendido mais de 1.000 e-books de um título);

2 - Engajamento: Mas este não é um post de queixas, mas sim de análise. Nisso é relevante também observar métodos e práticas daqueles cases de melhor desempenho. Parece-nos que nesse caso a palavra importante é engajamento, pois casos de autoras como F.M.L Pepper, Tatiana Amaral, Vanessa Bosso, Nana Pauvolih entre outras, mostra que o engajamento e a interação em diferentes plataformas digitais é palavra-chave para alavancar e-books no Kindle. Aliás, parte dessa interação dá-se inicialmente no Wattpad com as publicações parciais, e quando as autoras publicam no Kindle KDP já possuem uma fatia de leitores. Além disso, nesse processo de interação constroem-se redes opinativas, muitas capazes de mobilizar as reviews no site da própria Amazon, o que auxilia a comercialização de e-books. Do mesmo modo isso também nos leva a uma outra questão, o desempenho de gêneros;

3 - Alguns gêneros saem-se melhor que outros: Desde que a Amazon chegou no Brasil, um leitor atento perceberá nas listas de mais vendidos que um gênero especialmente domina as vendas no site. Os romances softporns ou só softs que explodiram desde Cinquenta Tons de Cinza. O gênero ainda reina entre os e-books na Amazon e domina com larga vantagem as vendas no site. Compreender isso é importante, especialmente para autores que escrevam fora deste gênero que podem sentirem-se desestimulados pelo choque entre expectativa e realidade. Além disso há de considerar-se que cada obra e cada autor possui determinado número de leitores, ao menos inicialmente, de modo que na grande maioria dos gêneros cada leitor precisará ser garimpado;

4 - Ilusão métrica: Algo que funciona bem para a Amazon mas pode não passar de mera ilusão a seus autores é sua métrica e seu ranking. Não raro vemos o posicionamento de e-books utilizados por autores como ferramenta de publicidade do e-book. Eu mesmo já experimentei disso, vendo num único dia 2 exemplares de Morgan: o único vendidos me catapultarem à primeira colocação dos mais vendidos em horror. Quem não teria o ego mexido ficando pelo menos algumas horas à frente de Edgar Allan Poe? Fracassados muitas vezes esteve à frente de Agatha Christie, James Patterson, John Grishan, embora não tenha vendido mais que duas ou três dezenas de e-book... Enquanto autores precisamos ser sinceros e limpar as nuvens de ilusão para assumirmos que estar entre os mais vendidos do Amazon Kindle nada significa... não para autores, pelo menos;

5 - Não dá dinheiro: Vocês encontrarão alguns posts na internet tratando da remuneração na Amazon para autores. Quando publicamos pelo Kindle KDP a remuneração se dá pelos royalties que podem ser 35% ou 70% de acordo com a modalidade de publicação. Parece ser uma grande vantagem pois que autores publicados por editoras recebem 10% do preço de capa. Uma outra modalidade ainda de remuneração é de acordo com o fundo global do KDP que monetiza por páginas lidas na modalidade Unlimited. Para os autores esse é um procedimento ainda pouco claro. Mas enfim, embora em termos financeiro certa aparente atratividade, em grande parte pelo funil de que falamos anteriormente, são raros os autores que de fato ganham dinheiro com a venda de e-books. No meu caso, por exemplo, desde 2015 consegui auferir valiosos duzentos e oitenta pilas... uma fortuna;

6 - Futuro dos leitores digitais: Um detalhe interessante a ser observado é a tendência de futuro dos leitores de livros digitais como o Kindle. Já fala-se de uma arrefecimento no interesse por esses aparelhos. Mas vale lembrar aqui que pelos diferentes aplicativos do Kindle pode-se ler em outros meios, computadores, celulares, tablets... o que é interessante nesse caso é que a leitura física, a despeito do crescimento da leitura digital, está longe de qualquer morte;

7 - Mas vale a pena publicar para Kindle?: Dito tais coisas certamente ficam muitas perguntas, a principal é a de que se ainda vale a pena publicar no Kindle KDP. Logicamente que esta é uma resposta de muitas variáveis e que deve ser analisada sempre caso a caso. Trabalhamos neste post com a ótica de deixar claro algumas questões relevantes a escritores  e que devem ser consideradas no momento de publicar seu trabalho. De todo modo, partilhamos a ideia de que a publicação digital estabelece um primeiro contato entre livros e leitores, e esse é o primeiro passo para qualquer coisa. Tornado publico uma escrita, tendemos a pensar que depois disso o autor, muitas vezes já não poderá mais controlar os caminhos a seguir, e essa é uma possibilidade apenas para os livros disponíveis. Além disso, independentemente da expectativa financeira, a publicação dos e-books ajuda no processe de construção de uma base de leitores. Minha publicação mais recente Ópera de Tânatos, por exemplo, nos 5 dias de promoção de distribuição gratuita (uma ferramenta interessante) resulto em mais de 2 centenas de downloads, ou seja mais de 230 pessoas que poderão dar um feedback do trabalho, e isso para autores desconhecidos é um passo importante. Tudo sempre estará ligado ao que você espera e pretende com seu trabalho.         

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