O Blog Listas Literárias leu Um Planeta em Seu Giro Veloz, de Madaleine L'Engle publicado pela editora Harper Collins; neste post as 10 considerações de Douglas Eralldo sobre o livro, confira:
1 - Terceiro livro da série Uma Dobra no Tempo, a publicação mostra sua vocação mais próxima da fantasia que propriamente a ficção cientifica, ainda que o cosmos e a questão temporal conduzam a trama, mais uma vez habitada por criaturas fantásticas prontas para salvar o universo;
2 - Dessa vez será o unicórnio Gaudior que guiará Charles Wallace, agora um garoto de quinze anos, em uma nova e crucial jornada que tem como objetivo salvar o universo a partir da ameaça próxima de um novo conflito atômico. Na verdade, a publicação, provavelmente impactada pela crise dos mísseis de Cuba, apresenta um possível conflito com a fictícia Vespúgia e os Estados Unidos demandando a viagem de Wallace e Gaudior pelo tempo;
3 - Na verdade, a aventura dá-se então em duas frentes, a viagem pelo tempo histórico resgatando a história de uma linhagem histórica que teria a ver com a iminência de guerra que esconderia segredos a serem descobertos, bem como a discussão e o debate acerca das complexidades da viagem temporal e seus paralelismos expressos pelo Pode-Ter-Sido;
4 - Assim, embora o romance promova de fato viagens ao tempo, elas são específicas e de certo modo são fortemente influenciadas por um forte determinismo incapaz de superar a figura do escolhido, algo, claro, condizente ao seu perfil de jornada fantástica, próximo da fantasia e um tanto longe da ciência;
5 - Com isso Gaudior e Charles Wallace viajam por séculos numa trama interligando Europa e América, além de não só viajarem especificamente no tempo, mas também nas suas possibilidades. Nessa jornada pelo tempo e pela salvação do mundo, logicamente teremos o antagonismo dos Ectróis;
6 - Aliás, vale dizer que a obra tem fortes marcas de seu eurocentrismo, algo que fica evidente na trama ao abordar dois continentes distintos e ainda que ambos já habitados, apenas um deles e tratado como civilizador, algo que se contrapõe numa narrativa que justamente procura demonstrar as grandes escalas do universo;
7 - Além disso, em termos de aventura, embora o livr o ambiente em seus percursos históricos as tensões de suas épocas, a ação dá-se muito mais durante a caminhada entre uma estação temporal e outra pela ameaça e ataque dos Ectróis visto que embora numa "missão" de salvar o mundo, Charles Wallace mais aprende e testemunha os fatos que particularmente age;
8 - Desse modo, temos portanto uma narrativa peculiar, pois se da mais no campo da estratégia e das táticas, do que na ação efetiva, e assim demandará dos leitores máxima atenção no que tange o acompanhamento das ações e das atividades dos protagonistas, especialmente durante os desvelos que nos exigem perceber com atenção qual personagem está em foco;
9 - Talvez por isso não seja uma leitura de fácil envolvimento, nesse título mais que no anterior, inclusive, além do fato de no caso deste leitor, existir certas ressalvas com essa mescla entre fantasia e ficção científica, especialmente porque a obra pende muito mais para a primeira ainda que seus elementos sejam puramente científicos. Há na série aquela visão de observar a ciência como magia, cujo resultado dependera sempre de leitor para leitor;
10 - Enfim, embora uma jornada um tanto estática, o livro é uma boa narrativa juvenil, que especialmente aos fãs de criaturas fantásticas, caso dos unicórnios, será leitura de interesse, e que de toda forma trata-se de um convite a imaginação e acima de tudo uma mensagem pacifista o que nem sempre é comum neste gênero, por incrível que pareça.
Tags:
Resenhas
Ectroi já é o plural deles. Os Ectroi. Não existe "ectrois". E o singular é Ectros.
ResponderExcluir