A que ponto começa uma ditadura? Quando somos capazes de identificar os momentos de exceção, ou o que para muitos pensadores é verdadeiramente a constante social: o autoritarismo, que no caso do Brasil é constitutivo de nossa história? Neste post não procuramos responder tais questões, mas elencamos algumas obras nacionais que ajudam a refletir sobre o processo autoritário de nossa sociedade, muitos destes livros que inclusive voltam à discussão nestes tempos de retrocessos e perseguição ao pensamento livre. Confira:
1 - Incidente em Antares, de Érico Veríssimo: Uma obra dos anos 70, mas que muitos poderiam pensar ser escrita hoje. Não por ela ser atual, mas sim pelo fato que nunca estivemos imunes dos desejos totalitários e autoritários de nossa elite, e que agora são retomados com força. Na obra, por meio do realismo maravilhoso o autor "cria" seus zumbis para debater as incoerências sociais e políticas, numa trama que não promete nenhuma esperança conforme mostra seu final;
2 - Cadeiras Proibidas, de Ignácio de Loyola Brandão: Assim como questões ambientais, as estruturas de poder também estão presentes na obra do autor. Nesse livro de contos, o autoritarismo e o totalitarismos são abordados de uma forma muito rica. De "O Homem do Furo na Mão" surge o romance "Não Verás País Nenhum";
3 - O Exército de um Homem Só, de Moacyr Scliar: Outra obra que volta a ser procurada por leitores que num mundo de grandes ataques aos direitos humanos conta a história de um quixotesco humanista e sua luta solitária que descreve as relações de poder e a dificuldades sempre posta aos que acreditam num mundo melhor;
4 - Sombras de Reis Barbudos, de José J. Veiga: Outro autor a escolher pelos distintos caminhos e possibilidades do fantástico, usa habilmente o insólito para refletir sobre as estruturas de poder, especialmente neste em que traz a construção de uma ideia totalitarista que muitas vezes é estudada em conjunto ao momento que está inserida, o auge da repressão da ditadura militar;
5 - Os Cem Melhores Contos do Século XX, Org. Ítalo Moriconi: Uma grande antologia de contos brasileiros do Século passado que em sua grande maioria terão em discussão o autoritarismo e a violência tão presentes entre nós;
6 - A Hora dos Ruminantes, de José J. Veiga: Obra mais conhecida do autor, propõe não só uma reflexão sobre o estranho e o estrangeiro, mas irá discutir processos de transferência de autoridade, mas acima de tudo escancarará a transição para o desaparecimento de nossas liberdades;
7 - Oeste: A Guerra do Jogo do Bicho, de Alexandre Padilha: O thriller recente é bastante sui generis em nossa literatura tendo aquela pegada de entretenimento mas que desnuda relações autoritárias numa sociedade em que o crime e a política não andam separadas não, e de certa forma mostra como nosso Estado não funciona, ou funciona, quando se exigem medidas autoritárias;
8 - Circo, de Alckmar Santos: Uma de minhas leituras recentes que ao revisitar nosso passado durante a ditadura militar demonstrará com grande perícia como somos impactados pelo autoritarismo, independentemente de nossa distância do poder;
9 - O Ateneu, de Raul Pompeia: Lido por muitos como alegoria da queda do Império, o romance vai debater diversas facetas do autoritarismo, assim, bem sugestivo e pertinente ter como espaço essa escola cujo desfecho final bem poderia ter servido de inspiração ao Pink Floyd;
10 - Seminário dos Ratos, de Lygia Fagundes Telles: Outro livros de contos, e especialmente neste que dá título ao livro teremos uma abordagem impactante sobre as relações de autoridade e a própria podridão do poder.
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