10 Considerações sobre A Cidade Murada, de Ryan Graudin ou como muros te aprisionam

O Blog Listas Literárias leu A Cidade Murada, de Ryan Graudin publicado pela editora Seguinte, e neste post publica as 10 considerações sobre o livro, confira:

1 - A Cidade Murada é um livro que prima pela ação, com um enredo dinâmico e veloz, as três vozes que dividem a narrativa dão o clima de perigo e tensão necessários a um ambiente tomado pelo crime e pelos segredos e mistérios que envolvem suas personagens;

2 - Ambientado numa cidade cercada por muros onde o crime e a miséria tomam conta, Hak Nam é assustadoramente inspirada numa cidade real, a Cidade Murada de Kowloon, Hong Kong, um lugar dominado pelo crime e suas quadrilhas, e extremamente pobre como sua recriação ficcional;

3 - E para nos apresentar este ambiente, Ryan Graudin cria uma história que é contada por três narradores, o Jovem Dai, a jovem Mei Yee, e Jin, uma garota disfarçada de garoto, única forma de sobreviver na ruas de Hak Nam. Os três, em meio a brigas de gangues e envolvimento com a Trindade, narram suas sobrevivências dentro dos muros da cidade murada ao mesmo tempo que aos poucos vão revelando ao leitor seus passados e o que os levaram até Hak Nam para suas novas histórias que convergem para um entrelaçamento;

4 - Com ritmo e vozes juvenis, a trama então ganha contornos de livros de ação muito próximo da literatura policial, especialmente espionagem, ao passo que também revela os dramas de seus protagonistas, que além de seus traumas precisam escolher em quem confiar, estando num ambiente tão pouco propício a confiança;

5 - É justamente nessa constituição das personagens que o livro acaba exagerando um pouco nos clichês, especialmente dos vindos do cinema em filmes de ação, com a presença do cara que precisa se redimir de uma "grande "M"", a libertadora, e, obviamente a mocinha a ser resgatada das mãos do bandido. Isso poderá impactar o leitor dependendo seu nível pessoal de aceitação a clichês. Eu não ligo muito, mas eles estão lá.

6 - Por isso que acima de tudo, A Cidade Murada é um livro típico de jornada pessoal em que a redenção de uma das personagens e elemento central da narrativa, onde alguém se redescobre e ressurge como uma fênix, uma nova pessoa, e isto é bem transparente no livro;

7 - Se os clichês são um pouco exagerados, A Cidade Murada compensa por seu ritmo alucinante, sempre em movimento e recheado de revezes que criam uma narrativa extremamente cinematográfica cuja parte final eletrizante é tão boa quanto os bons filmes de ação;

8 - Mas não vá achando que num livro de pura ação falta espaço para o romance, ele está presente, insinuando-se aos poucos, até que...

9 - Sem dúvida alguma o grande mérito do livro está em sua ambientação ao retratar com grande habilidade a miséria e a vida praticamente bárbara dentro dos muros de Hak Nam, lembrando inclusive os cenários de Charles Dickens ou Vitor Hugo, só que num espaço contemporâneo, e ainda incrivelmente verossímil;

10 -   Enfim, A Cidade Murada é uma boa e interessante leitura, sendo capaz de agradar em seu desenvolvimento a rapazes cheios de testosterona e ansiosos por adrenalina, que encontram com toda a açã presente no livro, assim como pode agradar às moças mais românticas com seu desfecho que certamente irá encantar corações apaixonados.
























P.S.: Ryan Graudin discorda literalmente de TcheKhov quanto a aparição de revólveres. Para ele, se a arma surge, ela fatalmente deverá ser usada, o que em A Cidade Murada acaba não acontecendo.

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem