10 Considerações sobre Para Conhecer Sintaxe, de Eduardo Kenedy e Gabriel de Ávila Othero

Mais uma de nossas leituras acadêmicas aqui no blog. Desta vez Para Conhecer Sintaxe, de Eduardo Kenedy e Gabriel de Ávila Othero publicado pela editora Contexto; neste post as 10 considerações de Douglas Eralldo sobre o livro, confira:

1 - Ideal para estudantes e interessados em sintaxe, cujo conhecimento de acordo com a publicação "é, em geral, pesquisar fenômenos gramaticais que acontecem nos limites entre a palavra e a frase", a publicação trata-se de um bom volume de caráter introdutório a este campo de estudos da linguística;

2 - O livro como introdução aos estudos sintáticos é, aliás, constantemente retomado e relembrado pelos autores da publicação. A bem da verdade, esta introdução aos conceitos básicos do estudo sintaxe acaba funcionando como uma ponte entre o estudante saído do ensino médio, geralmente conhecedor apenas das gramáticas normativas e da Nomenclatura Gramatical Brasileira - NGB e o estudante universitário que chegará à academia e então deparar-se-á com todo um novo universo de estudos linguísticos, quem via de regra apontarão para inúmeras inconsistências de tudo aquilo que conheceram como regra até então. Nesse sentido, a publicação é feliz em conseguir preparar o terreno e acima de tudo reforçar a necessidade de enquanto linguista, discutir e refletir sobre as incoerências no ensino de língua;

3 - Mas antes de adentrarmos um pouco mais a publicação, vale observar para os autores o conceito daquele que estuda sintaxe: "O sintaticista é, portanto, um estudioso que se dedica a observar, descrever e explicar as regras e os princípios gramaticas que subjazem aos fenômenos sintáticos das línguas naturais, tais como ordem e concordância" e assim os autores revelam seus propósitos na publicação que "é apresentar ao leitor os fundamentos do fazer desse tipo de linguista, suas ferramentas básicas de análise e suas opções teóricas e metodológicas mais produtivas";

4 - Para tanto, o livro então está dividido em quatro grandes capítulos, em que abordam "a noção de constituinte", "funções sintáticas", "articulação entre orações" e o capítulo "duas abordagens no estudo da sintaxe" em que tratam "a abordagem funcionalista" e a "abordagem experimental" além de uma introdução acerca da "abordagem tradicional-normativa e a abordagem formalista". Além dos quatro capítulos do livro, temos ainda a "apresentação" e a curta "conclusões finais" dos autores;

5 - Talvez o primeiro capítulo seja o mais acessível a quem não tenha um conhecimento mais profundo de sintaxe, pois os demais serão um tanto mais exigentes nesse aspecto. Neste capítulo os autores dedicam-se às noções de constituintes ou sintagmas, segundo eles unidades intermediárias onde opera a sintaxe. No capítulo, então, os autores apresentam os diferentes testes de identificação de constituintes assim como trabalham os diferentes sintagmas em português e tratam das representações arbóreas destes sintagmas, algo bastante presente nos estudos sintáticos universitários;

6 -  No capítulo seguinte e pressupondo o domínio dos conceitos do capitulo anterior, os autores passam então a tratar das funções sintáticas de elementos do período e ainda "a dualidade entre forma (sintagmática) e função (sintática)". No capitulo os autores lembram que "o conceito de função sintática e derivado da noção de constituinte" e "com efeito, uma função sintática qualquer é sempre o papel que um constituinte desempenha em relação a outro numa dada estrutura frasal" ;

7 - Vale dizer que neste segundo capitulo parte-se para as discussões acerca da análise sintática, por isso os autores apresentam debates interessantes quanto à NGB e dos desencontros que muitas vezes ocorre das limitações desta em relação aos estudos linguísticos mais profundos, inclusive com o próprio estudo da sintaxe;

8 - Se no capítulo anterior as discussões dão-se no período simples, o terceiro capítulo parte para o estudo da "articulação entre orações" em que se dedica aos diferentes processos de formação do período composto, abordando categorias tracionais como "subordinação" e "coordenação" e também abordagem sintaticista de articulação por "encaixamento", "hiportaxe" e "parataxe". Nesse capitulo, além dos conhecimentos adquiridos nos capítulos anteriores, os leitores serão apresentados a nomenclaturas e conceitos novos para além do tradicional presente no ensino regular;

9 - No último capítulo os autores dedicam-se a abordagens contemporâneas do estudo sintático apresentando-nos alguns pressupostos da sintaxe funcional e experimental. De acordo com os autores "vimos que a sintaxe, basicamente, se ocupa com o estudo da organização interna da frase. Contudo, a organização entre os constituintes da frase obedece, muitas vezes, a princípios guiados pela organização do fluxo informacional" e que ainda "no estudo da abordagem experimental da sintaxe, por outro lado, vimos como podemos investigar questões relacionadas à interpretação sintática e a produção de frases, aplicando métodos de investigação que nos permitem monitorar (em tempo real ou a posteriori) como o falante-ouvinte produz ou compreende uma da construção sintática";

10 - Enfim, Para Conhecer Sintaxe é ótima leitura introdutória, mas que ainda assim demandará bons conhecimentos dos leitores no campo de estudos relacionados. Como dissemos é importante ponte para os que desejam trilhar caminhos mais profundos do estudo da língua no campo da sintaxe, mas que não se reduz aí, podendo ser ótima fonte de pesquisa e estudos para os que por uma razão ou outra pretendem conhecer um pouco mais os desafios da língua portuguesa pelo aspecto de sua sintaxe, de modo que é publicação boa para estudantes, pesquisadores, concurseiros, etc.



2 Comentários

  1. Boa análise,mas isso não é literatura. Kkkkk

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    1. KKK Mas aí nos embrenharíamos nos intricados e tentaculares debates acerca da pergunta elementar "o que é literatura?" cujo único consenso é o de não haver consenso quanto a isso. Para o que apontas, por exemplo, há a literatura médica, como tratam o conjunto respeitado e conhecido de publicações e referências da área, não seria o mesmo para a literatura teórica?

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