10 Considerações sobre A Pílula do Câncer - Uma Segunda Chance, de Amanda Kraft

O Blog Listas Literárias leu A Pílula do Câncer - Uma Segunda Chande de Amanda Kraft; neste post as 10 considerações de Douglas Eralldo sobre o livro, confira:

1 – A Pílula do Câncer é uma narrativa que possui certas qualidades, mesmo que enfrente os desafios de uma produção independente, mas que fora um deslize ou outro é capaz de envolver o leitor em sua trama, que acima de tudo é bem engendrada e trata de um tema capaz de suscitar polêmicas;

2 – Com uma narrativa dividida em dois tempos, a obra tem como pano de fundo a polêmica fosfoetanolamina que tem sido usada para tratamentos experimentais contra o câncer. E a autora traz este tema colocando seus protagonistas no centro da questão, construindo pesquisadores envolvidos com a pesquisa quem em diferentes momentos lidam com isso, ainda que o foco central esteja nos passos de Daniel e Carol que separados pelo tempo convergem para um mesmo mistério;

3 – Isso dá ao livro em determinados momentos ares de ficção policial permeando o romance romântico ao mesmo tempo que carrega elementos de suspense. Tudo isso intensifica-se na parte final, e quando já esperamos por uma coisa, além desta espera, deparamo-nos com outros desfechos que não deixam de surpreender;

4 – Contudo, especialmente no “tempo de Carol”, o presente, nos deparamos muito mais com uma personagem à mercê do destino do que propriamente uma “investigadora” a fim de descobrir os mistérios que a perturbam e mais sobre a foto encontrada. É também neste pedaço de foco narrativo que temos o florescer das paixões, que de algum modo evocam destinos entrelaçados, o que pode pesar de diferentes formas conforme o leitor;

5 – Além disso, podemos refletir algumas questões sobre a narrativa, uma delas é a de que a autora posiciona-se a partir de suas personagens em relação à temática de pano de fundo, o que pode ser um risco, porém ela assume-o, e em determinados momentos temos praticamente uma propaganda da fosfo;

6 – Do mesmo modo é curioso observar os perfis das personagens femininas, especialmente porque temos uma narrativa escrita por uma autora. Há certa resignação subserviente nas personagens femininas e em determinados momentos elas reproduzem e aceitam comportamentos patriarcais, até porque algo que liga muitos personagens do livro (e, diga-se, alguns homens) é suas incapacidades de escolhas com muitos deles vivendo sob a destinação dada por outrem. Contudo, algo mais preocupante foram os diferentes momentos em que as mulheres do livro surgiram como “propriedade” de alguém, um conceito que sempre provoca reflexões;

7 – Há também, muito em virtude talvez do fato de ser uma produção independente um ou outro deslize de revisão e alguns ruídos de narrativa, em especial quanto à literalidade e alguns capítulos uma alternância de tempo verbal que salta aos olhos. Porém, isto de forma algum denigre o trabalho geral, que no seu contexto amplo cumpre ao que se propõe;

8 – E com isso quero dizer que o livro flui de forma bastante natural e a trama é capaz de envolver com sua carga dramática e de tensão sempre equilibrada. Além disso, as teias da ficção surgem aqui bem tramadas e dançam ao ritmo de um bom thriller nos levando até o seu final sem grandes percalços;

9 – Desta forma, é um livro que pode tocar muitos leitores pois reúne diferentes elementos de interesse, do romance ao espiritismo, da ação às pesquisas contra o câncer, com personagens que conseguem soar de forma original e com identidade, o que é um bom começo para estrear na literatura;

10 – Enfim, A Pílula do Câncer é uma leitura que se mantém na média e mesmo sendo uma obra que encontra espaço a ser lapidada, reúne elementos que podem agradar um grande número de leitores, e independentemente que discutamos algumas questões conceituais no romance, é uma leitura que cumpre seu papel e nos entretêm ao longo de suas páginas.



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