10 Considerações sobre O Bosque Subterrâneo, ou por que ouvir o sussurro das plantas

O Blog Listas Literárias leu O Bosque Subterrâneo, de Colin Meloy e Carson Ellis publicado pela Galera Júnior; neste post as 10 considerações de Douglas Eralldo sobre o livro, confira:

1 – Antes de mais nada preciso confessar que cheguei ao Bosque Subterrâneo desconhecendo seu predecessor O Bosque Selvagem que inicia a série de livros do casal Colin Meloy e Carson Ellis, contudo isso não criou grandes empecilhos para a imersão neste universo fantástico que mesmo seguindo as aventuras anteriores pode ser lido de forma independente, e claro te dando a maior força para que conheças toda a sequência;

2 – Dito isto, o que importa dizer que O Bosque Subterrâneo é uma obra muito interessante indo além do simples entretenimento infantojuvenil pois carrega em seu cerne elementos característicos e qualidades das principais obras do gênero como As Crônicas de Nárnia e O Hobbitt, guardando para além da dimensão da aventura e da fantasia, nuances capazes de levar seus jovens leitores à reflexão;

3 – Na verdade, a obra encontra sua própria voz e originalidade ao meio que unir o universo de Charles Dickens com C. S. Lewis unindo o contemporâneo e o passado numa mistura saborosa de steampunk e fantasia permeada com magia e encanto sem perder em momento algum a tensão e o suspense provocados por uma boa aventura;

4 – São estes elementos que surgem quando Prue retorna à Floresta Impassável para reencontrar o mundo mágico diferente e envolto às consequências do primeiro livro. Além disso, há seu reencontro com Curtis, bem como o sombrio núcleo protagonizado por suas irmãs no Orfanato Uthank, uma instituição que serve de catalisador para uma série de questionamentos e reflexões sobre o mundo moderno;

5 – Vejamos que neste núcleo é onde encontraremos diversas referências à industrialização e a própria vilania de um capitalismo selvagem e criminoso como o dos Titãs, além é claro das próprias concepções do sombrio Sr. Uthank que comanda o setor Partes de Máquinas explorando o trabalho escravo de seus pequenos órfãos enquanto trabalha obsessivamente para chegar à Floresta Impassável;

6 – Com isto vale dizer é que os jovens protagonistas enfrentam perigos reais e tenebroso, seja no mundo exterior seja no universo fantástico da floresta onde ataques de Kitsunes e tramas políticas ainda em segredos põe tanto a vida de Curtis e Prue em risco como toda a Floresta Impassável, tramas estas que colocam a narrativa em ação levando os personagens a novos descobrimentos neste mundo mágico;

7 – Então, eis que surge O Bosque Subterrâneo, lar das toupeiras que vivem suas próprias intrigas naquele pedaço de universo desconhecido, intrigas estas que precisarão da intervenção de Prue e Curtis ao mesmo tempo que os novos conhecidos poderão colaborar com a jornada dos dois, uma jornada, diga-se, não sem os seus momentos de divisão entre “os heróis”;

8 – Portanto, com toda estas observações não é exagero dizer tratar-se de uma obra diferenciada e inteligente trazendo uma pegada forte, tanto é que uma de suas melhores passagens nos faz lembrar do emblemático clipe “The Wall” do Pink Floyd, o que só conta pontos a favor desta publicação repleta de camadas;

9 – Desta forma temos um livro que fala de revolução, ao mesmo tempo que nos traz síndrome de Peter Pan, que fala sobre natureza e reflete sobre industrialização e poder. Reforça aos nossos jovens leitores que além de escutar as plantas, como faz Prue, é preciso saber que há muitos Senhores Uthanks e seus Titãs, que a roda dos acontecimentos não travam e que mesmo depois de uma vitória, “o depois” pode ser tão ou mais perigoso que o passado vencido;

10 – Enfim, parece-me portanto uma série diferenciada dentre tantas narrativas para jovens leitores, e logo que possível pretendo ler o princípio dela. Além disso, embora não saiba como termina a primeira obra, esta, diga-se não possui claramente um final pois suas páginas finais soam muito mais como um prelúdio para acontecimentos memoráveis.



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