10 Considerações sobre A Longa e Sombria Hora do Chá da Alma, de Douglas Adams ou por que vamos todos para Valhalla

O Blog Listas Literárias leu A Longa e Sombria Hora do Chá da Alma, de Douglas Adams publicado pela editora Arqueiro; neste post as 10 considerações de Douglas Eralldo sobre o livro, confira:

1 - Em A Longa e Sombria Hora do Chá da Alma certamente temos o estilo ácido e reflexivo de Douglas Adams numa fantasia urbana que percorre o mundo dos deuses mas sem nunca deixar de olhar para o humano, especialmente como se apresenta em suas contradições;

2 - No livro temos o estranho, sarcástico e anti-herói detetive holístico Dirk Gently numa investigação fragmentada e truncada onde numa caricatura do gênero ele age "de acordo com os ventos" do destino numa trama amparada pelo fantástico e pelo absurdo;

3 - A partir disso somos colocados diante de uma trama que por vezes soa truncada e fragmentada em que os personagens são joguetes num mundo compartilhado com deuses de Asgard que andam por aqui com suas querelas e criando cenas absurdas incapazes de surpreender Dirk Gently;

4 - Tudo isso elaborado de tal forma a assim como nos livros que formam O Guia Completo dos Mochileiro das Galáxias, Douglas Adams nos apresentar sua visão talvez cínica, ácida e desesperançosa sobre o comportamento da sociedade já que em seus romances nada e ninguém é poupado;

5 - Aliás, nessa obra há o impacto forte das antíteses, uma ironia que acampa pelas páginas cujas palavras sempre dizem o contrário do que realmente dizem demandando sempre atenção dos leitores ao que realmente está nos sendo exposto;

6 - Contudo, parece-me um livro menos humorado que "O Guia" talvez justamente por não nos permitir respirar dessa acidez implacável representada com certo brilhantismo por um detetive que é pura negação e uma trama que nos faz voltar sempre ao texto de modo a compreendermos melhor sua narrativa;

7 - Há portanto nessa fantasia ares de surrealismo, cenários improváveis cujo tom de deboche do próprio Dirk amplia a sensação de falsa farsa, já que a despeito de suas pegadas de humor, suas piadas, é um livro violento no sentido do impacto provocado, a graça em suma serve para mascarar algo aparente, que é a concepção de sociedade que é criticada por Adams;

8 - Além disso, vemos no livro mais um pouco do duelo do autor com a religião e os mitos, e aqui, ele claramente não ignora os deuses, seus conceitos, mas deixa clara a natureza humana da criação destes seres poderosos, são os homens os criadores dos deuses, e não o contrário segundo a ótica do autor;

9 - Obviamente tudo isso acaba produzindo uma obra de intensidade, e ainda que o ritmo seja mais truncado que o restante de seus livros, o objeto de discussão e crítica é o mesmo, só que feito através de uma típico anti-herói envolvido em aventuras improváveis mas possíveis como o enrosco envolvendo estes deuses nórdicos;

10 - Enfim, a despeito de uma aparente simplicidade e aventura bem humorada, o livro é complexo e convida o leitor a refletir sobre a sociedade, especialmente seus contratos de poder como veremos a crítica presente no final do livro demonstrando uma resistência do autor a um mundo falseado pela propaganda e roubado por representantes jurídicos espertalhões.



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