Ah, a força do protagonismo! Ela pode eclipsar tudo e tudo resolver. O fato é que o personagem é de fato o grande motor das narrativas, podemos não lembrar de enredos, cenários, mas os grandes personagens, bem esses são inesquecíveis. Especialmente os protagonistas. Dificilmente, você leitor não recordará de pelo menos umas boas dezenas de protagonistas inesquecíveis. Mas quando falamos em personagens, mesmo aqueles que não são os protagonistas de suas narrativas podem ser tão inesquecíveis quanto os protagonistas. Neste post selecionamos os 10 melhores personagens coadjuvantes da literatura, sim, aqueles que não dão nome a uma saga, aqueles que não conduzem a narrativa, mas que, ainda assim, são inesquecíveis e em alguns casos até mesmo podem rivalizar a posição de protagonista, confira:
1 - Sancho Pança: O tonto e gorducho escudeiro do cavaleiro andante Dom Quixote é mais que um mero coadjuvante. Há nele também a mesma sabedoria febril e insana de Dom Quixote e a forma pícara e resistente com que lida com sua própria existência faz dele um coadjuvante memorável, tão bom quanto o protagonista. Aliás, a segunda parte de Dom Quixote meio que já aponta para a popularidade de Pança e nesse segundo volume ele apresenta mais nuances e camadas dignas de reflexões mais profundas;
2 - Hermione Granger: Neste vídeo comento alguns motivos para não gostar de Harry Potter, e uma de minhas cismas com a obra é como Hermione nos parace mais interessante, firme e boa personagem que o próprio Harry. A bruxinha é mais inteligente e astuta que o protagonista, que, convenhamos, tem alguns privilégios em Hogwarts. Embora coadjuvante, Hermione está a altura de Harry e entra nessa luta com muita justiça já que sem ela, certamente o desfecho poderia ser diferente;
3 - Samwise Gangee: Ultimamente tem se criado na internet certa dicussão sobre a posição de Sam em O senhor do anéis. Muitos leitores têm colocado-o na posição principal da narrativa já que, a bem da verdade, é a sua postura e a sua fibra que derrotam Mordor a despeito de Frodo ser o portador do anel. De coadjuvante discreto a protagonista da narrativa, seria esta a posição de Sam? O fato é que ele é um dos personagens mais marcantes da saga do anel, o menos inbuído de heroísmos e de protagonismos, e ao cabo, a principal figura para a resolução do problema;
4 - Dr. Watson: Embora narrador das aventuras de Sherlock Holmes, nosso nobre Dr. Watson é enquanto personagem um coadjuvante, elementar meu caro. Mas um coadjuvante memorável enquanto testemunha das aventuras do maior detetive do mundo. Simpático e um amigo confiável, Watson é um dos grandes coadjuvantes da literatura, lembrado tanto quanto seu protagonista, pois, não raro, são lembrados em conjunto;
5 - Diadorim: Névoa e neblina do narrador-protagonista em Grande Sertão: Veredas, a personagem é uma das mais enigmáticas de nossa literatura, já que exerce sobre o narrador um fascínio ao nível da devoção e do lamento, lamento especialmente pela recordação do trágico desfecho da relação de ambos após anos de convívio no cangaço;
6 - Capitão Nemo: Talvez tenhamos aqui um caso em que o coadjuvante eclipsa totalmente o protagonista da narrativa. Sim, Nemo não é o protagonista de Vinte Mil Léguas Submarinas. O que é um protagonista? De modo geral e resumido poderíamos dizer que é o personagem que vive e organiza a estrutura do enredo ao seu redor, nesse caso, obviamente o aventureiro é o professor Aronnax. Mas quando falamos no livro, qual personagem lhe vem primeiramente à mente? Por certo que é o exótico e misterioso capitão que conhece o fundo do mar como poucos e inventor de uma das máquinas mais incríveis da literatura. Além disso, Nemo se tornou um personagem tão famoso da cultura popular que passa a integrar diferentes narrativas para além da de Jules Verne;
7 - Hannibal Lecter: Talvez precisamos de uma lista com os melhores antagonistas da literatura, que acham? Bem, o antagonista é também um coadjuvante e aqui temos um dos mais cultos e inteligentes coadjuvantes da literatura. Assassino também, claro. Aliás, Dr. Lecter toma ares de protagonista, mesmo sendo o vilão de suas narrativas. Isso já funciona no livro e é amplificado no cinema com a atuação de Anthony Hopkins nas telonas;
8 - Capitu: Dom Casmurro que narra suas próprias desventuras é chato e previsível, corno autopresumido que passa a vida lastimando de viver com a mulher que desejava. Já Capitu, em tese coadjuvante, com seu olhar oblíquo e simulado é o grande mistério da narrativa de Machado de Assis. Mistério e encanto, claro. Uma das personagens mais inesquecíveis da literatura brasileira é uma coadjuvante prejudicada eternamente pelo olhar suspeitoso do homem ciumento;
9 - Julia: A personagem coadjuvante surge em momentos específicos de 1984, mas é certamente uma das personagens mais firmes e fortes da distopia 1984, de George Orwell. Corajosa e amante de Winston Smith, a personagem traz a força da resistência ao autoritarismo;
10 - Mefistófeles: Em todas as obras que tratam o mito de Fausto, ele, claro é o protagonista, o homem que se danará ou se salvará após pactuar com o capiroto. Mas para a existência de Fausto é indispensável a presença da figura corruptora, que para muitos especialistas foi a grande sacada que solidificou as narrativas literárias em torno do mito: Mefistófeles. O demônio que tenta e assina acordo com Fausto é um dos melhores coadjuvantes da literatura e para alguns, certamente o mais perigoso.
