Tido como um mito capaz de descrever o homem moderno, o mito de Fausto é um dos mais persistentes em nossa cultura, seja ela popular ou erudita. No post de hoje selecionamos 10 obras que constituem de forma relevante esse tecido fáustico, além de compartilhar leituras inesperadas que reforçam o alcance desse mito, confira:
1 - A história do Doutor Johann Fausto, editado por Johann Spies: O livro que talvez solidifique o mito que já circulava, mas que a partir dessa obra anônima passa a ser trabalhado com maior ênfase pela literatura. É o início da passagem desse mito para o literário. Temos essa importante edição em língua portuguesa a partir da importante pesquisa de Magali Moura;
2 - Fausto, de Goethe: O poema alemão é colocado como aquele que então firma o mito na literatura e na cultura, inclusive emancipando-o de sua origem e é quando, para João Barrento, o mito passa a ter seu recorte universal. Sem dúvida alguma é impossível pensar o mito sem a obra de Goethe, a qual geralmente os olhares se voltam ao se pensar o mito;
3 - A trágica história do Doutor Fausto, de Christopher Marlowe: Para além do fato da peça de Marlowe tirar Fausto do âmbito alemão, o fato de também constituir o percurso qu evai da história o mito e deste à literatura. Para João Barrento é importante destacar ainda que é o primeiro modelo literário do mito em que se escolhe o caminho do diabo;
4 - Doutor Fausto, de Thomas Mann: Talvez seja o exemplar do mito escrito no século XX mais disseminado e conhecido. No livro de Mann a relação do mito com a modernidade, mas ainda todo o processo histórico, filosófico e teológico marcado pelo pano de fundo de uma história dilacerante não apenas da Alemanha, mas do mundo no século marcado pelas maiores tragédias humanas;
5 - Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa: Certamente temos aqui o romance nacional que mais é recordado quando pensamos o mito em terras brasileiras - ainda que tenhamos uma tradição popular e literária bastante fáustica. O possível e suposto pacto de Riobaldo com o Diabo é tema de uma centena de pesquisas com distintos caminhos apontados;
6 - O ferreiro das três idades, de Natanael Lima: Como que reforço dessa compreensão de que o mito circula em diferentes espaços da cultura, vamos incluir na lista essa obra da cultura popular que segunda Jerusa Pires Ferreira circulou muito tendo suas bases na cultura popular e nos cordéis a respeito do mito de Fausto;
7 - El Fausto Criollo, de Estanislao del Campo: O mito embora com suas origens bem definidas, logicamente se espraiou pelo mundo e a obra de del Campo leva o mito ao gênero gauchesco que não, não estamos falando do Rio Grande do Sul, mas da literatura argentina, origem do gaúcho e fonte de obras importantíssimas na compreensão desse outro ser mítico;
8 - Fausto: Tragédia Subjectiva, de Fernando Pessoa: O poeta português também adentrou à perspectiva fáustica, entretanto, a obra fáustica de Pessoa restou inacabada, restando seu Primeiro Fausto, que pode ser lido aqui;
9 - Las ilusiones del Doctor Faustino, de Juan Valera: Dentro da cultura ibérica trata-se de uma das versões do mito em terras espanholas numa tentativa de reescrever o mito em formas realistas. É possível ler a obra neste link.
10 - A lenda de Fausto, de Samila Lages: Fechamos essa lista com uma narrativa que apresenta-nos algumas aprendizagens. A primeira é que trata-se de uma leitura erma nossa aqui no blog, cuja resenha de nossa parte traz muitas imperfeições e mesmo pontos que hoje trataríamos de modo distinto perante nossa evolução enquanto leitor e pesquisador. Outro exemplo é do quão abrangente o mito pode ser, aqui, detalhado numa narrativa queer de grande efeito.
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