8 Razões porque literatura não significa [necessariamente] livros

Entre os fãs de literatura há a lembrança direta aos livros a tal ponto que muitas vezes pode ficar a impressão de que os dois são faces de uma mesma meda, mas será mesmo? Literatura significa necessariamente livros? Defender a leitura e os livros é  o mesmo que defender a literatura? Neste post compartilhamos 8 razões porque literatura não significa [necessariamente] livros, confira:


1 - Problemáticas de definição: Se há um consenso no que se refere à literatura é a problemática da definição. Embora tenhamos muitas proposições, é bem sabido de que a literatura e suas definições ou são largas ou são impossíveis. Em suas mais diferentes manifestações o que podemos dizer é que aquilo que acabamos pode compreender por literatura ou literário circulará em muitos e distintos suportes... e aqui já um vislumbre dessa relação com os livros;

2 - A literatura precede os livros: Embora constituídos quase que numa relação simbiótica, livros e literatura, a verdade é que a literatura precede os livros, formato que não só se popularizou, mas mesmo com o advento das tecnologias digitais, parece guardar a preferência dos leitores. Ocorre que a literatura já existia muito antes de Gutenberg inventar a prensa - e o formato livro - por volta de 1.450 D.C. Ou seja, a literatura constitui-se uma criação humana anterior ao próprio livro, e isso já nos leva ao título do post;

3 - A literatura oral: Nos primórdios da literatura as estórias eram transmitidas oralmente, e essa é uma tradição que se mantém em muitas culturas, como os griots. Ocorre que um texto oral não precisa estar fixado no papel, no livro para circular, para ser lido ou recebido, no Nordeste ainda é possível encontrarmos romancistas que guardam tudo na memória. Exemplo de que a literatura prescinde o formato livro é a tática adotada para salvar os livros queimados em Fahrenheit 451: memorizá-los;

4 - Formatos múltiplos: Além da voz - e da memória - no decorrer do avanço da literatura entre nós, mesmo antes dos livros as pessoas encontraram formas de fazer circular suas narrativas, fosse gravado em pedras ou em couro, como os pergaminhos ou mesmo os papiros, de modo que encontramos sempre um lugar para escrever nossas literaturas;

5 - Mesmo grandes romances não nasceram nos livros: Com a prensa surgiu a imprensa e com ela os primeiros jornais, aos quais devemos grande parte da literatura brasileira, por exemplo. Foram nos jornais, ou melhor, nos rodapés desses jornais que muitos dos romances canônicos que nos constituem enquanto nação nasceram primeiros na imprensa, nos jornais, para somente depois ganharem vida no formato livro;

6 - Nem todo livro é literatura: Lembram do primeiro item, a questão da definição? Então, não precisamos ser muito espertos para perceber que grande parte do que é publicado no formato livro não é literatura. E não, não estou falando de romances ruins ou romances populares que alguns metidos a besta desconsideram ser literatura. Estou falando de obras doutrinárias, caso das religiões, estou falando dos manuais, das porcarias de auto-ajuda ou os livros coach, indo por aí, inclusive perceberemos que o que ocupa muito espaço em livrarias sequer é literatura;

7 - A literatura prescinde a alfabetização: Quando falamos em formato livro estamos falando obviamente de escrita, e escrita demanda alfabetização. Ocorre que, como observamos quanto a existência da literatura oral, a literatura nem mesmo exige alguém alfabetizado para ler ou produzir. Geralmente quando faço tal lembrança em minhas aulas de literatura há espanto entre alunos, mas poderia ficar apenas com o exemplo de Ilíada e Odisseia creditadas a Homero, entretanto, melhor lembrança são os tantos poetas repentistas analfabetos do sertão que entendem de métrica muito mais que qualquer estudante;

8 - O digital: Quando falamos em suporte, o universo digital abriu múltiplas portas para se produzir e ler literatura. E sequer falo de plataformas específicas como o Kindle - o livro digital - ou o Wattpad. Um perfil do twitter pode ser uma manifestação literária, um blog, Instagram, enfim, são tantas as possibilidades... 

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