10 Coisas sobre os 10 anos de Morgan: o único

 Do ano passado para cá iniciei uma série de mudanças que comprometeram o tempo. O início do mestrado em literatura, o início da carreira como docente, nossa, todas essas atividades têm demandado muita atenção. Com isso o blog sofre um pouquinho e ainda mais aquilo que gosto muito de fazer, a escrita e minha pobre literatura. Com tudo muito corrido não tive tempo para comentar - nossa, como o tempo passa - a passagem dos 10 anos da publicação de meu primeiro livro: Morgan: o único. Por isso neste post, com algum atraso comento esta experiência que em maio completou uma década.


1 - Acontecimentos e não acontecimentos: Depois de 10 anos da publicação do livro não me tornei um bestseller, nem mesmo sei se me tornei um escritor, mas ainda assim me tornei um autor. Quando publicamos um livro, com toda sinceridade, temos muitas expectativas, e talvez o melhor ensinamento da experiência é que quando pensamos em produzir literatura no Brasil, as expectativas serão sempre confrontadas com a realidade nacional, que não é fácil aos famosos, que dirá aos autores desconhecidos. Ah, sim, então, continuo um autor desconhecido, mas uma autor. Morgan: o único se não uma obra famosa, é uma obra que alcançou lá suas centenas de leitores e isso é sempre um ótimo ar aos pulmões de quem inspira literatura. Enfim, muita coisa não aconteceu, por outro lado a obra aconteceu, em ser publicada existe e existindo sempre rolam coisas bacanas;

2 - Publicação e as duas capas: Morgan: o único foi publicado em 2011, maio, para ser exato. Momento em que a literatura fantástica parecia pronta para explodir, um cometa rumo aos céus. Não se pode dizer que o livro andou/surfou na onda dos zumbis, pelo contrário. Os zumbis ainda eram criaturas estrangeiras, Morgan surge um pouco antes de Apocalipse Zumbi do Callari que conseguiu algum barulho e bem antes de Vale dos Mortos do Rodrigo Oliveira. Mas está longe de ser algum precursor. A obra circulou em alguns meios do horror e da fantasia, mas passou longe da fama de alguns sucessores. Publicado pela editora Literata (vale um item específico) a obra foi lançada inicialmente com a capa azul com design do Adriano Siqueira. A segunda capa, a vermelha foi idealizada por mim;

3 -  Morgan e a editora Literata: Morgan nasce de minha aproximação curiosa com a Literata que infelizmente por questões de gestão, uma pena, afundou. Tudo começou com minha resenha do livro do editor - bem crítica, por sinal - e a partir daí chegamos à impressão dos primeiros exemplares da obra comigo custeando parte do livro. Livro pronto, alguma coisa na capa azul não estava legal e como passei a prestar serviços de diagramação para a Literata e em vez de dinheiro passei a investir em novas impressões. Mais duas, totalizando 200 obras impressas do livro. Nas novas edições resolvi substituir a capa, elaborando a capa vermelha e a impressão do livro agora com papel novo também. E é isso, impresso tivemos cerca de 200 exemplares, dos quais podemos ainda encontrar alguns à venda por aí;

4 - Edições digitais: Morgan sempre foi um livro da expansão da internet. Muitas versões foram disponibilizadas para leitura on-line. Uma delas em determinado momento, no Issuu recebeu cerca de 15.000 acessos e mais de 1.500 downloads. Outras versões se espalharam por aí de modo que nunca pude mensurar de fato a quantos leitores Morgan: o único realmente alcançou;

5 - Morgan no Kindle: Curioso que Morgan tem muito mais leitores no .pdf que no Kindle. Na Amazon alguns e-books meus são bem mais populares. Entre unidades vendidas e downloads free, cerca de 350 pessoas baixaram o livro no aplicativo;

6 - Recepção: Um livro se completa a partir da leitura que o leitor faz da obra. A primeira resenha do livro foi meio que uma paulada, ainda sigo pensando mais por incompreensão que por justiça dos argumentos da resenhista que viu nele a objetificação da mulher. Esqueceu de ler a resenhista que a isso Morgan se opunha, oposição de forma textual no capítulo gerador da polêmica. De todo modo isso é do jogo e entre resenhas mornas outras mais aquecidas, algumas leituras e interpretações do livro me aquentaram o coração escrevente. Uma foi essa resenha a quatro mãos no Blog Por Essas Páginas. Que coisa bacana. Outra resenha a dar um gás é a do Edilton do site Stephen King BR. A leitura dele, vindo de um especialista no gênero foi sensacional. Houveram outras resenhas legais e a todas elas, as com críticas positivas ou negativas sou sempre muito agradecido pois não há autor sem leitores;

7 - Morgan: o único vira filme: Uma das coisas mais legais na jornada de Morgan: o único ocorreu quando estudantes de cinema e televisão capitaneados pelo Bruno Venuto pediram autorização para filmar um booktrailer sobre o livro. Ainda hoje não sei como eles chegaram ao livro, mas isso mais que esquentou a alma, incendiou. Ficou um trabalho muito legal. Além disso, sempre fiquei feliz com surpresas relacionadas ao livro;

8 - Aliás, leitores inesperados são sempre uma emoção: Aconteceu bastante de encontrar leitores inesperados do livro. Já me deparei com trabalhos escolares feitos a partir da leitura do livro, isso em escolas que nem desconfio como chegou aos seus leitores. E mesmo naquelas que sei como chegou é sempre bacana. A Escola em que estudei no Ensino médio adquiriu exemplares do livro, exemplares bem surrados e seguido fico sabendo do uso do livro enquanto leitura e trabalho dos alunos. Quer pagamento melhor que esse?

9 - O desafio de divulgar: Mesmo sendo eu, seu autor, um blogueiro que tinha algum pequeno alcance, a divulgação sempre foi um grande desafio. Aqui no listas sempre fui aberto a muitas e diferentes leituras, mas essa não é sempre a realidade. Quando escritor famoso manda release é release quando autor é desconhecido é spam. Passei por situações assim, mas faz parte do jogo;


10 - Não é bem um livro de zumbis: Talvez um dos desafios relacionados a Morgan é que ele não é bem um livro de zumbis, embora o seja, inclusive tendo o zumbi como narrador. Desconfio que está mais para as questões humanas que uma história tipo The Walking Dead e isso desconfio o faz ainda diferente no gênero, com consequências para diferentes lados. Mas enfim, publicar Morgan foi uma experiência incrível em que pude participar de discussões muito legais como as Odisseias de Literatura Fantástica, receber alguns convites e homenagens legais e migrar de um autor apenas da internet para um autor publicado. Impresso. Ainda há essa distinção, e confesso tem suas razões de ter.

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