O Blog Listas Literárias leu Chomsky, a reinvenção da linguística, de Gabriel de Ávila Othero e Eduardo Kenedy publicado pela editora Contexto; neste post as 10 considerações de Douglas Eralldo sobre o livro, confira:
1 - O livro, segundo o próprio Noam Chomsky que prefacia a publicação "os esclarecedores capítulos reunidos aqui analisam e investigam questões fundamentais que orientaram a investigação da Gramática Gerativa desde a metade do século XX". A participação de Chomsky na obra não apenas reforça seu prestígio, mas também, certamente, confere relevância aos debates e análises propostos pela obra. Chomsky encerra seu prefácio dizendo que "o estudo da linguagem está, em todos os seus aspectos, em um estágio estimulante, com constantes novas descobertas e ideias frutíferas";
2 - O o autor do prefácio sintetiza bem o espírito da publicação, esforço conjunto de professores de diferentes instituições de ensino pelo país, que não apenas resgata os principais momentos e conceitos dos estudos de Chomsky, mas também se dedica a analisar e debater tais estudos. Por isso, vale dizer que trata-se de publicação bastante dirigida, exigindo do leitor certo conhecimento dos trabalhos e estudos de Chomsky para além das camadas básicas;
3 - Nesse sentido conforme dizem os organizadores da publicação pretendem "levar o leitor a compreender o poder do novo paradigma chomskyano nos estudos da linguagem é o objetivo fundamental do livro". Ainda de acordo com eles realizou-se na publicação a opção "por uma progressão linear dos capítulos que levasse o leitor a conhecer a Linguística chomskyana através de um percurso tanto histórico-cronológico quanto temático";
4 - Isso pode ser percebido mais claramente na estrutura do livro que acaba dividindo-se em duas partes a seu modo distintas, sendo que na primeira encontraremos mais fortemente a discussão acerca da história dos estudos de Chomsky a partir dos artigos Ciência e Gramática Gerativa & Ciência da Gramática Gerativa, de Cilene Rodrigues, Estruturas sintáticas e a reinvenção da teoria linguística, de Gabriel de Ávila Othero e Sérgio de Moura Menuzzi, Teoria padrão e teoria padrão estendida, de Maximiliano Guimarães, Teoria da regência e ligação e a proposta de princípios e parâmetros, de Maria Cristina Figueiredo Silva e O programa minimalista, de Marcelo Amorim Sibaldo e Adeilson Pinheiro Sedrins;
5 - Neste, digamos, conjunto inicial com a história dos estudos de Chomsky, encontra-se ainda o artigo O jovem Chomsky, sua resenha de 1959 e a derrocada do behaviorismo, de Eduardo Kenedy e Simone Gesser que vai abordar o texto que acabou por consagrar Chomsky no mundo da ciência que "ao fim de pouco mais de 30 páginas, o jovem Chomsky aponta como a superação do velho Skinner é a primeira etapa necessária para o desenvolvimento de uma nova ciência que se proponha a investigar, de fato, o que é a linguagem humana, como ela é adquirida, de que maneira é posta em uso, como é regulada pelo cérebro e como pode ser explicada pela evolução";
6 - Como apontam os autores do citado artigo "a resenha chomskyana pode ser interpretada hoje como um manifesto, um estopim e o início de uma revolução - a revolução cognitiva", e por isso, assim como nas demais análises, os textos procuram demonstrar o quanto os estudos de Chomsky foram essenciais para a linguística e como ainda hoje servem de partida a qualquer estudo no campo da linguagem, o que reforça a consistência das teorias chomskyanas;
7 - Isso não significa que estejamos diante mero tributo, pois que, nos trabalhos aqui reunidos, veremos debates que observam inclusive as críticas ao trabalho de Chomsky, com isso, procurando-se realizar uma abordagem ampla e crítica do relevantíssimo legado de Noam para a linguística;
8 - Nesse sentido, os artigos finais da publicação procuram se dedicar com maior atenção com "os cinco problemas para a teoria linguística" levantados pelos estudos de Chomsky e aqui também analisados, a saber, O problema de Humboldt, analisado por Marcus Vinicius Lunguinho e Mariana Terra, O problema de Platão, por Ruth Lopes, O problema de Descartes, por Marcus Maia, O problema de Broca, por Aniela Improta França e O problema de Wallace-Darwin, por Vitor A. Nóbrega;
9 - Encerrando o livro, Gabriel de Ávila Othero e Eduardo Kenedy falam do "futuro da Linguística e o legado chomskyano". Para eles, "no contexto da História, de Filosofia e da Ciência, Chomsky já tem lugar reservado no panteão de grandes pensadores sobre a linguagem" e que "o futuro nos dirá qual seu efetivo legado para os estudiosos das próximas décadas e séculos";
10 - Enfim, produzido por princípios científicos de debates e análises, Chomsky, a reinvenção da Linguística é publicação relevante para quem procura discussões aprofundadas acerca dos estudos da linguagem e ao dedicar-se à obra daquele que tem sido a principal referência neste campo de estudos. Obra importante, especialmente entre estudantes das letras e das linguagens.
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