O Blog Listas Literárias leu O Príncipe Pardo e os Reinos Perdidos: Atlântida, de Fábio L. Shadow e publicado pela editora Talentos. Neste post as 7 considerações de Douglas Eralldo sobre o livro, confira:
1 - Rápido e movimentado, O Príncipe Pardo une ainda que com certa timidez cenários nacionais com as lendas sobre Atlântida, numa narrativa que ao que parece bastante influenciada por Rick Riordan, pois neste pequeno romance de fantasia encontraremos ecos deste autor no trabalho de Shadow, especialmente na construção de sua estrutura e em seus personagens envoltos com descobertas mágicas e reinos perdidos;
2 - No livro, Lipe, vive em uma favela carioca, entretanto aqui narrada meio que ao modo de um condomínio de classe média, o que atrapalha na caracterização da obra (aliás, a caracterização e o tecer das coisas fora do universo mágico a que ele adentrará acabam destoando em questões como a verossimilhança). Esse garoto, muito ativo e sempre em movimento logo se verá sendo tocado por questões e elementos mágicos, e de maneira dinâmica e mesmo rápida, logo as duas ambientações, a mágica e a real, se tocarão unindo os dois mundos e começando a jornada de aventuras;
3 - Nesse sentido, vale dizer que o autor caminha pelo tradicional da literatura juvenil e dos livros com reinos mágicos e magia, apresentando certo determinismo ao trazer heróis e vilões marcados pela hereditariedade e pelo destino de seus papéis já determinados. Quero dizer como isso, e não se trata só da obra do autor, mas de todo um gênero em sua maioria, mesmo quando se pretende dar aparência de certa evolução levando os oprimidos ou perseguidos de uma situação dramática ao auge do heroísmo e da ascensão vitoriosa, por trás está a natureza que os já os seleciona como escolhidos, geralmente por questões genéticas, de modo que raramente encontramos a jornada do fraco que se torna forte, mas dos soberanos e poderosos apenas adormecidos que em certa hora voltam a ocupar um espaço que lhes parece cativo. Isso vale para Harry Potter e para Lipe, herói desta jornada que embora desconhecesse sua história e sua verdadeira identidade como habitante de um reino perdido, logo se encontrará com ela;
4 - Aliás, talvez pelo tamanho da publicação, ou por sua proposta, ao ser uma escrita curta, o livro dá a sensação de incongruência perante a rápida e "mágica" assimilação das descobertas de Lipe. Não há um período ou uma oportunidade de se refletir ou mesmo questionar os acontecimentos, o que de certo modo torna ao leitor, por vezes um tanto inconsistente como o garoto e seus parceiros vão lidando e agindo mediante a ação;
5 - A bem da verdade que isto talvez esteja ligado ao ritmo um tanto frenético que a narrativa possui. As coisas se desenrolam com certa pressa e às descobertas não se lhes alicerçam com grandes profundidades dando às vezes a impressão de certa superficialidade, especialmente quanto aos personagens, que embora habitantes de um Rio de Janeiro, serão o todos amigos e espiões dos mundos sob as águas, o que também tem seus pontos positivos e negativos junto ao leitor;
6 - Todavia, as críticas que cabem à obra se dão na natureza conceitual de suas abordagens, e em termos literários, pois nos cabe dizer que o autor, e isso é importante nos casos destas publicações de menor tiragem, apresenta grande domínio da escrita, de modo que seu texto possui boas amarrações e nos apresenta uma trama de intenso movimento e de bom impacto visual, pois quando adentra a fantasia, o desempenho da narrativa melhora a partir das mudanças e das múltiplas alternativas que o romance vai apresentando;
7 - Enfim, O Príncipe Pardo é uma obra bem escrita e de leitura rápida, pois é bastante curta. Como não se há uma maior profundidade em questões, por exemplo, psicológicas, a leitura pode dar-se em pouco tempo, numa tarde, certamente, deixando como principal característica os impactos visuais de sua fantasia, numa trama em que movimento e ação são palavras que melhor lhe representam.
Tags:
Resenhas