O Blog Listas Literárias leu A Colônia, de Ezekiel Boone publicado pela editora Suma de Letras; neste post as 10 considerações de Douglas Eralldo sobre livro, confira:
1 - A Colônia é uma obra apocalíptica do calibre de filmes como 2012, Impacto Profundo, Vulcano e por aí vai, só que nesta obra não são meteoros ou falhas geográficas a trabalhar para a extinção da raça humana, mas sim uma invasão de aranhas, muitas aranhas;
2 - E o livro toma deliberadamente as características deste tipo de produção, especialmente pela fragmentação dos pontos de vista apresentados pela narrativa em terceira pessoa que vai saltando por diversos lugares do mundo contando da aparição de uma nova espécie (ou não tão nova, mas sim muito velhas) de aranhas, uma muito perigosa, que assim como os zumbis adoram carne humana;
3 - Aliás, falando em zumbis, o clima apocalíptico do livro abre as portas justamente pela presença do sobrevivencialismo, que assim como outras questões tem o seu espaço no livro, ainda que abordado com superficialidade;
4 - Portanto, temos aqui uma obra cuja tentativa é apenas entreter o leitor com seu ritmo ágil e escrita rápida se propõe as trazer ação e muita ação para a leitura, o que até consegue ser exitoso nesse sentido visto que a tensão ocorre do começo ao fim;
5 - Contudo, essa é uma publicação de alguns "poréns" pois ao leitor mais exigente, especialmente de conteúdo e construção, as fragilidades do romance não conseguem ficar às escondidas e com isso empobrecem um pouco a experiência;
6 - Por exemplo, a fragmentação da narrativa nem sempre será um problema, mas aqui ela apenas aumenta a percepção da pouca profundidade da escrita de Boone já que ele apresenta diversos recortes sobre "a invasão aracnídea" e muitos acabam prejudicando o foco e com isso dividindo a carga de suspense tornando-a pouco impactante;
7 - Além disso, os personagens são outro problema, e parte porque a própria escolha de fragmentação colabora para isso, assim eles soam sempre superficiais demais, e mais do que isso, todos ali soam caricatos demais, e com isso, inverossímeis, como o núcleo da casa branca cujos personagens estão longe do que estamos acostumados a compreender como salão de crise;
8 - Ademais, exceto pelas aranhas, muitos habitantes do romance parecem não saber a que vieram,e talvez, a falta de um protagonista, ou a existência de muitos, torne a coisa toda muito diluída e que somada a inverossimilhança de muitos fatores acaba atrapalhando o convencimento do leitor, criando algo, na ausência de palavra melhor, um tanto "cinema pastelão";
9 - Ou seja, estamos diante uma obra carregada de expectativas, mas que contudo traz e toda a sua construção problemas que incomodam ao leitor mais cascudo, diálogos imprecisos, incongruências tanto nas personagens quanto na própria narrativa, sem falar que ao final de tudo fica aquele sensação de que faltou explicar um bocado de coisas, inclusive certas aproximações que não são mais trabalhadas e se perdem nos pequenos recortes da narrativa sem que haja interligações;
10 - Enfim, A Colônia tem alguns problemas que podem incomodar a leitores mas exigentes, entretanto, como acontece quando nos deparamos com algum filme do supercine, às vezes nos jogamos à aventura, mesmo sabendo que talvez ela não vá nos convencer. No caso do livro a ação acaba não escondendo seus problemas, mas para quem curte uma escrita rápida e superficial, não encontrará problemas.
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