Hoje o Listas Literárias convida a uma série de reflexões sobre o sucesso editorial (afinal eles dominam as listas de mais vendidos) dos Youtubers no mundo dos livros, e as faz de uma maneira revolucionária, afinal, abordaremos em texto esse momento de forte expressão da oralidade e do vídeo, confira e participe dos debates nos comentários:
1 - Literatura ou não?: O que não falta na internet são vídeos ou de exaltação das obras por quem é fã, ou então críticas por quem não gosta. Aliás, tem muito autor/youtuber que confunde crítica com trolagem, mas isso não vem ao caso, pelo menos não agora. Esse debate todo nos provoca a refletir então se o que tem surgido é ou não literatura, e esta é uma seara delicada pois afinal a própria definição de literatura é algo ainda em construção. Por isso o mais sensato é observar o fenômeno com olhar crítico e sem preconceitos, talvez desta fecundidade toda possamos encontrar algo relevante, contudo isso é um caminho a ser seguido;
2 - Heterogeneidade: Uma das questões que demonstram a dificuldade de compreender-se os valores estéticos e literários dessas obras que dominam as listas de mais vendidos está em sua pluralidade, pois assim como são diversos os canais no youtube é diverso aquilo que tem tornado-se livro possibilitando desde a escrita de ficção, a escrita mista mesclando ficção e realidade aos simples tutoriais ou manuais além de ter espaço para as crônicas;
3 - Predileções nacionais: Outro fator que talvez não se precise ser muito atento para notar é de que o sucesso dos youtubers nas livrarias não é de todo uma novidade ou uma surpresa. Se olharem bem, os livros de melhor resultado enquadram-se perfeitamente nas predileções de leitura dos brasileiros já que boa parte trata-se de não ficção e outra parcela bem significativa poderíamos compreende-las no gênero das crônicas, um gênero brasileiríssimo que nasceu nos jornais e que se recria na internet;
4 - Não é de agora: Me chama atenção de que embora hoje haja de fato uma participação farta de youtubers nas listas de mais vendidos, é preciso deixar de lado uma característica comum a esta nova geração de pensar que o mundo nasceu hoje, e vermos que os indícios desse sucesso tem origem há alguns anos com nomes como Felipe Neto, um dos "precursores" nesta transição;
5 - Ocupando um filão: Além disso, uma observada rápida nos principais sucessos em termos de vendas, também perceberemos que boa parte dos livros ocupa um nicho pouco explorado por autores brasileiros nos últimos anos, o da literatura infanto-juvenil. E o interessante nesse caso é que são jovens escrevendo para jovens e em alguns casos construindo narrativas a partir de outras narrativas como as obras nascidas do jogo Minecraft;
6 - Entretanto: Pessoalmente não li muitas obras escritas por youtubers, até porque as que li desestimularam qualquer insistência. Como eu disse é preciso olhar o fenômeno e analisá-lo, contudo ao que tive acesso são obras que não inovam e não apresentaram muita relevância carregando em si um dos principais problemas dos dias atuais que é achar que participa e discute, porém de forma rasa e superficial, muitas vezes repetindo temas esgotados pela televisão e ou literatura;
7 - Vendedores ou Escritores: Eis ai a grande reflexão a ser feita. Parece-me que a grande razão de tantas e tantas obras publicadas por youtubers é aproveitar aquilo em que são experts: vender. As editoras perceberam esta oportunidade e pelo visto a usarão até esgotar-se, pois antes de qualquer virtude ou valor literário e estético o que parece interessar são os milhares de inscritos/seguidores que constituem uma parcela potencial muito grande de compradores de livros, o que se confirma a cada evento em que participam. É inegável que tais autores estão muito mais para vendedores do que autores;
8 - Será uma bolha?: As publicações de youtubers seria uma bolha? Não necessariamente uma bolha, entretanto as listas de mais vendidos vivem justamente de sucessos editoriais que demarcam uma momento, como foi o caso dos romances eróticos. Porém o caso agora poderá ser diferente visto que cada vez mais a audiência está se concentrando em nomes da internet, possibilitando assim talvez uma fôlego maior para as editoras que aliás devem agradecer um bocado aos youtubers por estes manterem o faturamento em tempos de crise;
9 - É vitalidade para os livros?: Não é curioso que em tempos que alguns proclamam a morte dos livros vejamos a transposição dos vídeos para as páginas? Seria isso um atestado de vitalidade dos livros? Afinal, precisamos levar em conta que mesmo fazendo sucesso numa plataforma oral, as obras ganham a escrita e ainda assim encontram um grande público consumidor que deseja adquirir livros. Certamente se não é um atestado, no mínimo revela certo vigor e certa "necessidade" de termos o objeto livro, algo que certamente deve ser estudado com mais profundidade;
10 - Afinal, isso é bom ou ruim?: Com certeza essa não seria uma resposta simples porque como tudo na vida há prós e contras nessa invasão de youtubers nas livrarias. Por um lado temos uma galera colaborando para os primeiros passos na vida de muitos leitores, por outro, muitas dessas obras são pobres e carecem de relevância maior. Temos certamente ótimos vendedores de livros que ajudam não só ao segmento mas dão suporte a outras publicações. Contudo, chegar a uma conclusão apenas somente após uma série de estudos e reflexões que nos permitam compreender melhor esse fenômeno que já deveria estar sendo pesquisado por interessados na área. E vocês, o que pensam sobre isso?
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