O Blog Listas Literárias leu O Livro do Destino, de Raphael Miguel publicado pela Chiado Editora; Neste post as 10 considerações de Douglas Eralldo sobre o livro, confira:
1 - O Livro do Destino é uma leitura permeada de fantasia e alguma dose de esperança, numa ação juvenil que fala sobre o desejo de ajudar aos outros e o preço que isso pode ter a alguém que possa portar tal capacidade, caso de Eric Dias, o reticente protagonista do romance;
2 - Na obra, o rapaz é surpreendido pelo testamento do avô ao receber como herança um misterioso livro, que logo descobrirá possuir propriedades mágicas e promoverá todos os conflitos que advirão deste "presente";
3 - Nesse sentido, a obra penetra num campo bastante comum da literatura, e até mesmo outras artes, em que um artefato poderoso teria o poder de mudar o mundo a partir dos desejos de seu portador. Uma lembrança recente que o tema é semelhante, para termos comparativos é Todo Poderoso, Com Jim Carrey, em que os dilemas de poder satisfazer (ofertar milagres) a outras pessoas permeia os pensamentos de Eric, principalmente porque o uso dos poderes do livro sempre gerarão consequências, positivas, ou negativas;
4 - E são os grandes poderes do livro que levam às reticências do protagonista, um personagem cheio de dúvidas e que age sempre mais pelo impulso do que por sua capacidade de raciocinar diante dos problemas. Além disso, há nele muitos resquícios de infantilidade, especialmente em seu raciocínio, um bocado lento em compreender as coisas;
5 - De todo modo, é preciso dizer também que Raphael Miguel, com um texto de grandes potenciais de evolução nas questões literárias, escreve de forma bastante correta e arma sua trama com coerência naquilo que se propõe narrar, sendo que o texto nos permite ler a obra de forma fluída;
6 - Entretanto, um e outro detalhe, (e isso sem qualquer detrimento do conjunto da obra) não escapam de um leitor mais exigente, como por exemplo a tentativa, às vezes forçada de um rebuscamento, que no caso deste livro, especificamente, poderia ter melhor colaboração a simplicidade. Um desses exemplos é a troca da palavra "passada" por "pretérita", que a mim soou um tanto estranho ouvir "ações pretéritas";
7 - Outro detalhe, de certa forma ligado ao rebuscamento exagerado está a forma alternativa com que o narrador refere-se ao livro, "o encadernado", expressão que virá a ser futuramente dita por Heins, embora não devessem as personagens interagir com o narrador em terceira pessoa;
8 - Portanto, temos nesse livro uma escrita bem feita tecnicamente e uma trama com alguns pontos que soam clichês e recorrentes (como o do familiar que se redime diante do sofrimento daquele com quem rivalizava), mas que pode se tornar uma boa alternativa para os leitores brasileiros, especialmente por envolver coisas que sempre cativam, como magia e redenção;
9 - Aliás, diga-se também que este livro a ação se dá muito mais no campo das intenções do que propriamente da ação física, além de ser preciso questionar a mistura de elementos espirituais e da ficção científica, fato que pode gerar uma boa fonte de argumentações e dúvidas;
10 - Enfim, talvez O Livro do Destino não apresente muitas coisas novas, contudo é uma boa estréia do autor, com uma boa escrita e elementos espirituais é uma leitura que flui sem grandes desgastes ao leitor, propiciando entretenimento em bom nível.