10 Considerações sobre Birman Flint e o Mistério da Pérola Negra, ou porque nós gatos...

O Blog Listas Literárias leu Birman Flint e o Mistério da Pérola Negra, de Sergio Rossoni publicado pela Chiado Editora; neste post confira as 10 considerações de Douglas Eralldo sobre o livro:

1 – Birman Flint é um grande caldeirão de influências e referências (muitas deles assumidas pelo autor em nota) que vão da história à cultura pop, e que de certa foma dá bastante certo até certo ponto, e com isso o autor consegue entregar uma leitura que funciona como fruição, dotada especialmente por uma sensação de aventura e mistérios;

2 - No entanto, a obra não consegue manter uma qualidade linear, especialmente não consegue sustentar por todo o livro o impacto inicial do primeiro capítulo, aquele que concentra, acredito as grandes qualidades do livro. Ainda assim, entre seus altos e baixos, há qualidades bem interessantes nessa primeira publicação de Rossoni;

3 – O livro, que de certa forma nos aproxima dos quadrinhos por seu antropomorfismo num universo com animais como personagens, mas numa trama inspirada na história da Rússia, em que se traçam paralelos com nosso mundo real. Este antropomorfismo no livro, no entanto é um pouco diferente do que vimos em obras como Pato Donald e Mickey Mouse onde animais antropomorfizados de diferentes tipos reproduzem a sociabilidade humana; na obra de Rossoni essa antropomorfização mantém certa brutalidade já que as diferentes espécies antropomorfizadas devoram umas as outras em alguns casos;

4 – Além da lembrança dos quadrinhos, quando falo em caldeirão de referências, o digo porque o leitor conseguirá reconhecer na publicação uma série de traços que nos remetem a outras referências, em boa parte, animações oitentistas no que tange ao ritmo de aventura. Referências a filmes como Indiana Jones, Alan Quartmain também podem ser vistas em questão de cenas, isso numa trama que nos remete a Dan Brown. E não para por aí, pois o leitor será levado a pensar em outras fontes, no entanto o que vale dizer é que toda essa reunião de referências e influências consegue criar uma coisa nova, e assim original;

5 – Outro detalhe interessante que me chamou a atenção neste universo antropomórfico criado pelo autor foi a simplicidade e uma boa dose de humor ao nomear suas personagens como Karpof Mundongovich, Maquiavel Ratatusk, Gallileu Ponterroaux, etc… Porém, se isto funciona com as personagens, não fica legal com os nomes dados aos paralelos históricos dos quais se propõe falar como Afririum (parece nome de remédio), Japain, Moscóvia, etc...

6 – Aliás, embora o autor declare sua narrativa como uma ficionalização de um período histórico, em boa parte do trabalho ele consegue manter-se ao seu universo próprio antropomorfizado, mas isso é algo que não consegue manter em toda sua totalidade, como quando aborda questões religiosas e mais explicitamente ao tratar do meridiano do equador de tal forma como se não fosse uma obra ambientada noutro universo;

7 – Voltando às qualidades da obra, é importante ressaltar que o autor possui uma prosa bem estabelecida e que flui com naturalidade. As personagens, da mesma forma, também se tornam palpáveis ao leitor e que principalmente consegue nos instigar a leitura, mesmo nos momentos em que o narrador devaneia em excessos de explicações, em muitas, retomadas de temas já tratados;

8 – Além disso, o autor demonstra grande talento para descrição de cenas, especialmente as que possuem ação como o capítulo de abertura ou o ataque de um lobo feroz a Birman Flint. No momento em que o autor põe em ação suas criaturas é que tem seu melhor desempenho;

9 – Com tudo isso, o livro é algo diferente na literatura de fantasia no país, e possui uma série de qualidades que se lapidadas certamente podem evoluir ainda mais, pois se talvez com mais alguns toques de edição e também uma revisão mais qualificada o livro pode crescer ainda mais. No geral é uma publicação que se mantém na média, mas com potencial para mais;

10 – Enfim, entre altos e baixos, Birman Flint é uma história interessante, com personagens bastante próprios, ainda que alguns sejam inspirados em figuras históricas. A narrativa de Rossoni é bem feita e estimula uma série de lembranças e influências na mente do seu leitor, especialmente às ligadas as boas produções de aventura, que é o que se trata este livro.

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