No post de hoje a avaliação de Os Homens Que Não Amavam as Mulheres, de Stieg Larsson publicado pela Companhia das Letras; confira as 10 considerações de Douglas Eralldo sobre o livro:
1 - Os Homens Que Não Amavam as Mulheres é uma leitura essencial de um romance completo, complexo e amarrado com extrema habilidade que nos faz íntimos de Mikael Blomkvist e Lisbeth Salander, numa obra com diversas tramas ocorrendo e uma das melhores investigações já feita pela literatura;
2 - Por isso o livro é bastante peculiar e diferente dos livros meramente policiais, porque mais do que a investigação de um crime, a obra aborda uma série de dramas enquanto Mikael e Lisbeth se deparam com crimes absurdamente assustadores e repugnantes;
3 - E umas das grandes virtudes de Stieg Larsson é a sua capacidade de construção de personagens tão fortes e vívidos, sendo que consegue algo bastante raro, que é além de apresentar a parte física em que há um talento indiscutível em descrever, e assim tornar reais suas personagens, bem como na constituição psicológica, que faz com que as pessoas que desfilam pelo livro nos pareçam reais;
4 - Aliás, o livro é extremamente realista, de tal modo que muitas vezes temos a impressão de estarmos diante de um livro-reportagem tamanha verossimilhança imposta na narrativa e nas personagens que saltam das páginas, bem como nas tramas que se desenvolvem ao longo do livro;
5 - Além disso, a narrativa é de uma fluência cujo ritmo envolve completamente o leitor, ainda que Larsson não se atenha á técnicas clichês da literatura policial. Na verdade, o livro é um romance, um romance que Blomkvist e Salander precisam desvendar um provável crime no seio da família de ricos industriais, os Vanger, mas ainda assim um romance que vai além da investigação, com denúncias sociais e reflexões acerca de dilemas morais que precisam ser encarados tanto por Salander, quanto por Mikael;
6 - E com certeza a principal das denúncias feitas pela obra é a violência contra as mulheres, fato que já fica claro no título como nos dados apresentados a cada nova parte do livro. Além disso, ao longo das revelações e do desenvolver da narrativa vamos acompanhando uma série de fatores que discutem e abordam a violência contra as mulheres na Suécia, sendo que Larsson discute consequências e ações como resultado de tal violência, sem falar que na constituição da própria Lisbeth Salander o tema é visto com grande dramaticidade e horror que o assunto exige;
7 - Mas além da questão da violência contra as mulheres, com a mesma complexidade o livro ainda discute o jornalismo econômico, a ética e os valores, além de enveredar-se para as discussões sobre economia e comportamentos maléficos e condenáveis no ramo financeiro;
8 - Somado a tudo isso, o livro ainda conta com muita ação e movimento, em cenas que são simplesmente deliciantes de acompanhar, em que o suspense e a ação literalmente irão tirar o fôlego do leitor, dosando sempre com muito equilíbrio a ação e a apresentação, e desta forma nos entregando um dos mais incríveis romances de vertente policial dos últimos tempos;
9 - Portanto, quem decidir por este livro, estará decidindo por uma leitura inteligente e elaborada com esmero poucas vezes visto. Num romance que desfila por paisagens interessantes e pelo jornalismo e economia, e uma investigação que revela uma série de crimes sórdidos e absurdos que representam o desprezo e a indiferença em relação a violência contra as mulheres, Stieg Larsson produz uma literatura relevante, muito bem feita, e ainda atrativa para todos os tipos de leitores, ou seja alta literatura aliada a entretenimento;
10 - Enfim, Os Homens Que Não Amavam as Mulheres é um leitura cheia de vigor e qualidades, peça fundamental para leitores exigentes e que também gostem de ação e movimento. Com certeza é uma das melhores leituras dos últimos tempos, numa obra que é completa em todos os sentidos.
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