10 Considerações sobre Fragmentados, de Neal Shusterman ou como são bonitas suas meias

Neste post a avaliação do Blog Listas Literárias do livro Fragmentados, de Neal Shusterman publicado pela editora Novo Conceito; confira as 10 considerações sobre o livro:

1 - Fragmentados é uma distopia interessante, impactante, e, sobretudo demonstra a criatividade interminável dos autores em criar mundos totalmente hostis aos nossos jovens, neste livro de uma forma particularmente sombria e que não deixa o leitor mesmo após o término da leitura;

2 - Neste mundo criado por Neal Shusterman conhecemos uma sociedade pós guerra numa nova realidade humana em que os jovens são assombrados pela possibilidade do aborto retroativo, a fragmentação, algo bastante surreal em que os subversivos e rebeldes são picotados e distribuídos entre pessoas, mas que no entanto, tais fragmentos são mantidos vivos (fator que o livro não tem interesse de explicar) como a lei exige, criando dessa forma uma nova realidade, ainda capitalista, mas formada por milhões de frankeinstein's

3 - Justamente por essa premissa, a primeira impressão do leitor é a de ter em mãos mais uma distopia juvenil feita para entreter, mas, o que talvez nem eu mesmo consiga explicar, acabamos percebendo que há algo que vai além do entretenimento no livro, e embora, a aventura e a ação sejam sim as condutoras do livro, há toda uma série de complexidades que não há como não observar o livro com mais seriedade;

4 - Até porque o livro se propõe a apresentar aos leitores assuntos complexos como referências claras à Gestalt, uma linha dos estudos da psicologia que debate, por exemplo, o todo, as partes, e como tudo isso se relaciona, o que já no título do livro podemos inferir tal referência;

5 - Mas os méritos que me fizeram gostar deste trabalho vai além de qualquer referência, pois o que acaba convidando para uma leitura observadora é justamente as discussões éticas e morais que são postas diante do leitor de uma forma que o faça pensar, sem falar que a ambientação que sustenta a trama acaba convencendo o leitor de sua possibilidade;

6 - Isso mesmo, numa obra em que o surreal e o inverossímil conduzem a criação, o trabalho acaba por justamente convencer o leitor de que podemos caminhar para algo tão estranho, e porque não, assustador, como o universo desta ficção;

7 - Além disso, Neal Shusterman consegue produzir uma narrativa envolvente e com um forma muito própria de construir suas cenas que saltam por suas personagens produzindo um todo que se complementa em algo único. Iniciei a leitura com desconfiança, mas confesso que depois não consegui abandoná-la;

8 - E o que torna o livro instigante e assustador talvez seja o de justamente o de falar sobre a morte, mesmo que não falando dela, numa faixa de idade que se é inimaginável ficar pensando, como acontece com os fragmentários deste romance que precisam encarar um destino macabro entre seus 13 e 18 anos;

9 - Portanto, o livro pode ser lido tanto como mero entretenimento, mas também de uma forma mais cuidadosa, pois é inegável que seu conteúdo a despeito de qualquer preconceito que se tenha com as distopias juvenis, guarda em sua narrativa momentos grandiosos que não deixam o leitor imune à sua narrativa;

10 - Enfim, ainda agora sinto vontade de observar este livro com mais curiosidade e profundidade. Há coisas nesse texto que não fazem dele uma mera aventura adolescente, sombrio e carregado, este livro mexe verdadeiramente como o leitor (ao menos com este que vos fala), e sinceramente, esse é um dos principais elementos para se reconhecer que há qualidade em um trabalho. Fragmentados mexe com as percepções de seu leitor, que com certeza será envolvido em absoluto pelo universo desta ficção.

 

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