10 Perguntas Inéditas para Georgette Silen

















O Listas Literárias entrevista hoje a autora, ativista cultural, fomentadora da produção literárias Georgette Silen, cujos livros, Lázarus, Panaceia, As Crônicas de Kira, e Fábulas ao Anoitecer já tive a oportunidade de ler. Nesta entrevista ela fala de Panaceia, seu mais recente lançamento, e também sobre o mundo dos livros:

1 - No Listas Literárias com as avaliações de seus livros podemos perceber a versatilidade de seu trabalho, tanto como autora, como organizadora de diversas coletâneas. De onde vem tanto pique?

Olá, Douglas. Muito obrigada pelo convite para essa entrevista. Bem, eu sempre gostei de ter várias atividades simultâneas, em todas as áreas que atuo. Gosto de dinamismo, sinto-me viva e feliz quando sou mais atuante. É como se isso ajudasse a impulsionar os trabalhos e provocasse a criatividade e a vontade de sempre fazer mais e melhor. Uma ideia puxa a outra e todas acabam se harmonizando em conjunto. Desde que me conheço sou assim, e acredito que não mudarei esse ritmo de trabalho por muito tempo.

2 - Seu primeiro romance da série Lázarus foi publicado pelo selo Novos Talentos da Novo Século, e agora ganha sua justa sequência pela Giz Editorial. Conte-nos um pouco sobre essa escolha?

A Giz Editorial e eu sempre estivemos presentes em vários eventos. Sempre me encontrava com a editora Simone Mateus e com a equipe técnica da casa. Participamos de muitas feiras e eventos juntos, e acabamos mantendo um contato mais estreito. Quando a primeira edição do Lázarus estava se esgotando, e eu decidi dar novos rumos à série, a Giz Editorial estava lá para dar suporte às minhas ideias e contribuir com o trabalho. Fui muito bem recebida pela equipe e já na primeira reunião deu pra sentir que eu estava fazendo a coisa certa ao publicar com a Giz. O profissionalismo dos funcionários da editora é excepcional, desde o cuidado com o texto até a arte final e divulgação, e a parceria que ela estabelece com várias Feiras Literárias e com a LIBRE tem ajudado a tornar o trabalho mais conhecido. Só tenho a agradecer que agora esteja publicando por essa casa editorial.

3 - Aliás, pela Giz você possui a publicação da série Lázarus, mas também uma coletânea com contos e um livro de fantasia com a guerreira Kira. Dentre estes, quais têm gerado mais repercussão com os leitores?

Todos os trabalhos atingem diferenciados públicos, e alcances que às vezes surpreendem. As Crônicas de Kira e Fábulas ao Anoitecer já foram adotados em escolas e atraem muitos os leitores mais jovens nas feiras e bienais. Em geral, os livros esgotam em todas elas. Agora, com o recente lançamento de Lázarus e Panaceia, eu percebo que esses trabalhos têm sido mais comentados. Acredito que cada livro lançado possui seu apelo junto ao leitor e isso o torna sempre mais comentado em determinado momento.

4 - Você também é bastante ativa organizando antologias, e sabemos que há os que execram tais iniciativas, e os que acreditam ser uma importante porta de entrada para a literatura. O que você diria para ambos os públicos?

Devo ser uma pessoa afortunada, pois nunca tive contato com ninguém que me dissesse abertamente que antologias não são boas e não têm utilidade. O que percebo desses trabalhos é a grande oportunidade que geram para que autores novos possam exibir seus escritos, junto com outros, e assim contribuir para o efeito multiplicador da obra. Antologias atingem um público bem grande, e esse público tem chamado a atenção das editoras. Aos que não gostam dessa forma de publicação, eu só posso dizer que deveriam analisar melhor e repensar certas posturas. E aos que acreditam no potencial das antologias, posso dizer que o mercado editorial cada vez mais tem apostado nelas, e que muitas novidades com certeza virão.

5 - Aliás, o que é mais gostoso de escrever: um conto ou um romance?

Eu gosto de escrever romances, novelas, obras mais longas. Sinto-me mais à vontade quando não preciso ficar limitando espaço. O conto é um exercício de afinação da escrita, em minha opinião, pois ele exercita o escritor para saber utilizar bem as palavras em um espaço mais contido. E isso se reflete depois na novela, pois aprendemos a atingir o público com mais qualidade em cada capítulo e na limpeza da história final. E contos bem escritos são sempre deliciosos de ler.

6 - Panaceia, continuação de Lázarus, tem mais de 600 páginas. Chegou a pensar que em algum momento isto poderia assustar os leitores?

Na verdade não. Como leitora sempre gostei de obras longas, então eu não subestimei o meu leitor. Acredito que quando o leitor se interessa pelo livro, o tamanho não o assusta.

7 - Aliás, o livro nos dá impressão de ter exigido bastante pesquisa, tanto em sua mitologia quanto na geografia. Como foi esse processo de construção?

Estudar mitologia é algo que eu faço há muito tempo. Minha formação universitária exigiu estudo de mitologias, e na pós graduação eu me especializei nelas. Então, mergulhar no universo mitológico já é rotina pra mim. No caso da série Lázarus, eu foquei nas mitologias vampíricas, grega e romana, na mitologia da suméria e na criptozoologia, que é o estudo de criaturas mitológicas.

Em relação à geografia, muita coisa foi utilizada: livros de geografia, guias de viagem, Google maps, Google Earth, conversas com amigos que moram em regiões pesquisadas, especialmente no exterior, e viagens. Eu conheço bem a região norte do Brasil, algumas partes da Colômbia e Venezuela, então retratar essas áreas foi mais tranquilo para mim no livro 2. As que eu pesquisei e decidi utilizar, mesmo sem conhecer pessoalmente, foram tarefas mais difíceis, mas realizadoras. Quando se pesquisa um local, não existe apenas a parte física, mas também a cultural. E estudar crenças, aspectos sociais e geográficos de vários povos para compor a trama foi riquíssimo para mim.

8 - Falando nisso, neste segundo volume não lhe parece que Cínthia, filha da protagonista Laura, está mais madura que a própria mãe?

Pela própria trajetória das personagens, isso já seria esperado. Cínthia começou na série com 16 anos de idade, e no livro 2 ela já tem quase 21. Ela perdeu família, amigos, mergulhou de cabeça num mundo sobrenatural e teve de aprender a se virar, para sobreviver. As escolhas que ela fez não são fáceis, por mais que ela pareça levar tudo na “esportiva”. Cínthia ainda sofrerá as consequências por suas escolhas. E essas coisas amadurecem qualquer um. No caso da mãe dela, Laura, as perdas e os problemas tiveram efeito oposto. Isso pode acontecer quando nos julgamos adultos demais para ceder às pressões. É mais fácil ser adolescente e sofrer tudo de uma vez, sem determinadas cobranças, do que ser adulto e admitir que se tenha fraquezas, um comportamento não adequado ao que a sociedade determina. Vemos isso em Robert também, ao longo de Panaceia. Laura e Robert mostram que, em se tratando de sofrimentos, nunca somos maduros o suficiente, e sempre temos o que aprender.

9 - Como foi sua decisão de falar de vampiros, mas também num universo habitado por outras criaturas?

Natural. Falar de fantasia sempre foi meu ideal, e acredito que não existem limites quando se pesquisa e se escolhe os personagens de uma trama. Tento fazer histórias que possam transportar o leitor para o mundo da imaginação, e ao mesmo tempo provocá-los a saber que todas essas criaturas fantásticas sempre estiveram na nossa cultura, através da história da humanidade. Falo de coisas humanas, de paixões, tristezas, alegrias e perdas através da boca de seres fantásticos, mas acredito que o ser humano é o mais fantástico deles, pois é capaz de criar isso tudo. Nunca vou me cansar de contar histórias.

10 - Vampiros são mesmo imortais? Eles nunca deixarão de estar presentes na literatura?

São imortais, com certeza, e assim como existem há milhares de anos no imaginário dos homens, eles continuarão a invadir a literatura. Ele pode mudar de forma, de apresentação, pode agradar ou causar repulsa, pode ser ovacionado ou execrado, mas nunca deixará de nos provocar com a promessa da eternidade em troca de sangue. Para muitos, pode ser um preço pequeno a se pagar.

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