O Blog Listas Literárias leu As Virgens Suicidas, de Jeffrey Eugenides, e publica nessa lista suas 10 considerações sobre o livro:
1 – As Virgens Suicidas, de Jeffrey Eugenides é uma leitura comovente que apresenta ao leitor fragmentos de vários personagens na vã tentativa de elucidar, ou ao menos compreender a série de suicídios das irmãs Lisbon, bem como todos os acontecimentos que acabam influenciando a vida de cada um dos que a conheceram;
2 – Com um narrador central, mas que se vale das informações de outros personagens que dançam pelo livro contando sobre a história das irmãs Lisbon, é possível ter uma leitura dos fatos que se desenrolaram durante a tragédia, mas ainda assim, sem que o próprio narrador, ou até mesmo o leitor possa ter uma opinião definitiva quanto ao que culminou com a decisão derradeira e mortal;
3 – O livro é muito sutil ao nos ambientar na década de 70, com algumas referências ao pós-guerra, á divisão racial muito forte nos Estados Unidos, à música presente, mas fora isso a história das irmãs Lisbon se mantém muito contemporânea, podendo inclusive, muito bem se passar nos dias de hoje;
4 – A dramaticidade da obra ambienta toda a relação sombria que envolve a casa dos Lisbon, e envolve o leitor nesta aura em busca de explicações, mas o que acaba restando é justamente a insuficiência de explicações para os acontecimentos, muito provavelmente por causa do distanciamento dos Lisbon que acabam cada vez mais longe da vida sociável mergulhando num pequeno mundo sombrio e mal cheiroso que acabou se tornando a casa, especialmente após o primeiro suicídio;
5 – Se há um desejo que nasce no leitor ao completar sua leitura, é o de conhecer o drama das irmãs por elas mesmas, saber o que pensavam em sua clausura domiciliar, o que imaginavam de seus futuros, quais “martelos” as oprimiam mais, como Lux conseguia ainda assim realizar suas atividades sexuais em cima do telhado, que ao fim de tudo somos mais um dos personagens do livro, na mesma busca de solucionar o mistério dos suicídios das irmãs Lisbon;
6 – Também há uma boa dose crítica, especialmente quanto ao comportamento da sociedade perante a tal drama, como as outras pessoas além da família tem a dificuldade de lidar com o problema iniciado com o suicídio de Cecilia Lisbon, bem como o sensacionalismo que se cria com a peculiaridade dos acontecimentos;
7 – Acredito que o suicídio continua sendo algo inexplicável, seja o das irmãs Lisbon, ou o de algum conhecido de você, ou meu, por isso toda a ambientação do livro se torna muito tátil, pois cada centelha pode ser capaz de levar à situação extrema de se tirar a própria vida;
8 – A passagem que aproxima o narrador e seus amigos tão perto, e ao mesmo tão longe de salvar as irmãs Lisbon é de um terror e de um suspense tão dramático que se é capaz de captar o frio e o medo que sentiram frente a frente com um destino tão macabro, e talvez inevitável das irmãs Lisbon;
9 – E não há como não colocar boa parte dos acontecimentos nas costas da Sra. Lisbon e do Sr. Lisbon. Ela por sua opressão, pelo medo demasiado de talvez perder as filhas para o mundo, mas que ao fim as levaram para além deste. O ambiente sem expectativas e um tanto sombrio e severo criado pela mãe, não duvido que tenha contribuído para os fatos. Já o Sr. Lisbon, conivente com a degradação familiar, incapaz de perceber os erros que levariam a tragédia, isolou-se em uma incapacidade inquestionável até que a família desfez-se como nuvens.
10 – Enfim, As Virgens Suicidas, de Jeffrey Eugenides, é um grande trabalho da literatura, que promove uma ampla discussão sobre um tema tão deprimente que é o suicídio. Narrado com a firmeza de quem acompanhou o declínio dos Lisbons, o livro é doloroso e comovedor, constituindo-se uma excelente leitura para quem busca por literatura que tem algo a dizer, e que se eterniza pelo tempo;
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Esse livro precisa de alguém com a cabeça no lugar para ler, já que o tema não é muito fácil de lidar. Fiquei curiosa em ler e adorei as suas considerações.
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