13 considerações que tive ao ler , ou coisas que talvez ainda não disseram sobre A batalha do Apocalipse, da queda dos anjos ao Crepúsculo do Mundo de Eduardo Spohr



Terminei ontem a Leitura de A batalha do Apocalipse, publicado pela Verus e aqui estão algumas considerações que resolvi compartilhar. Cuidado com a leitura, pois HÁ SPOILERS em quase todo o post. Se preferir não siga a leitura.

1 – Em A Batalha do Apocalipse, Eduardo Spohr recria a sua própria versão da bíblia, e refaz o universo, se amparando em dezenas de crenças unindo-as numa única história envolvente que traga seu leitor para uma nova teoria da criação do mundo e dos homens;

2 – Compre tubos de oxigênio para ler o livro. Os embates são de tragar o fôlego do leitor, que imerge no cenário descritivo, e é capaz de ver as entidades se digladiando ao correr da trama e da história do mundo;

3 – As instituições constituídas e as contendas políticas engendradas no enredo, mais que a qualquer outra saga, aproximam o épico da imortal obra de George Lucas, Guerra na Estrelas. Em A batalha do Apocalipse estão presentes, alianças, traições, grandes batalhas, além de permitir se contar várias histórias ao longo do tempo, para completar a saga;

4 – É muito interessante, e, quase inimaginável, a concepção do escritor de uma grande quantidade de personagens, todos muito bem descritos, com relevância ao percurso da história, sem que nos pareçam enfadonhos. Não há em A batalha do Apocalipse personagens dispensáveis;

5 – O Escritor e professor Eduardo Spohr que ministra aulas sobre a saga do herói na literatura e no cinema, provavelmente é o responsável pela saga mais longa de um herói nos livros, pois ao anjo renegado Ablon caminha por milhares de anos em sua jornada, em uma saga recheada de histórias que se complementam;

6 – Já foi dito que não há na língua portuguesa livro como A Batalha do Apocalipse. Vou além: A Batalha do Apocalipse está num seleto grupo de grandes obras da literatura mundial, assim como O hobbitt e O senhor dos Anéis. O tempo dirá quão longe irá germinar a obra de Spohr.

7 – As narrativas que descrevem o Rio de Janeiro é outro atrativo ao leitor brasileiro, que pode reconhecer uma paisagem tão costumeira, explícita de forma literária, algo raro em obras do gênero fantástico, que ainda sob influência de obras estrangeiras esquecem de dar pinceladas regionais. Este esquecimento não existe na obra de Spohr, e é também mais um dos diferenciais de A Batalha do Apocalipse;

8 – Numa saga tão extensa, complexa e recheada de reviravoltas o que mais me chamou a atenção é que não existem pontas falhas na história narrada por Eduardo Spohr, que consegue a proeza de fazer tudo ter sentido, numa trajetória de milhões de anos;

9 – A revelação mais acachapante e corajosa em A batalha do Apocalipse está na página 471. Quem será o primeiro clérigo a se pronunciar contra o livro?

10 – Preste muita atenção nas pistas. A batalha do Apocalipse está cheia de revezes de tirar o fôlego ao longo da narrativa, em muita coisa não é o que parece, por isso esteja sempre preparado a boas surpresas;

11 – Algo me intriga ainda: Há uma única passagem cuja narração se dá em primeira pessoa.

12 – Ablon e Shamira serão certamente personagens célebres e lembrados na literatura. Somos levados a conhecê-los ao longo das mais de 560 páginas do livro, e nos fascinar com suas virtudes e defeitos;

13 – Anjos, demônios e feiticeiros são apenas embustes para narrar uma das sagas que mais se aprofunda no âmago humano. A batalha do Apocalipse põe em discussão questões existênciais que acompanham os homens desde os primórdios, em seu pior, e melhor, e sinaliza com a esperança e a possibilidade de escolhas acertadas;

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Título: A batalha do apocalipse - Da queda dos anjos ao crepúsculo do mundo
Editora: Verus, do Grupo Editorial Record
Páginas: 586

7 Comentários

  1. "não existem pontas falhas na história narrada por Eduardo Spohr"

    cara, é um ótimo livro, mas escrever mais de duzentos páginas em flashback é algo bem amador e entediante, principalmente para descrever personagens, tem que tomar cuidado em glorificar tanto uma obra.

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  2. Caro DanielMagno,

    Não houve aqui uma tentativa de glorificar uma obra. Mas realmente não acho nada entediante uma obra que discorre sobre milhões de anos, e de certa forma cria uma mitologia tão única, e o melhor feita por um autor nacional;

    Além disso, Abda trás personagens muito ricos - Na minha opinião é claro - e uma narrativa, que independente da forma acho atrativa ao leitor,

    Mas obviamente, gostos não se discutem, e todos são válidos... Como leitor tudo que falei do livro endosso de olhos fechados, o que pode ser levado em conta ou não,

    Mas mais uma vez reitero, isso em nada tem haver com "glorificar" algo, e sim a opinião de alguém que leu, e gostou do que leu!

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  3. Não gostei da narrativa, chata, juvenil e simploria, pra passar um tempo até vai , mas não espere profundidade nem nada de valor.

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  4. Eu percebi dois defeitos no livro: perder o foco narrativo no ápice da estória pra fazer flashback demasiadamente longo e resumir a história da humanidade em 586 páginas, acho ficaria bem melhor se fosse uma série de livros, sem tantos flashbacks.

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  5. Achei o livro fantástico, li muito rápido. Mas concordo com alguns comentários que os flashbacks MUIIIITO demorados atrapalharam meu ímpeto de leitura. Começa a ficar bem chato.

    Mas não tira tanto o glamor e a beleza dessa obra, que é magnífica.

    Agora, bem que o final poderia ser menos matrix e ser um pouquinho melhor.

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