10 Considerações sobre Meu Amiguinho do Espaço, de Alan Borges ou o misterioso mundo dos diminutivos

O Blog Listas Literárias leu Meu Amiguinho do Espaço, de Alan Borges publicado pela Chiado Editora; neste post confira as 10 considerações de Douglas Eralldo sobre o livro, além disso, inscreva-se no box do raffletcopter na parte inferior do post para concorrer a 01 exemplar de cortesia com dedicatória do autor:

1 - Antes de mais nada, Meu Amiguinho do Espaço é uma publicação que carece de compreensão, pois o autor até consegue apresentar sua proposta com clareza e um nível regular de texto indicando tratar-se de alguém que gosta de fato de escrever, contudo, não poderei deixar de apresentar algumas questões críticas em relação ao livro nos itens que se seguirão;

2 - A primeira questão é da própria natureza do livro, e, embora apresentado como literatura juvenil, o leitor com um nível de leituras volumoso logo perceberá pela simplicidade de abordagem, e até mesmo sua linguagem que estaríamos mais próximos de uma literatura infantil. Além disso, a obra desliza entre o exotérico e a ficção científica, não sendo porém, nenhum dos dois casos;

3 - E aí surge algo que realmente me incomodou: é que na verdade a obra toda têm como principal característica a tentativa de ser uma publicação de auto-ajuda, todavia, as mensagens que seriam de "elevação" acabam ficando num terreno cômodo reunindo ideias que hoje fazem parte de um senso comum e pouco inovadoras, as quais já observamos numa série de produções, e até mesmo em conversas triviais;

4 - Esta natureza da obra é bastante explícita ao observarmos que a relação onírica entre o narrador e o "amiguinho do espaço" dá-se tão somente para preparar a apresentação de tais "lições" de sabedoria para a jornada de crescimento do jovem;

5 - Aliás, mais um detalhe que precisa ser observador é justamente a questão da narrativa, que embora clara de suas intenções, é escrita com nuances infantis. Isso até teria justificativa caso o narrador fosse ainda menino, porém, é preciso ressalvar que a narração é feita pelo homem já adulto resgatando a lembrança de sua relação de infância;

6 - Quanto a essa linguagem outro fator me chamou a atenção, e nesse caso não deixa de ser interessante. Há uma espécie de submissão e autoflagelação percebida pela narrativa através de um intenso uso de diminutivos como escolinha, amiguinho, velhinho, casinha, etc... Um uso, acredito, mesmo que generalizado e inconsciente de aparições específicas no texto que demandariam uma observação psicológica da linguagem. E no caso dos diminutivos ainda se precisa reforçar que não é algo apenas do narrador, visto que é incorporado em toda narrativa, como na forma que o "amiguinho" chama o narrador, "rapazinho". A questão é que esse mistério dos diminutivos abundantes dá à voz narrativa uma autoimposição de inferioridade que chama a atenção de leitores exigentes;

7 - Outro problema percebido, e aqui registre-se que não é único do livro do Alan, pois já encontrei uma série de publicações com dificuldade semelhante é justamente a forma de discutir relações sociais e suas distinções. Assim como em outros livros, nesse o autor também tenta abordar em determinado momento o amor impossibilitado entre o "pobre e a rica". Acontece que o exagero da caracterização das personagens torna a situação toda inverossímil, pois se um garoto for extremamente pobre (como se julga o narrador) ele jamais, jamais mesmo, terá em sua classe uma colega muito, mas muito mais rica, pois na vida real ricos e pobres não frequentam as mesmas escolas, tampouco habitam o mesmo bairro;

8 - Entretanto, acredito que o grande pecado de fato da obra resida justamente em sua gênese e nas contradições que a ela surgem ao longo da trama. Se por um lado temos uma obra de caráter extremamente moralizante que a cada novo capítulo (e encontro onírico) é porta de entrada pela uma lição de igualdade e sabedoria, por outro, o "amiguinho dos espaço" se contradiz diversas vezes falando da genialidade e excepcionalidade do infante narrador considerando-o o melhor exemplar do planeta terra, algo que soa estranho para um mestre exotérico da auto-ajuda. Além disso, em algumas vezes o interlocutor do narrador reforçava do quão especial o garoto era, no entanto, não há algo na narrativa que justifique tal afirmação, a não ser que seja um desejo do autor, deixar a mensagem de que o especial encontra-se justamente na vida comum;

9 - Todavia, reforço que as críticas aqui feita são no intuito de prestigiar o autor, e como leitor apontar aquilo que vi, ficando nesse caso o elogio de que mesmo com as questões apresentadas o livro consegue manter um ritmo padrão permitindo que a leitura flua até o seu final;

10 - Enfim, talvez eu tenha sido crítico demais, talvez não, contudo toda "resenha" sempre será dotada de uma subjetividade de difícil classificação. Mas a leitores assíduos não passam despercebidos tais elementos, que de alguma forma deixam a impressão de que o livro foi escrito especialmente para as crianças, no entanto, valendo-me de C. S. Lewis que certa vez disse algo aproximado de "que uma literatura feita exclusivamente para crianças, não será atrativa nem para crianças, nem para adultos".

























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