10 Considerações sobre Battle Royale, ou porque jogar o jogo é irrevogável

O Blog Listas Literárias leu Battle Royale, de Koushun Takami publicado pela Globo Livros, e publica neste post suas 10 considerações sobre o livro:

1 - Battle Royale é uma obra incrivelmente insana e violenta onde o leitor é constantemente remexido por suas reviravoltas e cenas de alto impacto trágico e sanguinário. Um livro com muito sangue e decisões difíceis de se tomar onde que até mesmo quem nega-se a jogar o macabro jogo precisa entender e participar de seu funcionamento;

2 - A questão posta é a seguinte: Você e sua turma são levados para uma ilha onde o governo realiza o jogo em que um só aluno da sua turma sairá com vida. Ou todos morrem, ou morrem praticamente todos. Um Resta Um mortal. Munidos de armamentos letais e muita desconfiança os jovens de Battle Royale acabam revelando-se por inteiro numa trama em que a desconfiança e o medo pode ser tão letal quanto o próprio instinto assassino e psicótico de alguns e seus personagens;

3 - É impossível não lembrar de Quentin Tarantino lendo este livro. A violência explícita e rubra imposta por seus muitos personagens de índoles contraditórias lembram um bocado os trabalhos do cineasta, por isso não é a toa que a orelha desta edição nos informa que o próprio Tarantino declarou que Battle Royale é a história que ele sempre quis filmar;

4 - Mas além de todo o sangue e vísceras expostas nesta obra, o livro entrega uma boa quantidade de conceitos a serem debatidos. Conceitos antagônicos como a índole e o caráter justo de Shuya Nanahara em contraponto por exemplo Mitsuko Soma (quem o autor tenta demasiadamente justificar seus atos) e Kazuo Kiriyama. Cabe a estes personagens centralizar um pouco a luta entre o bem e o mal no livro, embora esse tema seja bem mais esgarçado, tendo outros porta-estandartes, explícitos ou não;

5 - Além Disso, Battle Royale é uma distopia de certa forma política e traz para o debate a postura de governos autoritários, mas que conseguem sucesso por causa da imposição de limites rígidos, controle máximo, e uma falsa estabilidade e eficiência;



6 - Justamente por causa disso o final do livro nos deixa claro a alegoria de que se trata o jogo e porque de jovens ser colocados em combate onde a principal dica é a de que não se pode confiar em ninguém. Nem mesmo em colegas que muitas vezes conhecem-se desde crianças. Há um objetivo maior por trás disto. Há um pilar de sustentação de regime que precisa fazer com que estudantes de 14 e 15 anos matem-se a si mesmos, para que mensagem de que a individualidade esta acima da coletividade se propague; 

7 - E como confiança ou a falta dela, ou até mesmo a dificuldade em conquistá-la parece ser a chave do livro, há na parte final da obra uma passagem extremamente metafórica sobre isso que passa-se num farol, e que mais não conto por causa de ser um spoiler tremendo. É uma cena, porém adianto, de mexer com o leitor, de tirar-lhe o fôlego, que além de exemplificar a dificuldade de confiar um nos outros - especialmente em determinadas situações - mostra também os impactos que podem gerar quando se tem uma visão meramente parcial dos fatos;

8 - Ah os jovens! Não são eles que assim como em Battle Royale, no mundo real também são experimentados e usados por regimes e sistemas políticos para ingressarem fileiras mortais, em guerras, conflitos, insegurança? Battle Royale pode parecer drasticamente violento e insano, mas traça paralelos assustadoramente semelhante à vida real;

9 - Se você fica dando piti com George R. R. Martin mata seus personagens sem qualquer pudor, certamente terá uma síncope diante do obituário constante promovido por Koushun Takami;

10 - Enfim, Battle Royale é literatura para os fortes. Uma obra firme e repleta de qualidades que a tornam um grande deleite em termos de leitura que faz o leitor literalmente devoram com avidez suas mais de 650 páginas.



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