7 Pitacos sobre as polêmicas atuais da literatura brasileira

Olha só que bacana, a literatura brasileira está dando o que falar em 2013, numa onda de polêmicas que fora o contexto de cada uma delas, o mais importante é que enfim está se debatendo o mercado literário neste país. E obviamente o Listas Literárias não poderia deixar de dar seus pitacos como leitor e apaixonado por este assunto, e por isso posta seus 7 pitacos sobre as recentes polêmicas da literatura brasileira:

1 - O acerto de Raphael Draccon: Uma das polêmicas deste ano se deu justamente em uma entrevista com o autor,  sobre seu posicionamento sobre as realidades dos autores brasileiros, e especialmente da necessidade dos autores além de escrever precisam também auxiliar a divulgação de seus trabalhos. Isto é um acerto além de outras falas do autor, especialmente da que fala da necessidade do autor se comprometer com sua própria obra, o que digamos é o mínimo a ser feito. Autor preguiçoso assim como em qualquer outra carreira, não tem muito futuro mesmo;

2 - O erro de Raphael Draccon: Nas lista 7 razões porque "escritores avestruzes"  estão fadados ao fracasso falei sobre o tema, especialmente que o mercado esta mais difícil para autores que não tenham tal disposição para se expor e ou divulgar seu trabalho, o que vai de acordo com o ponto de vista de Draccon. Porém, esta atual realidade do mercado, com um fechamento ainda maior de editoras para com autores brasileiros desconhecidos pode prejudicar a literatura, já que esta visão de que o autor antes de mais nada precisa criar seu público acaba sendo excludente, e se corre o risco de que grandes trabalhos continuem escondidos. Digo isto porque para um autor chegar a um bom patamar de conhecimento só a internet não é suficiente, ele precisa participar do maior número de eventos, estar próximo a centros culturais, ter disponibilidade em diversos sentidos, o que na prática significa dinheiro, isso mesmo, grana para investir em sua carreira literária. Assim, isto vai tornando cada vez mais nossa literatura um reflexo de nossa classe média, distante dos grandes temas que poderiam ser debatidos através da literatura; 

3 - Os 70 de Frankfurt: Olha, lista, independente do número de seus componentes, haverá sempre polêmica. Vejo isso aqui no blog, nunca nenhuma lista irá agradar. Mas o fato é que o governo brasileiro poderia ter criado ferramentas mais transparentes para a escolha dos 70 escritores brasileiros que participaram na Feira de Frankfurt. Talvez, numa próxima oportunidade possam fazer uma consulta pública, ouvir sugestões. Fica a dica, quem sabe assim não levem tanta pedrada;

4 - O Abandono do Mago: Que Paulo Coelho me desculpe, mas acho inadmissível sua desistência com a desculpa de estar ofendido pela ausência de nomes que ele gostaria de ver lá. E olha que concordo com boa parte da relação de nomes citados, ainda assim, ele como convidado não deveria fazer tal desfeita, e desse jeito não tem como agradar, se não é convidado não gosta, e se é convidado também se irrita, assim fica difícil de entender. Além disso, o episódio acaba dando aquela sensação de similaridade quando autores independentes ou iniciantes ficam reclamando das grandes editoras por recusar seus originais, geralmente olhando demais para o jardim vizinho do que a si mesmo. Teve choro em demasia neste episódio;

5 - Os ausentes: Concordo porém que faltou a literatura fantástica estar representada em Frankfurt, e talvez a inclusão de três ou quatro nomes lá se faria justiça a este segmento que vem mudando o mercado editorial. No entanto, convenhamos que a Literatura Fantástica não está precisando de governo algum para vendê-la lá fora, vide os atuais sucessos do próprio Draccon e do Eduardo Spohr com suas publicações além das terras brasileiras;

6 - O Discurso: Outra coisa comentada, o discurso do escritor Luiz Ruffato na abertura da Feira de Frankfurt foi totalmente infeliz, atitudes depreciativas como esta do país infelizmente colaboram para a visão errônea que o mundo tem do Brasil

7 - As Biografias: E a mais recente, e que estará longe de seu final é a polêmica sobre a publicação de biografias no país. Exigir que o biografado autorize a biografia é um absurdo, e contradiz até mesmo o que muitos defensores da ideia tiveram como bandeira de luta no passado. É o velho ditado "pimenta no dos outros é colírio";




7 Comentários

  1. Douglas segundo o Paulo ele disse que não iria quando foi convidado em Maio que justamente por isso não tem nem hotel nem estante registrado ara ele (e não tem mesmo, só o auditório que conseguiram de sopetão só pra dizer que estavam certos) ele citou no hangout do Jovem Nerd que quando ele não foi convidado que bancou a ida dele foi ninguém menos que Jorge Amado em protesto a sua não escolha, ele queria fazer o mesmo só que de forma diferente.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Helenilton, acompanhei o hangout, mas continuei com minhas dúvidas quanto a posição do autor. Aliás, sempre desconfio de ações desse porte, há sempre algum interesse oculto!

      Excluir
  2. Esta foi uma das listas mais interessantes que li aqui no blog. Obrigada, Douglas.
    Aqui neste link há algumas informações sobre o assunto "Paulo Coelho": http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2013/10/1356395-curador-da-feira-de-frankfurt-rebate-acusacao-de-nepotismo-de-paulo-coelho.shtml

    ResponderExcluir
  3. Douglas, eu respeito o seu comentário sobre o discurso do escritor Luiz Rufatto, mas pense, ele não denegriu a imagem do país. Ele esclareceu como as coisas funcionam. O Mundo precisa saber o que passamos além do Fußball e Zamba. Não creio que o discurso tenha denegrido nossa imagem. Não podemos tapar o sol com a peneira e esta foi uma ótima oportunidade de pelo menos a Europa saber como funcionam as coisas no Brasil. Parabenizo o escritor pela coragem de ter falado o que eu gostaria de gritar para o mundo. Infelizmente é a nossa realidade.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Pois é Lua, certamente o Rufatto precisou bastante coragem, mas é justamente essa a grande dificuldade que vejo no país, me parece que ninguém consegue ver o meio termo que de fato é a nossa realidade, pois concordo que não somos só futebol e carnaval, mas tampouco seria possível nos caracterizar como um país africano ou oriental como muitos tentam vender. Somos uma nação com problemas, mas penso que justamente num meio termo disto tudo. Este 8 ou 80 nos impede de vermos como realmente somos.

      Excluir
  4. Duas coisas:
    A literatura fantástica no Brasil foi representada sim! É só ira trás de ver o que alguns daqueles escritores escrevem.
    Luiz Ruffato foi muito pertinente em fazer aquele discurso. Dizer a verdade não é "infelicidade", é honestidade. É antes de tudo papel do artista mostrar a sua realidade para o mundo. E é a realidade de muita gente! Não podemos ser vistos somente como o "povo feliz" pelos estrangeiros. Nós uma história, e ela deve ser revelada, mesmo que nem sempre seja bonita.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Enio, concordo que não somes tão somente o "povo feliz" como se vende em alguns casos. Sou critico justamente pelo fato de ninguém conseguir ver que o Brasil é um meio termo disto tudo, nem tão péssimo como o discurso do Rufatto, nem tão maravilhoso quanto vendem nossos ufanistas; Não somos um pais europeu, mas tampouco o Paquistão. Somos o Brasil, e a mim isto basta.

      Quanto a literatura fantástica, não creio que ela estivesse representada quando em sua programação oficial acaba desconsiderando Eduardo Spohr, certamente o autor mais relevante deste gênero, e na minha humilde opinião o melhor dentre as tantas ausências reclamadas;

      Excluir
Postagem Anterior Próxima Postagem