5 Razões para não apoiar os livros

Sim, é isso mesmo, o título não está errado. Nossa, você enloqueceu? Como assim, um blog de literatura? Sim, é isso mesmo, embora curtinha nossa lista, neste post compartilhamos 5 razões para não apoiar os livros e ao fim vocês concordarão conosco, quer ver? Mas antes disso, vale ressaltar que não se quer aqui olhar para o livro com lentes capacitistas ou produtivistas, ingenuamente pensando que a leitura deve devolver algo em troca ao seu leitor. Bem pelo contrário, que existam todos os tipos que aqui criticamos, nossa problematização é justamente sobre o olhar de certa forma dominante e positivista do objeto livro, confira:

1 - Literatura e livros não são sinônimos:  Aqui começa nossa primeira questão. É fundamental que defendamos a literatura, mas isso não significa a mesma coisa que defender os livros. A literatura precede ao livro e, inclusive, pode existir sem ele (ainda que não nos agrade, pense numa tecnologia legal e prática em que compartilhamos a literatura). Poderíamos falar aí da literatura oral, dos romances e poemas partilhados pela oralidade, enfim, literatura é uma coisa, livro é outra. O livro pode conter literatura, mas nem todo livro contém literatura, e essa é uma questão relevante na nossa tese. Não que, também pensemos que só tenha de existir livros literários, há tantos livros interessantes, sejam técnicos, biográficos, reportagens, enfim. Entretanto, há também livros de toda e qualquer coisa, e isso tem lá seus problemas e é justamente a virtude democrática do objeto livro, também seu calcanhar de Aquiles que deve nos levar a tentar vê-lo sem a ingenuidade o entusiasmo extremo para pensá-lo sempre como algo bom;

2 - Nem todo livro leva ao conhecimento ou à evolução pessoal: Um dos grandes problemas da ingenuidade da defesa acrítica do livro é que geralmente fala-se apenas de seus benefícios, pior do que isso, como se bastasse um texto ser colocado dentro de um livro que esse texto - e as ideias que advogam, fosse per si, algo positivo. Bem pelo contrário, no Brasil discute-se muito, tanto o baixo número de leitores, mas pior ainda, a qualidade dessa leitura (vídeo abaixo). Uma olhada simples pelas listas de mais vendidos (pauta de muitos vídeos na internet) mostra que o que não falta é desperdício de papel, de livros de coach aos de uma religiosidade questionável e mercantil. É cada baboseira que qualquer leitor com maior letramento, assusta-se. Mesmo as ficções têm apresentado um ou outro problema de qualidade em muitos casos;

3 - Nos livros também cabem o mal: Adiante-se que não estamos advogando qualquer queima de livro, não somos desta cepa. Se um livro que expressa o mal é publicado, temos de vê-lo em sua nudez e demonstrarmos o quão perniciosa e maléfica é sua existência. Alguns exemplos neste item incomodam-me o olhar genérico de que todo livro é bom, que toda leitura importa. Pense que Hitler com seu Mein Kampf ou Ustra publicaram seus livros, livros, aliás, que são lidos e venerados por muita imundície, inclusive. Não são os únicos exemplos, mas penso que exemplos capazes de ilustrar com perfeição a cautela com qualquer abordagem ingênua do objeto livro, afinal, oras, se todo livro é uma janela para o conhecimento, se todo livro eleva o leitor, se o que importa ler, como lidar com tais exemplos. Temos de ter cuidado, no mínimo, não dá para generalizar o livro como "o objeto" a ser exaltado, a exaltação deve estar apenas sobre o seu conteúdo, a literatura é que eleva, o bom texto filosófico e científico que eleva, uma reportagem bem feita, isso é que eleva, o livro é um meio por qual podemos expressar todas essas boas coisas, mas é preciso que lembremos que o livro, "o objeto" também pode promover o mal;

4 - Há também a pobreza intelectual: O "objeto" livro em seu caráter democrático, como dissemos, se permite ocupar por tudo. Das ideias maléficas, como dissemos, às ideiais e projetos tão rasos e pobres que constituem-se mero desperdício de papel. Não raro, pior ainda, surje uma e outra febre que em seu arrabalde traz centenas de imitações, o que só amplia a existência de publicações baratas, no sentido pejorativo da palavra mesmo. Como generalizar que a leitura colabora para o conhecimento se é possível termos livros que levam seus leitores no caminho contrário (ah, entram aí os livros de coach e os Café com Deus pai da vida, os livros para pintar, aqueles que se colocam como resumo e adaptação, os que imitam descaradamente, os sem conteúdo, etc...);

5 - A irrelevância: Aqui o item mais problemático da lista, afinal, a irrelevância pode ter status alterado conforme o tempo, em ambos os caminhos, inclusive), a irrelevância também pode ser publicada em livro, e está tudo certo. Qualquer Zé das Coisas pode querer botar sua história pessoal, suas lutas vencidas que só importam mesmo ao seu eu pessoal, qualquer um pode querer registrar o histórico de um ente familiar por meio de um livro que a todo o resto não traz qualquer relevância, ou seja, nem todo livro é de interesse, como faz parecer os elogios entusiastas. Enfim, mais consumo de material sem sentido, mas esse item, refrisamos, até que não é problemático.

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