O Blog Listas Literárias leu O Conto de Y, de Piaza Merighi publicado pela Drago Editorial; neste post as 10 considerações de Douglas Eralldo sobre o livro, confira:
1 - Cheio de alternativas, ritmo envolvente e trama consistente, O Conto de Y é boa novidade da fantasia nacional, especialmente para os fãs da literatura de RPG que leva para as narrativas literárias as batalhas de um game. Pretende-se dizer com isso que a obra é exitosa no que se propõe e o autor, embora estreante, revela talento para o gênero;
2 - Pendendo especialmente para as aventuras de espada e magia, a obra então acaba reunindo em seu reino fantástico personagens arquétipos do RPG, feiticeiros, ladinos, guerreiros, e desde o princípio seu protagonista, Y, adentra num ritmo frenético de ação, e ainda que ele desconheça os problemas em que está entrando, acaba participando de momentos centrais de seu universo;
3 - Mas antes que se prossigam nossos elogios, está justamente no principal cartão de visitas da narrativa, talvez seu problema que nos chame demasiada atenção. Embora grande parte dos nomes de personagens sejam bastante satisfatórios, o do protagonista não que nos causa estranhamento, na verdade atrapalha a leitura. Nem tanto pelo fato de ser uma única representação gráfica, mas a própria letra escolhida não colabora, cobrando do leitor escolhas que facilitem a familiaridade, pois mesmo com diferentes escolhas, o resultado sonoro de Y não é atrativo. No caso desta leitura, este foi o item que mais atrapalhou o processo;
4 - Mas retirando isto, a narrativa fortemente calcada nas criaturas da mitologia ocidental, europeia, basicamente, dão vida a personagens dotados de identidade, caso do protagonista, um mercenário aventureiro que vê-se enredado em diversos acontecimentos. Sua postura, ainda que com nuances de um anti-heroísmo, encarna todas as virtudes do herói, e mesmo que nem sempre entenda o jogo que joga, acaba assumindo as virtudes de um nobre cavaleiro;
5 - Além disso, as figuras que então passam a cercá-lo caminham também na direção de soarem cheias de identidades próprias, embora todos elaborados a partir de conhecidas figuras e arquétipos da mitologia e dos jogos de RPG. Aliás, às vezes, vale dizer, o jogador de RPG sobrepõe-se ao autor, o que nos levará a encontrarmos termas e palavras mais do RPG do que da narrativa, que num romance talvez pudessem ser descritas com alternativas;
6 - Tudo isso significa então que embora curtinho, o livro é um caldeirão de necromantes, zumbis mortos-vivos, guerreiros e feitiçaria das fortes além das posições arquetípicas bem demarcadas com o herói sendo herói e os vilões atuando da forma como agem os vilões. Na obra, inclusive, os vilões são bastante interessantes;
7 - Com isso temos então uma narrativa de bastante apelo visual ao leitor, sendo que a ambientação ficcional descrita por Merighi não só é eficiente, mas também se mostra mais exitosa que muitas narrativas conhecidas de nossa fantasia nacional. Queremos dizer com isso que seu universo fantástico criado não é só convincente, mas também convidativo a que o conheçamos;
8 - Além disso outro fator importante é a literalidade que o autor consegue construir em sua narrativa, nem sempre simples, especialmente quando falamos de estreia. Seu texto além de bem construído, é dinâmico como uma mesa de RPG, de tal modo que Y seguirá por diferentes caminhos em sua jornada. Muitos deles inesperados;
9 - Podemos somar a estas virtudes ainda a capacidade de tecelagem da trama narrativa, de importante verossimilhança interna e cercado de todos os sentidos que geralmente são exigidos da feitura literária. Personagens, ação e universo convergem assim num todo coerente;
10 - Enfim, o livro é ideal para quem curte ação, aventura, espadas, ossos e magia. Imagino também que é ótima leitura para fãs das narrativas RPG. Piaza Merighi estreia com qualidade na fantasia nacional, e de forma humilde e simples entrega-nos uma narrativa eficiente aos seus propósitos e com bastante atrativos.
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