10 Considerações sobre Os Seis Finalistas, de Alexandra Monir, ou sobre novas aventuras no espaço

O Blog Listas Literárias leu Os Seis Finalistas, de Alexandra Monir, publicado pela editora Jangada; neste post as 10 considerações de Douglas Eralldo sobre o livro, confira:

1 - Descontando a questão da verossimilhança, talvez afetada, Os Seis Finalistas é uma jornada juvenil que estabelece uma nova aventura pelo espaço, claro, evocando mais uma vez esta como a necessidade de salvação da própria espécie, algo bastante presente recentemente com a observação contínua da degradação que temos imposto ao planeta, e as consequências naturais destes dilemas terráqueos. Todavia é este romance o prelúdio para uma série que deve ampliar-se, visto os mistérios envolvidos no projeto Europa, cuja intenção é povoar uma das luas de Júpiter;

2 - Todavia, adentremos antes o que falei a respeito da verossimilhança, na verdade nada muito grave, especialmente porque está ligada às concessões do auto à ficção cientifica, já que o romance dá-se a partir da pré-seleção de jovens que serão enviados para o espaço. Esse ponto de partida, claro, muito mais ligado à característica do gênero e a espécie de reality shows que estruturam as aventuras juvenis recentes, estabelecendo uma competição inicial entre vinte e quatro jovens, dos quais resultarão seis finalistas que serão enviados para Europa. Mais realisticamente a Nasa certamente organizaria entre seus estudantes ou futuros profissionais tal missão, e não pela escolha (ainda que com certas justificativas) de jovens dotados de características peculiares, mas sem o treinamento devido, mesmo diante da emergência presente. Mas este é um detalhe, claro, que talvez os leitores mais sisudos cobrarão;

3 - Feito o destaque, a obra passa-se num futuro bem próximo, quando a Terra ao melhor estilo 2012 está devastada por inundações que precipitam o projeto Europa cuja intenção é salvar a espécie humana colonizando outro ponto do espaço. Este é o cenário em que os jovens são recrutados, vinte quatro ao total, mas que a grande maioria a não ser o nome, quase nada saberemos, pois a autora privilegia seus protagonistas e antagonistas e o núcleo bastante reduzido ao centro da ação;

4 - Além disso, teremos o fato de que toda a ação é tocada pelos segredos, na verdade, pelo desconhecimento geral do que se trata e de todos os riscos e objetivos existentes no projeto, pois aos participantes as informações são básicas e suas rotinas dão-se em alguns exercícios físicos, técnicos e psicológicos, e tudo isso num curto espaço de tempo. Somado a isso, como a narrativa se dá justamente pela voz de dois participantes, ao próprio leitor as informações serão restritas e impregnadas pelas questões pessoais de Naomi e Leo;

5 - Ela, uma das duas representações americanas, é das poucas entre os integrantes que têm mais motivos para ficar que ir, pois nesse planeta devastado, ela ainda possui sua família, tendo ainda um grande compromisso para com o irmão, o que a torna a mais reticente com a pré-seleção. Será ela, ademais, a voz crítica e questionadora de tudo aquilo que está ocorrendo, especialmente pela desconfiança criada com os rumores que correm na rede acerca do projeto;

6 - Por sua vez, Leo, garoto italiano que perdera toda a família encarnará quase o oposto de Naomi, e o espaço dá-lhe justamente algum sentido em continuar vivendo, pois sem mais ninguém, ir à Europa é como uma segunda chance. Há nele o perfil típico de personagem másculo, o que não deixa de ser um ponto a se criticar certo determinismo, que alia-se a perfil mais nacionalista entre os presentes, pois com certa ingenuidade, sem qualquer reflexão, adere ao projeto como forma de dar orgulho ao seu país;

7 - Esses são alguns dos laços elementais dessa narrativa, todavia cumpre dizer que este volume pela característica de prelúdio soa mais como uma apresentação do que está por vir, já que aqui não se busca aprofundar mais nas questões envolvendo personagens e obra, mas sim instigando o leitor nos mistérios e nas promessas que estão por acontecer, bem como pelas descobertas que ficaremos no aguardo de sua sequência;

8 - Assim, o livro ganha seu tom de Academia, formando os personagens para toda uma história que está por acontecer, apresentando-nos mesmo que superficialmente os atores de uma trama em formação, de modo que alguns caráteres e alguns confrontos vão estabelecendo-se junto a pequenas descobertas que movimentam a parte final da trama;

9 - Temos, portanto, durante a preparação para a verdadeira jornada, uma ação ou outra que delineia os antagonismos futuros e dá e eleva o tom gradualmente até nos entregar uma parte final com reviravoltas agradáveis e que revelam uma sequência até com mais possibilidades que essa jornada inicial, já que é ao final da obra que acendem-se o fósforo e esquenta as coisas;

10 - Enfim, após séries de distopias em que os jovens tinha de lutar por aqui mesmo, Os Seis Finalistas tira-os da Terra para enviá-los aos espaço, ou melhor, prepara-os para a jornada que está por começar, ainda que sejam os conflitos e as intrigas terrenas que conduzirão toda a trama, e que ao que tudo indica levarão para o espaços os mesmos problemas daqui. Além disso, o livro trata-se de uma promessa, especialmente com seus eventos finais, que subvertem a morosidade e leveza de todo o resto, para enfim colocar em movimento as "rodas" da aventura.


 

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