7 Considerações sobre O que move as paixões, de Clóvis de Barros Filho e Luiz Felipe Pondé

O Blog Listas Literárias leu O que move as paixões, de Clóvis de Barros Filho e Luiz Felipe Pondé publicado pela editora Papyrus - 7 Mares; confira neste post as 7 considerações de Douglas Eralldo sobre o livro:

1 - O que move as paixões é uma publicação bastante sucinta, poucas páginas em que se imprimem pelas letras o diálogo que os dois filósofos autores travam na tentativa de refletir sobre os relacionamentos e as paixões, de um modo casual e descompromissado, ainda que não abram mão de em suas falas incluir suas respectivas erudições de modo que constantemente há um jogo entre a simplificação do debate pela imersão em pretensas colocações populares e a complexidade filosófica trazida por suas citações e referências;

2 - Em síntese o livro é bem isso: uma conversa entre filósofos. Às vezes, inclusive, soa como se ambos estivessem num centro, enquanto todo o resto do mundo lhes orbita no que tange os relacionamentos, os afetos e o amor, questões que vão sendo colocadas numa construção de pensamento sequencial em que ambos já estão decididos e com suas escolhas formadas, ainda que se tente transparecer uma construção reflexiva do momento;

3 - Nessa toada - conversa - os dois então pelos oito pequenos capítulos que compõe a publicação problematizarão os sentimentos à luz da filosofia, inicialmente resgatando alguns pensamentos que confrontarão com suas próprias convicções, e, em alguns momentos partindo dos pressupostos de suas próprias experiencias pessoais, o que de algum modo pode limitar a discussão, visto que eles mesmos criticam determinados filósofos "pelo desconhecer o amor" como fruto de seus problemas de leitura e pensamento, enquanto, partem de algo semelhante para afirmarem algo sobre si mesmos, que teoricamente, por suas experiências pessoais lhes conferiria melhor capacidade de argumentação;

4 - Além disso, o fato já falado do jogo entre a complexidade filosófica e a simplicidade dos exemplos atuais e até mesmo certa arrogância na tentativa de aproximar-se do popular coloca a publicação numa espécie de limbo, pois não lembra-nos um trabalho de filosofia, mas tampouco alcança a pretendida simplicidade, de modo que ambos falam um bocado das paixões, a observam pelos olhos de tantos outros pensadores e mesmo não deixam de colocar suas convicções e pensamentos, ainda assim nubla a questão essencial que seria o que desejavam de fato terem dito;

5 - Ademais, e isto especialmente pelas falas do Pondé, parece servir como mais uma oportunidade dele expressar seu ranço com a esquerda, visto que até mesmo ao falar das paixões e dos afetos ele necessita trazer para baila algo que está quase tornando-se uma paranoia, e que no caso desta conversa, soou-me desnecessária para o contexto;

6 - Do mesmo modo, a fragilidade quando o diálogo procura popularizar-se pareceu-me ainda mais evidente no último capítulo do livro, quando os dois debatem sobre os afetos nestes tempos de redes sociais. A discussão ali tornou-se ainda mais superficial diante toda a complexidade deste novo mundo de possibilidades e problemas surgidos com as relações na época de redes sociais, de modo que parece que nem de perto a discussão chega em seu cerne e dá conta de pelo menos principiar o debate neste sentido;

7 - Enfim, O que move as paixões pode ser a entrada para um debate sobre os afetos, ainda que um tanto contaminado com certos preconceitos e convicções discutíveis. Todavia traz alguns elementos que para início de conversa poderá trazer ao leitor alguns olhares sobre os afetos à luz do pensamento filosófico, construindo uma base a ser aprofundada para melhor apreensão do debate.



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